Este texto sobre Yogi Berra faz parte da série ‘Hall da Fama’ em que contamos a história de alguns de seus membros. Toda terça-feira uma estrela será apresentada.
O baseball é considerado e aclamado como “passatempo da América”. Porém, mais do que isso, o baseball constitui-se em uma ferramenta de identidade nos EUA. Mas foi Yogi Berra quem melhor encarnou o papel de entretenimento e da cultura do esporte.
Como jogador Yogi foi um dos maiores não só na sua posição, catcher. Como ícone cultural seus “yogi-smos” se introduziram na raiz do jeito de ser estadunidense.
Na MLB
Nascido em St. Louis (Missouri), em 25 de maio de 1925, Lawrence Peter Berra assinou seu primeiro contrato na MLB, em 1943, com o New York Yankees. Porém, antes de fazer sua estreia, em 1946, Berra serviu na marinha americana na II Guerra Mundial atuando na Normandia (França).
Seu debute aconteceu aos 21 anos de idade. Yogi foi um dos pilares dos Yankees no período dinástico do time na American League, e na própria MLB, que começou em 1949 e se prolongou até 1962.
Yogi Berra foi um rebatedor de força, tendo sustentado uma média de .285 durante as 18 temporadas de sua carreira, embora sua baixa estatura (1,70m). Ele foi um exímio defensor. Estabeleceu recordes (todos atualmente quebrados) para catchers de sua época: maior número de home runs (313); maior sequência de jogos sem erros (148); e o maior número de putouts consecutivos (950).
Como estilo de jogo Yogi Berra tinha, no ataque, uma extrema capacidade de rebater bolas arremessadas fora da zona de strike. Além disso, nas bolas baixas ele as alcançava como se estivesse fazendo uma tacada de golfe. Já nos arremessos altos ele era capaz de cortá-los com rebatidas em linha. Tudo isso prova seu excelente controle no bastão. Não à toa, por cinco vezes Yogi anotou mais home runs do que strikeouts.
Defensivamente, como catcher, Berra foi sensacional: extremamente rápido e móvel. Seu enquadramento de arremessos tornou-se lendário. Yogi deixou o baseball com o recorde de putouts na American League (8.723). Inovador, ele foi o primeiro catcher a jogar com um dedo para a fora da luva, o que se tornaria um padrão nas gerações posteriores.
Apelido e “yogi-smos”
De origem italiana, seu nome de batismo era Lorenzo Pietro Berra, o apelido “Yogi” veio depois de assistir um filme em que uma das cenas se passava na Índia. Um amigo, Jack Maguire, que o acompanhava notou uma semelhança entre Berra e o yogi (pessoa que pratica yoga) que estava no filme. Então, desse dia em diante Lawrence Peter Berra ou Lorenzo Pietro Berra seria para sempre Yogi Berra.
A personalidade irreverente de Yogi rendeu histórias divertidíssimas, ainda mais quando lembramos dos seus “yogi-smos”: frases que Berra disse e que se tornaram parte do anedotário dentro e fora do baseball. Muitas seriam as citações. Mas vamos com três especiais.
Um conselho fundamental:
“Sempre vá ao funeral de outras pessoas; caso contrário, eles não vão ao seu”.
Um belo paradoxo:
“Não consigo me concentrar enquanto penso”.
E uma imprescindível constatação:
“Nada termina até terminar”.
Embora por isso muitos tenham reputado Yogi Berra como um ignorante, o fato é que ele foi, definitivamente, um dos maiores da história e uma figura mítica na sociedade dos Estados Unidos. Seus “yogi-smos” o tornaram ainda mais lendário.
Números e a carreira como manager
Como jogador Berra esteve de 1946 a 1963 com os Yankees. Em 1965, depois da aposentadoria, ele teve uma brevíssima passagem pelo New York Mets. Mas entre as fugazes aposentadoria e retorno, Yogi foi manager dos Bronx Bombers, em 1964. Função que ele também cumpriria nos Mets (1972-1975) e nos Yankees, novamente, nas temporadas de 1984 e 1985. Entretanto, nessa posição, ele não alcançou o mesmo sucesso que teve como catcher.
Para além dos recordes que Berra registrou no seu tempo, ele ainda foi 18 vezes para o All-star game. Yogi tem impressionantes 13 títulos de World Series, 10 delas como jogador (todas como o New York Yankees) e outras três como técnico de 1B (1969, com os Mets, 1977 e 1978 – com os Pinstripers). Na American League ele foi escolhido MVP em três temporadas (1951, 1954 e 1955). Seu número #8 está aposentado pelos Yankees.
Yogi Berra tinha um magnetismo para atrair momentos históricos. Na World Series de 1955, no jogo 1 contra o Brooklyn Dodgers, Whitey Ford no montinho para NYY, Berra foi um dos protagonistas do bem sucedido roubo de plate feito por Jackie Robinson (2B dos Dodgers). Embora Yogi tenha veementemente argumentado que havia feito o tag o roubo foi confirmado pelo umpire. Todavia, ele manteria sua opinião até o último dia de sua vida.
Hall da Fama
Sete anos após sua aposentadoria definitiva, Yogi Berra foi eleito membro do Hall da Fama do Baseball, em 1972. No dia 22 de setembro de 2015 Yogi deixava a vida e entrava para a história.
Mas foi Mel Ott, lendário right field e manager do New York Giants, quem bem definiu Yogi Berra:
“Ele parecia estar fazendo tudo errado, mas tudo deu certo. Berra segurou tudo atrás do plate e rebateu tudo à sua frente”.
Reverenciemos Yogi Berra!