Poucos são os jogadores capazes de causar impacto numa franquia e cidade. Não se vê tantas vezes na história. Los Angeles e os Dodgers tiveram essa sorte. Quando Fernando “El Toro” Valenzuela subiu no montinho do Dodger Stadium naquele nove de abril de 1981, uma história brilhante teve início. Mais do que uma história: uma mania! Fernando Valenzuela é um dos mais icônicos jogadores da história dos Dodgers e merece todos as reverências recebidas na noite que celebrou a aposentadoria de seu 34.

ANTES, O DODGER STADIUM

Palo Verde, La Loma e Bishop eram três bairros que compunham a área que conhecemos como Chavez Ravine, onde está construído o Dodger Stadium. Nesse local cresceu uma próspera comunidade, predominantemente mexicano-americana, um dos poucos lugares, devido a restrições e acordos racistas de ocupação territorial, em que essas famílias puderam comprar terrenos e construir a vida em Los Angeles.

Entretanto, no final da década de 1940, as coisas mudaram. A cidade condenou a área como “arruinada”, abrindo espaço para uma batalha de uma década dos moradores para preservar a comunidade contra ameaças de despejo. Os habitantes foram forçados a sair para que a cidade pudesse construir um projeto de habitação pública, que acabou sendo considerado uma “trama socialista” e por conta do “medo comunista”, nos anos 1950, o projeto não foi pra frente.

Com a falência do projeto de habitação pública e os despejos em curso, abriu-se caminho para a construção do Dodger Stadium, cuja conclusão da compra do terreno, por $494K, se deu no dia 18 de fevereiro de 1960.

UMA RELAÇÃO ESTREMECIDA

No início, o legado desse processo e a construção do Dodgers Stdium deixaram a relação do time com a comunidade mexicano-americana um tanto estremecida e ainda é um tabu na história de Los Angeles e, porque não, do próprio Dodgers, que suscita protestos.

No entanto, ao longo da fixação da franquia na Califórnia e a reconstrução da relação do time com a comunidade de origem mexicana, sobretudo com a “Fernandomania”, houve uma acolhimento mútuo.

A 34 FINALMENTE APOSENTADA

A equipe finalmente aposentou a 34 de Fernando Valenzuela. Uma decisão que foi tomada apesar de uma política em vigor em que a equipe não aposenta números de jogadores que não estão no Hall da Fama do baseball. No entanto, uma exceção, justíssima, foi aberta para Valenzuela.

Os fãs dos Dodgers há muito pediam que a 34 de Valenzuela fosse retirada. Mas apenas durante a offseason de 2022 isso foi pensado. O presidente dos Dodgers, Stan Kasten, disse que a equipe revisou a política após uma comoção dos fãs em toda Los Angeles.

O impacto de Fernando Valenzuela nos Dodgers não pode ser diminuído. Ele é um dos jogadores mais influentes e celebrados da história da franquia. Valenzuela foi membro de duas equipes vencedoras da World Series (1981 e 1988) e ganhou os prêmios de Rookie of The Year e Cy Young, da National League, em 1981. Além disso, o prêmio de MVP da Série Mundial de 1981.

Ele ajudou o time a reconquistar Los Angeles. Sua conexão com a grande população mexicana da cidade era especial e ele ajudou a dar mais representação a eles. A “Fernandomania” nasceu de sua excelência. O locutor em espanhol do Hall da Fama dos Dodgers, Jamie Jarrin, falou sobre Valenzuela.

“Com todo respeito a Koufax, Drysdale, Mays, todos grandes jogadores, mas Fernando foi um dos que mais criou novos fãs de baseball. Pessoas do México e de toda a América Latina, que nem sabiam o que era o baseball, amavam Fernando Valenzuela”.

PARA SEMPRE UMA LENDA

El Toro será para sempre uma lenda nos Dodgers e no mundo do baseball. A aposentadoria da sua camisa 34 na sexta-feira, 11 de agosto de 2023, é o ponto culminante de todas as suas realizações.

Fernando Valenzuela sempre foi reticente em responder a questão sobre como ele acredita que será lembrado pelas pessoas. Antes, porém, das celebrações ele disse que talvez vá ser lembrado como alguém que deu 100% em tudo o que faz.

Sim! Mas, fundamentalmente, como uma Lenda!