Este texto sobre Mickey Mantle faz parte da série ‘Hall da Fama’ em que contamos a história de alguns de seus membros. Toda terça-feira uma estrela será apresentada.
A série com perfis de jogadores membros do Hall da Fama do Baseball apresenta mais daqueles que fizeram parte dos períodos dinásticos do New York Yankees: Mickey Mantle. Ele se junta a Yogi Berra, Whitey Ford, Joe DiMaggio, Lou Gehrig e Derek Jeter já retratados por aqui.
Mickey Charles Mantle nasceu em 20 de outubro de 1931, em Spavinaw, Oklahoma. Sua carreira no baseball foi toda dedicada aos Yankees. Mas se o time recebeu muito de The Commerce Comet (um de seus apelidos), o jogador também desfrutou do brilho de uma equipe que dominou toda a década de 1950 e início dos anos 1960 na MLB. Ao lado de jogadores como Roger Maris, Johnny Mize e Phil Rizzuto, Mantle ajudou a consolidar a aura de maior franquia do baseball que acompanha o New York Yankees.
Ainda bem criança, aos quatro anos, a família de Mickey se mudou para Commerce (daí o apelido), também no estado e Oklahoma. Seu pai, Mutt Mantle, trabalhava em uma mina de zinco e sempre que chegava do trabalho praticava baseball com o filho. A fim de desenvolver a máxima habilidade no pequeno, Mutt lançava como destro e Mickey rebatia como canhoto, enquanto seu avô arremessava como canhoto para que o jovem cometa rebatesse como destro.
Multi atleta
Enquanto atuava na Commerce High School, Mickey Mantle era um multi atleta: ele jogava futebol americano, baseball e basquete. Jogando como half-back durante o ensino médio, Mantle recebe a oferta de um bolsa de estudos para a Universidade de Oklahoma. Mas enquanto jogava pela escola de Commerce, como segundanista, quase que uma lesão coloca a carreira esportiva de Mantle a perder.
Depois de receber um chute na canela esquerda durante um treino, ele desenvolveu osteomielite – uma doença incapacitante que era incurável poucos anos antes – no tornozelo esquerdo. Mantle foi levado às pressas para Oklahoma City, onde ele foi tratado no hospital infantil com penicilina, medicamento recém-disponível, que reduziu a infecção e salvou sua perna da amputação.
Descoberto pelos Yankees
Tom Greenwade, scout dos Yankees, foi o responsável por descobrir o talento de Mantle, quando ele jogava Baxter Springs Whiz Kids, em 1948. Especialmente no dia da descoberta Mickey resolveu de rebater dois home runs na partida, ambos tendo voado para além dos 400 pés (122 m) de distância. Greenwade voltou a encontrar Mickey Mantle no dia de sua formatura no ensino médio e ofereceu a ele um contrato de US$ 140.00 por mês com um bônus de US$ 1,150.00 no momento da assinatura.
Começava a caminhada de três temporadas até a ascensão às Majors. Mickey foi mandado para o time de Low A dos Yankees, o Independence Yankees, onde ele jogava como shortstop, que disputava a Kansas-Oklahoma-Missouri League. No entanto, depois de um início complicado, sobretudo ofensivamente, Mickey chegou a pensar em desistir. Dissuadido por seu pai, Mantle seguiu jogando e fechou aquela temporada com média de .313.
A casa do Independence Yankees, o Shulthis Stadium, foi o primeiro estádio a receber um jogo noturno de baseball, em 1930. E foi lá, também, que Mickey Mantle rebateu seu primeiro home run como jogador profissional, em 30 de junho de 1949. A rebatida foi tão poderosa que a bolinha passou por cima da cerca do campo central, que ficava a mais de 460 pés (140 m) de distância do home plate.
O convite
A temporada de 1950 foi a última de Mantle nas Ligas Menores. Promovido para o Joplin Miners, High A dos Yankees, Mickey venceu o título de melhor rebatedor da Western Association, com média de .383. Embora tenha demonstrado força no bastão, o Cometa rebateu 26 home runs e impulsionou 136 corridas, defensivamente, ainda como shortstop, ele seguia com problemas. Ainda assim, ele recebeu o convite para estar com o New York Yankees no Spring Training da temporada 1951.
Na MLB
Depois do Spring Training, Casey Stengel, manager dos Yankees, resolveu promover Mantle como right fielder. Usando a camisa #6, Mickey gerava expectativas de que pudesse ser a nova estrela do time do Bronx, seguindo os passos de Babe Ruth (#3), Lou Gehrig (#4) e Joe DiMaggio (#5). E Stengel houve por fazer com que as expectativas ficassem ainda maiores quando declarou,
“Ele tem mais poder natural de ambos os lados do que qualquer pessoa que eu já vi”.
No entanto, após outro momento de queda na produção ofensiva, Mickey Mantle foi mando para o Kansas City Blues, do nível Triple-A. Lá, ele não conseguiu resgatar a produção de outros tempos e, novamente, pensou em desistir. Entretanto, mais uma vez, Mutt Mantle, seu pai, o convenceu a seguir em frente. Dessa vez, porém, Mutt procurou mexer com os brios do filho. Enquanto fazia as malas de Mickey, o senhor Mantle disse,
“Pensei que tivesse criado um homem. Mas vejo que criei um covarde. Você pode voltar para Oklahoma e trabalhar nas minas comigo”.
De fato, as palavras mexeram com o emocional de Mickey que voltou a jogar e produzir como outrora. No período em que esteve com os Blues, 40 jogos, Mantle rebateu para .361, com 11 home runs e 50 corridas impulsionadas. Estava definida sua volta para a MLB.
Mudança de número
No retorno, Mickey Mantle passou a usar a #7, número que seria o seu até o fim da carreira e que seria aposentado pelos Yankees. Ele terminaria a temporada regular de 1951 com .261 de média, 13 home runs e 65 RBIs, em 96 partidas. Os Yankees foram para a World Series, que seria disputada contra o New York Giants (atual San Francisco Giants).
Durante o segundo jogo daquela Série Mundial, vencida pelos Yankees, Mantle machucou gravemente o joelho direito enquanto perseguia uma bola voadora. Mas voltou ao Yankees em 1952 como o center fielder titular, no lugar de Joe DiMaggio, que se aposentara. Ele rebateu para .311 com 23 home runs, 87 RBI e 94 corridas anotadas naquela temporada. Essa seria a primeira das 20 vezes – 18 delas consecutivas – em que Mickey Mantle foi chamado para o All-Star Game.
Tríplice Coroa
De 1953 a 1955, atuando como ambidestro, Mantle rebateu em média 28 home runs, 98 RBIs e 118 corridas anotadas por temporada. Ele liderou a Liga Americana em 1954 com 129 corridas e em 1955 ele liderou a AL com 37 home runs, uma OPS de .431 e um slugging de .611.
No entanto, a melhor temporada de Mickey foi a de 1956, quando ele ganhou a Tríplice Coroa, o prêmio de MVP da AL por uma votação unânime e o Player of The Year Award. Naquele ano, ele liderou a MLB com uma média de .353, 52 home runs e 130 RBIs. Mickey também foi um herói no jogo da World Series de 1956, no qual Don Larsen lançou o histórico jogo perfeito. Mantle rebateu um home run naquele jogo e foi responsável por uma defesa espetacular que ajudou a preservar a perfeição do jogo de Larsen.
Mickey também foi o MVP em 1957 e 1962. Além disso, ele ganhou o Gold Glove Award, a única vez, em 1962. Ainda nos anos 1960, Mickey Mantle e Roger Maris formaram o M&M Boys. A dupla conquistaria mais duas World Series – 1961 e 1962 –, as últimas daquela década para os Yankees.
A dupla seria desfeita ao fim da temporada de 1966, quando Maris foi para os Cardinals. Mas ainda em 1964, Mantle brigaria, palmo a palmo, pelo prêmio de MVP da American League com a estrela dos Orioles Brooks Robinson, que seria galardoado com o prêmio.
Últimas temporadas e Hall da Fama
Entretanto, em 1965, Mantle e o Yankees foram praguejados por contusões, o que tirou a competitividade do time, superado pelos Twins que fariam, e perderiam, a World Series daquela temporada para os Dodgers.
Após a temporada de 1966, Mickey foi transferido para a 1B. Embora sua queda de desempenho, Mickey Mantle, em 14 de maio de 1967, se tornou o sexto jogador a integrar o clube dos que rebateram pelo menos 500 home runs na carreira. Em 1968, Mantle rebateu para .237 com 18 home runs e 54 RBI, nesta que seria a sua temporada, em que também foi selecionado para o All-Star Game.
Aos 37 anos Mantle anunciou sua aposentadoria. No dia 8 de junho de 1969, o “Mickey Mantle Day”, ele fez um discurso de despedida. Ao se aposentar, Mantle era o terceiro jogador com mais home runs (536) e liderava em jogos disputados (2.401) pelos Yankees, marca que foi quebrado por Derek Jeter na temporada de 2011.
Mickey Mantle foi eleito para o Hall da Fama em 1974 carregando consigo suas 2.415 rebatidas, média de .298 e 1.509 corridas impulsionadas. Seu parceiro de Yankees e membro do Hall da Fama, Whitey Ford, enalteceu a humildade de Mickey,
“Uma superestrela que nunca agiu como uma. Ele era um homem humilde, gentil e amigável com todos os seus companheiros de equipe, até mesmo o novato mais cru. Ele foi idolatrado por todos os outros jogadores”.
Em 13 de agosto de 1995 Mickey Mantle passou a brilhar em outras paragens.