De carreira foram 20 anos. A aposentadoria, o último jogo, foi há exatos 4 anos. Um trágico acidente interrompeu sua jornada pós NBA, a jornada rumo a WNBA de sua filha Gigi e os sonhos de outros amigos, que estavam naquele helicóptero rumo a um jogo de basquete colegial, no triste dia 26 de janeiro de 2020. A certeza que fica, seja você amante ou não de esportes, e do basquete, mais especificamente, é a de que Kobe Bryant é eterno.
Infância europeia, a volta e Lower Merion
Depois de uma infância passada na Europa, pois seu pai jogava basquete na Itália, Kobe voltou aos EUA em 1991. Nesse período no Velho Mundo o menino Kobe Bryant construiu uma admiração profunda pelo ídolo do basquete brasileiro Oscar Schmidt, o Mão Santa, que era adversário de seu pai no campeonato italiano.
Já na terra do Tio Sam, Lower Merion, na Filadélfia, foi sua escola e seu time. Dono de um talento “ridículo” e com tamanho destaque no high school, Kobe Bryant saltou dos bancos da escola direto para a NBA. Não foi preciso pisar em nenhuma quadra da NCAA, para ser notado pelo basquete profissional. A decisão foi puramente sua, mas mesmo assim, KB24 declarou que se tivesse tentado ir a alguma faculdade, a Universidade de Duke seria sua preferida.
Draft, Charlotte e Los Angeles
No Draft de 1996 ele foi a 13ª escolha. O Charlotte Hornets o havia selecionado. Mas o jovem de apenas 17 anos já demonstrava uma personalidade marcante e fazia suas exigências. O que por muitos era tido como a arrogância de um mero garoto, talvez fosse apenas um vislumbre do quão obstinado e competidor aquele garoto seria. Kobe queria jogar no Los Angeles Lakers.

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Foi então que 15 dias depois de ser selecionado no draft, Kobe Bryant era trocado para o time dos seus sonhos. O pivô iugoslavo/sérvio, Vlad Divac, ídolo dos Lakers de 1989-1996, foi o jogador cedido na troca. O tamanho de Vlad para LA mostra a expectativa que todos tinham sobre o jovem Kobe Bryant.
Na NBA: primeiros movimentos
A vida na NBA começa em meados de outubro, mas foi apenas em novembro de 1996, que uma parte da história dessa liga começou a ser escrita; ou então, observando a “arrogância” do garoto, seria melhor dizer que a história da NBA começou a ser recontada? Enfim, aos 18 anos e 72 dias Kobe Bryant era, então, o jogador mais novo a atuar na NBA. Nos 6 minutos em que jogou, vindo do banco, Kobe pegou um rebote, deu um toco e não pontuou.
No entanto, lendas sempre pedem grandes palcos. Então, jogando no Madison Square Garden, o templo do basquete, ele anotou seu primeiro ponto. O único nos três minutos de ação em quadra. O jogo contra os Raptors, no dia 5 de novembro de 1996, o 4º de sua carreira, seria aquele em que ele marcaria uma pontuação de dois dígitos: 10 pontos. Em sua temporada de rookie, Kobe registrou médias de 7.6 pontos, 0.3 tocos, 1.3 assistências e 1.9 rebote.
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20 anos de carreira
Foram 20 anos de NBA. Todos eles atuando pela equipe purple and gold de Los Angeles. Duas grandes parcerias durante esse tempo foram profundamente bem-sucedidas. A primeira, com o mais dominante dos pivôs da história do basquete, Shaquille O’Neal, rendeu os primeiros 3 anéis de campeão (1999/2000, 2000/2001 e 2001/2002). Mas também,rendeu muita conversa de que, sem Shaq, o menino “não era nada”!
Com o ala/pivô espanhol, Pau Gasol, vieram mais 2 títulos de NBA (2008/2009 e 2009/2010) e uma relação que foi muito além das quadras. Entre Kobe e Gasol nasceu uma relação de irmãos. Embora com Shaq também tenha ficado um sentimento de irmandade, a relação entre as estrelas foi, durante muito tempo, conturbada com trocas de farpas, diretamente ou então, através da imprensa.
Em 1.346 partidas Kobe teve médias de 25 pontos, 4.7 assistências e 5.2 rebotes. Várias escolhas para All-star games, MVP da temporada de 2008 e MVP de duas finais (2009 e 2010). Dois ouros olímpicos (Pequim e Londres). Inclusive, essas duas medalhas olímpicas, talvez só provem como o seu sonho sempre foi ficar pra história. Enquanto muitos jogadores da NBA “ignoram” jogos internacionais, ele não.
Kobe Bryant tem seus dois números de camisa (8 e 24) aposentados pelos Lakers. Ele também tem 5 jogos de 60 ou mais pontos e uma partida de 81, contra o Toronto Raptors, na temporada de 2005/2006. E os últimos 60 pontos, o quinto jogo da lista de “60”, vieram na última partida da carreira, contra o Utah Jazz.
Mamba out
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Os primeiros seis minutos daquele jogo contra o Jazz foram difíceis para Black Mamba. Nenhum ponto, assim como os seis minutos iniciais de sua carreira, e depois Kobe viria a admitir que estava muito nervoso. É possível imaginar isso? Até nossos ídolos, nossas lendas, também sentem arrepios, inseguranças. Por mais irreais que possam parecer, ainda “sangram”.

Fonte: tailgate zone.
Foi de seu esforço defensivo, um toco, que os primeiros pontos foram anotados. Embora com nervos à flor da pele, Kobe cometeu apenas dois turnovers naquele jogo. Assistências foram apenas quatro. Ele queria a bola em suas mãos. Kobe arremessou o volume inacreditável de 50 bolas, 22 pontos no garrafão.
Último ponto; último lance
O último ponto, dos 60 que ele anotou naquela noite, veio da mesma forma como o primeiro: em um lance livre. Já o derradeiro lance da carreira de Kobe Bryant foi mais que um lance de um jogo de basquete, foi uma “redenção” e ao mesmo tempo uma mensagem. O jogador fominha, egoísta, que “só pensava nos números”, driblou, fez que carregaria a bola, mas na verdade passou.

Fonte: Essence.
Uma assistência para D’Angelo Russell. UMA ASSISTÊNCIA. Despretensiosa, como quem diz; “meu jogo acabou, mas eu passo aqui a tocha, vocês que ficam, sigam meu legado”. O placar, 101-96, conta muito pouco. No entanto, seria ruim pensar que Mamba poderia ter encerrado sua vitoriosa jornada com uma derrota.

Fonte: cbssports.com.
Em seu discurso, ainda em quadra, Black Mamba falou da rapidez com que aqueles 20 anos passaram. Agradeceu aos companheiros de time, atuais e antigos, técnicos, staff. Falou dos altos e baixos. Ressaltou sua paixão pelos Lakers. Para a torcida, Kobe dirigiu suas palavras mais doces: “Obrigado do fundo do meu coração! Amo vocês! Amo vocês!”.
Por fim, ele diz algumas palavras, palavras que Lebron repetiu no jogo em sua homenagem; palavras que, até hoje, não me saem da cabeça: “Mamba out”. Kobe Bryant ficará para sempre. Kobe será eterno.

Fonte: bleacherreport.com.