The book is on the table: o Baseball (Pt 4)

Tempo de leitura: 8 minutos
Antes de começar, pra você que ainda não viu, segue o link para a terceira parte do “the book is on the table” falando sobre o Baseball!

Nessa série “the book” já falamos sobre como é disputada uma temporada da MLB; abordamos as tão temidas e importantes estatísticas do baseball. Na última semana explicamos sobre como são construídos os times, as posições, algumas mudanças na regra de constituição dos elencos e a configuração do lineup.

No texto de hoje, vamos detalhar um dos pontos mais interessantes e ao mesmo tempo um dos mais difíceis de ser perfeitamente percebido: os tipos de arremessos.

Um lembrete de como não se deve arremessar.
Esse aqui, não é arremessador, é só para lembrar como não se deve arremessar! Rapper 50 Cent faz um dos piores arremessos da história do beisebol antes de jogo da MLB.
Fonte: Associated Press/AP

Ó, dúvida cruel

Todos aqui somos fãs de baseball. Claro! Assistimos jogos na TV. Boa parte da redação já viu jogos in loco. Mas, ó, dúvida cruel, ainda penamos (sim, nós também) quando o assunto é a identificação dos diferentes arremessos. Tudo bem, uma bola rápida ou uma curva são fáceis de ver. Mas o que é exatamente uma circle changeup?

Bom, é pra isso que estamos aqui, então, vamos trabalhar nesse texto com os três arremessos mais comuns e suas variações: fastballs, breaking balls e changeups.

Variações do mesmo tema sem sair do tom

Temos três tipos de arremessos, mas não se engane; dentro de cada um deles há variações que exigem do fã atenção, muita atenção para conseguir identificá-las.

Sendo assim, trataremos dos seguintes “tons” dos arremessos:

  • Fastballs (bolas rápidas): four-seam (4-costuras), two-seam (2-costuras), cutter e splitter.
  • Breaking balls: curveball, eephus e slider.
  • Changeups: changeup e circle changeup.

Por fim, e não menos importante, vamos falar mais detalhadamente da knuckleball.

Identificando os arremessos

Ok, ok! São muitos tipos (e olha que nem estamos falando de todos), muita coisa para registrar na caixola (só a cabeça do Henriquetta, aquela caixa d’água, pra caber tudo). Mas tudo bem, calma! Calma! Respira! Antes de queimar a largada e jogar tudo para cima é preciso saber que os arremessadores (pitchers) lançam apenas um conjunto limitado de variações de arremessos.

Alguns são muito bons nas bolas rápidas, outros nas bolas de curva. Assim, os caras geralmente têm um arsenal de 3 ou 4 arremessos que eles variam dentro do jogo.

Baseball é um esporte de muito estudo. Então é sempre bom conhecer um pouco mais sobre os arremessadores, suas especialidades, suas estatísticas etc.

Fique atento

Basicamente você deve ficar atento a três fatores em um arremesso:

  • Velocidade.
  • Movimento (direção em que a bola se move).
  • Break ou “quebrada” (mudança repentina de direção).

A pegada ou “grip” é outro fator interessante, mas muito pouco perceptível, mesmo durante jogos transmitidos pela TV. Entretanto, se você quiser jogar aquela “pelada” de fim de semana pelos ballparks desse Brasil, é importante saber como segurar a bolinha para fazer os arremessos.

Fastballs

As bolas rápidas são arremessos que podem ultrapassar as 100mph (160km/h).

Four-seam (4-costuras)

O grip do arremesso.
O “grip”, a pegada para uma four-seam.
Fonte: Site The Complete Pitcher

As four-seam, são lançamento retos, com pouco ou nenhum movimento. Apenas como curiosidade, no beisebol nacional há jogadores que chamam a bola rápida de “reta”. A velocidade de uma four-seam varia de 85-100mph (ou mais até).

Jacob DeGrom (Mets), Aroldis Chapman (Yankees) e Justin Verlander (trAShTROS) são ótimos arremessadores de 4-seam fastaball.

Two-seam (2-costuras)

O grip do arremesso.
O “grip”, a pegada para uma two-seam.
Fonte: Site The Complete Pitcher

A two-seam também é conhecida como “sinker”. O movimento descendente prolongado é característico do arremesso que, em alguns casos, se move na direção do rebatedor destro. Uma bola rápida de duas costuras tem velocidades entre 80-90mph.

Masahiro Tanaka (Yankees) e Marcus Stroman (Mets) têm belíssimos sinkers.

Cutter

Grip do Cutter.
O “grip”, a pegada para um cutter.
Fonte: Site Baseball Pitching Tips

O “cutter” é um arremesso com movimento rápido de “quebra” lateral quando a bola se aproxima do “plate”. O lançamento é uma espécie de mistura entre o slider e a bola rápida. Mais rápido que um slider e com mais movimento do que uma fastball. A velocidade de um cutter varia entre 85-95mph.

Bons arremessadores de “cutter” atualmente são Kenley Jansen (Dodgers) e Jon Lester (Cubs). Mariano Rivera, histórico “closer” do Yankees, tinha um dos mais impressionantes cutter do Baseball.

Splitter

Grip do splitter.
O “grip”, a pegada para um splitter.
Fonte: Site The Complete Pitcher

Por fim, temos o splitter, que tem por função ajudar as Tartarugas Ninjas… ops, esse é outro, me confundi; seguindo, esse arremesso tem como característica principal uma queda repentina da bola quando ela chega ao plate. Um arremesso mais lento que atinge entre 80-90mph.

Arremessadores de splitter na MLB que se destacam são Masahiro Tanaka (Yankees) e Walker Buehler (Dodgers).

Breaking balls

As breaking balls são arremessos tipicamente com baixa velocidade e muito movimento.

Curveball

O grip do jovem.
O “grip”, a pegada para uma curveball, mais utilizada por jovens arremessadores.
Fonte: Site The Complete Pitcher
O grip do profissional.
O “grip”, a pegada para uma curveball, provavelmente o que mais verá numa MLB.
Fonte: Site The Complete Pitcher

Você se lembra do que falamos sobre movimento, velocidade e “quebrada”? Então, basicamente são com as curveballs que o “break” é mais perceptível. Os arremessos ficam na casa de 70-80mph. O movimento 12-6 (se refere à posição dos ponteiros do relógio) é o que mais chama a atenção.

Clayton Kershaw, atualmente, e Sandy Koufax, historicamente, ambos dos Dodgers, são reconhecidos como exímios arremessadores de bolas de curva. Aproveite enquanto ainda pode ver Kershaw arremessando um bola de curva, é mais belo que um quadro de Monet!

Eephus

O grip da eephus.
O “grip”, a pegada para uma eephus.
Fonte: Site Majorsports.blog

Poucos são os pitchers que ainda fazem esse, raro, arremesso. A eephus é conhecida por sua baixíssima velocidade (os arremessos não passam de 55mph) e a habilidade de deixar os rebatedores sem pai nem mãe!

Ainda é possível ver Yu Darvish (Cubs) e Clayton Kershaw arriscando algumas eephus por aí…

Slider

O grip de um slider.
O “grip”, a pegada para um slider.
Fonte: Site The Complete Pitcher

O arremesso de slider é uma bola que corta para baixo saindo do rebatedor (destro, no caso). É um lançamento entre a fastball e a bola de curva. As bolinhas de slider viajam a velocidades entre 80-90mph.

Patrick Corbin (Nationals), Corey Kluber (Rangers) e o closer Brad Hand (Indians) são arremessadores a serem observados nesse arremesso.

Changeups

Os changeups existem desde que o Baseball é Baseball. No início da história do esporte os changeups eram considerados arremessos desleais e traiçoeiros.

Changeup

O grip de um changeup de três dedos.
O “grip”, a pegada para um changeup de três dedos.
Fonte: Site The Complete Pitcher

O que engana no changeup é o fato de o movimento de braço do arremessador ser o mesmo para as fastballs, porém com uma velocidade bem menor (70-85mph) e com uma quebrada prolongada para a parte de baixo da zona de strike.

Reconhecidos bons pitchers de changeups são Kyle Hendricks (Cubs) e Zack Greinke (trAShTROS).

Circle Changeup

O grip de um circle changeup.
O “grip”, a pegada para um circle changeup.
Fonte: Site The Complete Pitcher

Não são muitos os arremessadores de circle changeups (Cole Hamels, dos Braves, e Marco Estrada, dos A’s). O movimento 1-7 (mais uma vez usamos os ponteiros do relógio para “desenhar” a trajetória da bolinha) é o ponto crucial para perceber o arremesso. Os circle changeups ficam entre 70-80mph.

https://www.youtube.com/watch?v=JBu81XTzH8M

Knuckleball

O grip de uma knuckleball.
O “grip”, a pegada para uma knuckleball.
Fonte: Site Knuckleball Nation

Um knuckleball é um arremesso muito raro (quase em extinção hoje em dia), e os arremessadores que o lançam durante os jogos tendem a usá-lo quase que exclusivamente. A knuckleball elimina quase todo o “spin” (giro) da bola, fazendo com que ela vibre (a bolinha praticamente treme) imprevisivelmente a caminho do plate.

Embora as knuckleballs cheguem ao plate a uma velocidade muito menor do que a média, eles estão entre os arremessos mais difíceis de serem rebatidos justamente pela irregularidade de seu movimento. Não só rebatedores passam maus bocados para encontrar uma knuckleball. Mas os catchers também (a sintonia entre pitcher e catcher tem que ser fina). Além disso, o arremesso é tão louco que os próprios umpires (árbitros), em alguns casos, não conseguem identificar exatamente se a bolinha entrou na zona de strike e acontece de não chamarem o “strike”.

A desvantagem óbvia do knuckleball é que, se ele não estiver “tremendo” acintosamente, é muito fácil acertar a rebatida por conta da baixa velocidade do arremesso (60-75mph).

Como dissemos, a knuckleball está quase extinta e há apenas um arremessador que se arrisca a fazê-lo hoje na MLB: Steven Wright, ex-Boston Red Sox (atualmente um free agent). Caso estejam interessados em saber um pouco mais sobre esse arremesso, assistam ao documentário Knuckleball! , um 30 for 30 da ESPN.

Caixa de ferramentas

Caríssimo fã neófito (os antigões também) do baseball, agora você tem boas ferramentas para começar a acompanhar os jogos da MLB. Vamos seguir daqui contribuindo para fazer com que sua experiência seja cada vez mais rica.

Ah, quer se divertir assistindo vídeos dos melhores arremessos? Siga no Twitter o perfil @PitchingNinja (Rob Friedman). Temos certeza de que vocês vão gostar. Na semana que vem teremos mais uma parte desse “the book” e falaremos de mais alguns termos usados no Baseball.

https://www.youtube.com/watch?v=nVrpGNiXKbw

Índice

Parte 1 – Competição
Parte 2 – Estatísticas
Parte 3 – Posições
Parte 4 – Arremessos
Parte 5 – Explicações gerais

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