The book is on the table: o Baseball (Pt 3)

Tempo de leitura: 11 minutos
Antes de começar, pra você que ainda não viu, segue o link para a segunda parte do “the book is on the table” falando sobre o Baseball!

Depois de explicar o formato da temporada do Baseball americano e passar diversas estatísticas importantes para que você acompanhar aos jogos; finalmente chegamos nas principais figuras, que tornam esse jogo simplesmente fantástico, totalmente sedutor: os jogadores. Nove senhores (aqui é bom fazer um parênteses, já que no caso da Liga Americana o lineup tem 10 jogadores, por causa do DH, falaremos mais abaixo); entram em campo para nos dar boas horas de pura magia, então é de bom agrado saber o que cada um faz lá.

Mais do que isso, não só como um bônus, mas também para você conseguir entrar de cabeça no esporte; queremos mostrar como é feita a montagem de um lineup. Ou seja, apresentar para o querido amigo tailgater, o que cada técnico tem como base para criar a ordem de rebatedores para uma partida. Lembrando, essa é apenas uma base, os técnicos podem muito bem nos surpreender e também surpreender os adversários.

O elenco

Bom, vamos começar pelo começo, certo? O primeiro que precisamos saber é sobre o elenco de uma franquia, ou então, o roster. A partir da temporada de 2020, o elenco ativo de uma franquia terá no máximo 26 jogadores, enquanto o elenco expandido, 40 jogadores. Nas temporadas anteriores, desde 2012, a MLB já permiti elencos de 26 jogadores, porém apenas em doubleheaders, ou seja, em caso de dois jogos no mesmo dia.

Dentro desse elenco ativo de uma franquia da MLB, normalmente ele será composto por cinco arremessadores titulares (starting pitchers), sete arremessadores de bullpen (relief pitchers), dois cacthers, seis jogadores de campo interno (infielders) e cinco jogadores de campo externo (outfielders). Claro que essa montagem de elenco pode variar de franquia para franquia, de acordo com a preferência do técnico ou a estratégia traçada por ele. No entanto, geralmente é isso mesmo.

Ao longo dos anos essa composição também foi alterada; antigamente, lá na década de 70, as rotações titulares, contavam com apenas quatro starting pitchers, e não cinco; os catchers também eram mais revesados, então normalmente as franquias carregavam três deles no seu elenco. Quanto a composição do elenco, também é bom dizer, que no caso da Liga Americana, em que existe o rebatedor designado (DH), ele costuma ser definido como um outfielder ou um infielder.

O elenco expandido

E já que falamos do elenco expandido, o elenco de 40 homens, vamos explicá-la também. Ela é composta por todos os jogadores da franquia que assinaram contrato com o time da liga principal, ou seja, a MLB. Esse limite de 40 jogadores existe desde 1921 e só não foi efetivo durante os anos de 1945 e 1946 e depois entre 1962 e 1965.

Na primeira época citada, o aumento ocorreu pelo motivo da Segunda Grande Guerra. A liga resolveu subir para 48 jogadores com o intuito de acomodar veteranos que retornavam do serviço militar. Já durante a segunda época citada, o aumento foi de apenas um jogador, deixando assim 41, quando foi colocado um reserva para jogadores que estavam em seu primeiro ano de contrato. Isso aconteceu antes de ser existir o Draft da liga.

Esse elenco expandido inclui jogadores que podem ser chamados para o time principal a qualquer momento. Além deles, também fazem parte da lista, aqueles jogadores que estão na lista de jogadores lesionados de 10 dias (a 10-days injured list, que antigamente era chamada de disabled list… acho que melhorou bastante esse nome); bem como aqueles jogadores que assinaram contrato com a liga principal, mas que estão como uma opção para serem enviados para as ligas menores.

No caso das lesões, se um jogador mudar da 10-days injured list para a 60-day injured list, ele deixa de fazer parte do elenco de 40 jogadores até que tenha acabado o seu tempo de recuperação. O mesmo é válido para os jogadores que foram suspensos da liga por alguma conduta inadequada.

As mudanças para 2020

Para a temporada de 2020, algumas alterações foram feitas. Como dito mais acima, o elenco ativo subiu para 26 jogadores nesse ano, no entanto, quando entrarmos no dia 1 de setembro, o elenco ativo pode carregar 28 jogadores, com o limite de 14 pitchers no elenco. Outra regra que foi alterada para esse ano é referente a “jogadores de posição” (infielders e outfielders) arremessarem durante as partidas.

No começo da temporada, as franquias devem informar a liga o que cada jogador é, “jogadores de posição” ou “arremessadores”. Essa definição não poderá ser alterada durante toda a temporada e apenas os jogadores que forem definidos como “arremessadores” poderão arremessar em qualquer que seja o jogo da temporada regular ou da pós-temporada.

Claro que existem algumas exceções, que são: 

  • Caso a equipe esteja na frente do placar por pelo menos sete corridas, um jogador de posição pode entrar para arremessar;
  • Ou então, caso o jogo vá para entradas extras, um jogador de posição pode arremessar;
  • E por fim, caso o arremessador tenha o status de “two-way player
    • Para ser considerado um “two-way player” será necessário completar dois quesitos:
      • Ter arremessado por pelo menos 20 entradas na MLB;
      • Ter jogado pelo menos 20 jogos na MLB como jogador de posição ou rebatedor designado e pelo menos três aparições no bastão em cada um dos 20 jogos.

Somente para a temporada desse ano, serão aceitas as estatísticas de 2018 e 2019, para que o jogador ganhe esse status de “two-way player“. Isso ajudará, por exemplo, o Baby Ruth do Japão, Shohei Ohtani; que não jogou durante a temporada de 2019, pois estava se recuperando da cirurgia de Tommy John, a ser considerado um “two-way player” já em 2020, por ter conseguido esses números em 2018.

Posições

Um exemplo do campo de Baseball com os jogadores.
Ilustrando um campo de Baseball, com os jogadores.
Fonte: Imgur

Pronto, enfim chegamos as posições, afinal, uma vez que já sabemos como funciona um elenco da MLB, vamos explicar brevemente cada atribuição que um jogador tem. A primeira coisa que precisa ser dita, e que a comparação pode ajudar; no Baseball, a função de cada jogador é semelhante a de um jogador de futebol na era moderna, tem que defender e também tem que atacar.

Os jogadores atuarão por um turno de defesa e um turno de ataque. No turno de ataque o jogador irá ao bastão e tentará rebater as bolinhas lançadas pelo arremessador. Já no turno de defesa, eles devem evitar que aconteça as rebatidas e mais do que isso, evitar que os jogadores do time adversário avancem as bases, completando uma corrida.

Abaixo, veremos uma breve explicação de cada posição existente no turno de defesa e em seguida, veremos como é montado o lineup de rebatedores.

P, Pitcher, Arremessador

Esse jogador é o que fica na parte mais alto do campo, lá no montinho central, arremessando bolas em direção ao home plate, tentando eliminar o rebatedor adversário.

No centro do campo de Baseball, no montinho, MadBum.
Madison Bumgarner no montinho, ainda pelo San Francisco Giants.
Fonte: Luis Sinco / Los Angeles Times / TNS
C, Catcher, Receptor

Parceiro do arremessador, o catcher é o jogador que além de passar sinais ao arremessador (para assim evitar rebatidas), ele tem função de recepcionar as bolinhas lançadas pelo arremessador.

J.T. Realmuto com sua endumentária, pronto para jogo.
J.T. Realmuto, catcher do Phillies e talvez, o melhor catcher da liga em 2019.
Fonte: Yong Kim / Staff Photographer
1B, First Baseman, Primeira Base

O Primeira Base é o primeiro cara do campo interno (infield), ele é o jogador que tem a missão de defender todo o lado direito do infield e realizar as eliminações de corredores que tentem chegar tanto na primeira base, como na segunda base.

Uma eliminação na primeira base.
Max Muncy, na primeira base, prontinho para eliminar Hernán Pérez, do Brewers.
Fonte: Robert Hanashiro / USA TODAY Sports
2B, Second Baseman, Segunda Base

O Segunda Base é o segundo cara do campo interno (infield), ele é o jogador que tem missão de defender do centro até a direita do infield. Ele será responsável por eliminar corredores na segunda-base.

É cada jogada plástica que você vê nas defesas de um time de Baseball!
Gleyber Torres, segunda base do Yankees, se esticando todo para “fazer a defesa”.
Fonte: Site 12up
SS, Shortstop, Interbases

O Shortstop é o terceiro cara do campo interno (infield), ele é o jogador que tem missão de defender do centro até a esquerda do infield. O Shortstop geralmente é capaz de eliminar corredores em qualquer uma das bases.

Esse rapaz da foto é bom na defesa e no ataque! Meu time de fantasy agradece.
Francisco Lindor, Shortstop do Indians, um dos melhores da liga.
Fonte: Site Cleveland Sports Talk
3B, Third Baseman, Terceira Base

O Terceira Base é o terceiro cara do campo interno (infield), ele é o jogador que tem missão de defender todo o campo esquerdo do infield. O Terceira Base geralmente é responsável por eliminar corredores na primeira base e na terceira base.

Nolan Arenado provavelmente é o melhor jogador do Rockies.
Nolan Arenado, terceira base do Colorado Rockies.
Fonte: David Zalubowski / AP Photo
RF, Right Fielder, Jardineiro Direito

O Right Fielder é o jogador responsável por cuidar de todo o lado direito do campo externo (outfield).

Esse garoto é uma máquina de HR e também sabe fazer suas defesas.
Christian Yelich, right fielder do Milwaukee Brewers.
Fonte: Pinterest
CF, Center Fielder, Jardineiro Central

O Center Fielder é o jogador responsável por cuidar de todo o centro do campo externo (outfield).

O melhor jogador de Baseball da atualidade.
Mike Trout, por enquanto, a estrela solitária do Los Angeles Angels of Anaheim.
Fonte: Mark J. Terrill / AP Photo
LF, Left Fielder, Jardineiro Esquerdo

O Left Fielder é o jogador responsável por cuidar de todo o lado esquerdo do campo externo (outfield).

Se Trout é a estrela da liga no momento, Acuña é uma das estrelas em ascensão.
Ronald Acuña Jr, left fielder do Atlanta Braves, buscando a bolinha.
Fonte: Site da MLB

Lineup

Passado o turno de defesa, os jogadores começam a pensar em atacar, a chave muda de defender bolinhas, para atacar bolinhas. Como já mencionamos na primeira parte dessa epopeia, no caso da Liga Nacional, os pitchers também vão ao bastão, já na Liga Americana, os pitchers descansam e entra o rebatedor designado (DH).

Entretanto, independente disso, antes do jogo começar, os técnicos buscam a melhor estratégia para o seu ataque, ou seja, a ordem de rebatedores e também analisam as melhores opções baseando-se no arremessador adversário ser destro ou canhoto. Essa ordem de rebatedores, não pode ser alterada durante o jogo, ou seja, se houver substituição, o jogador que entrar, estará na mesma posição do lineup do jogador que saiu.

Bom, como comentei mais pra cima, o primeiro a ser considerado é se o arremessador é destro ou canhoto. Se ele for canhoto, um rebatedor destro será a melhor opção do técnico, agora, se o arremessador for destro, a opção será um rebatedor canhoto. Logicamente que não tem como colocar apenas rebatedores seguindo isso, mas a preferência existirá.

Feito isso, caminhamos para a estratégia que existe na cabeça dos técnicos para montar o lineup. Geralmente eles seguirão da forma como mencionaremos a seguir.

O lineup, ou então, batting order do Chicago Cubs para uma partida em casa.
Lineup do Chicago Cubs.
Fonte: Twitter do Chicago Cubs
Posição 1

Na primeira posição do lineup, temos o que é chamado de rebatedor de leadoff. Ou seja, o técnico geralmente escolhe para a primeira posição o seu jogador que tenha mais velocidade e que tenha um bom aproveitamento no bastão, mas também uma boa média de alcançar bases. Geralmente esses jogadores também são bons ladrões de base.

Posição 2

Na segunda posição do lineup, é escolhido o jogador que mais consegue criar contato com a bolinha, não importando muito se a rebatida deixe ele em base; a proposta desse jogador é conseguir avançar o rebatedor de leadoff.

Posição 3

Na terceira posição do lineup, vem o jogador que é conhecido por three-hole; esse jogador normalmente é o mais completo da equipe. Os técnicos escolhem o jogador que terá mais probabilidade de alcançar as bases. Esse rebatedor também tem como missão, manter a entrada viva, no caso dos outros dois rebatedores já terem sido eliminados, ou então, até impulsionar algum corredor que já esteja em base.

Posição 4

Na quarta posição do lineup temos, como diria Rômulo Mendonças, os facínoras! Chamados de rebatedores de cleanup, o nome já deixa bem claro. Esse jogador será o melhor rebatedor do time, que tenha ótima média de rebatidas multi bases. A missão dele é limpar as bases, gerando as corridas para o time. 

Posição 5

Na quinta posição do lineup vem o rebatedor que tenha um bom potencial. Geralmente esse jogador gera desconforto no arremessador, muitas vezes conseguindo forçar um walk. Além da missão óbvia de chegar em base, esse jogador também “protegerá” o rebatedor de cleanup caso ele tenha chego em base.

Posição 6

Na sexta posição do lineup, teremos um rebatedor semelhante ao da posição dois. Ou seja, o jogador que consegue gerar bons contatos com a bolinha, impulsionando os corredores que já estão em base.

Posição 7

Agora começamos com os rebatedores de menor potencial no lineup. Geralmente é isso mesmo, a não ser que você seja o Yankees de 2019, que do “1 ao 9” rebatia tudo, até a mãe! Enfim, na sétima posição do lineup temos um rebatedor com pouco potencial no bastão, mas importante na defesa. No entanto, ele também pode funcionar como um rebatedor da sexta posição, impulsionando mais ainda os corredores que já estão em base.

Posição 8

Na oitava posição do lineup, segue o que foi dito na posição anterior, um rebatedor sem muito potencial no bastão, mas que normalmente temos visto como um jogador que é capaz de chegar em bases através de um walk. Nessa posição também podemos ver jogadores que não sejam muito velozes.

Posição 9

Por fim, chegamos na nona posição do lineup. Como alertado lá pra cima, essa posição depende um pouco se estamos falando da Liga Americana ou da Liga Nacional. Na primeira (Liga Americana), normalmente será escolhido um rebatedor semelhante ao de leadoff. Já na segunda (Liga Nacional), aqui será a posição do arremessador, que normalmente não tem boas rebatidas, mas caso saiba, casos de Noah Syndergaard, Zack Greinke ou Madison Bumgarner, pode ser um diferencial para o time.

O que vem por aí

Vocês podem ver que não é tão difícil entender o Baseball. Já estamos no terceiro “episódio” e as coisas estão ficando mais claras não? Na semana que vem traremos os estilos de arremessos que existem. Serão explicados os mais comuns, para que você consiga perceber cada um durante uma transmissão. Então fica com “nóis” que você não vai se arrepender. Baseball é emoção pura!

Índice

Parte 1 – Competição
Parte 2 – Estatísticas
Parte 3 – Posições
Parte 4 – Arremessos
Parte 5 – Explicações gerais

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