O baseball no melhor lugar da América (Pt 1)

Tempo de leitura: 5 minutos

Enfim, depois de uma longa e tenebrosa negociação e em meio a uma pandemia, finalmente teremos baseball rolando. E quando eu falo finalmente, é por que teremos muitos motivos para ver o baseball nessa curta temporada. Assistir aos 60 e poucos jogos que teremos até outubro, virou questão de honra.

Para quem não entendeu, a MLB acertou em cheio no marketing para a retomada da temporada. Se estivéssemos no podcast, agora eu teria que soltar um “palmas para o profissional”. Bom, pra quem ainda não entendeu, na última segunda-feira, 20 de julho de 2020, Giants e A’s foram pra campo e rolou uma cena famosa durante o hino nacional americano.

Vários jogadores e treinadores do San Francisco Giants se ajoelharam durante a execução do hino nacional, em apoio ao movimento Black Lives Matter. Era apenas um jogo treino, mas a cena foi para a conta oficial da MLB no Twitter e se espalhou com uma velocidade absurda.

Uma hashtag

Com isso, assim como também conhecemos por aqui, os fiéis de Donald Trump subiram rapidamente a hashtag #BoycottMLB. Ao fazer isso, a MLB passou a responder alguns tweets defendendo o ato e explicando que aquilo era um protesto pacífico e não um desrespeito com a bandeira.

A defesa realizada pela MLB enfureceu Donald Trump, que usou as redes sociais para novamente criticar o protesto e por fim, dizer que o baseball para ele tinha acabado. Bom pra nós, pois o marketing foi muito bom. Então se você, assim como alguns de nossa redação, estava desmotivado para o início dessa temporada… ANIME-SE. Vai rolar muito baseball e assistir virou uma questão de princípios.

Bom, dado o recado (bem longo por sinal, daqueles que o Rafic fica enfurecido), voltemos ao início do baseball; ao Opening Day. Mais especificamente, para algo que o Facebook faz questão de me lembrar em todo mês de abril, uma lembrança incrível e que fomenta mais ainda a minha paixão pelo baseball.

Meu primeiro jogo

O ano era 2015 e essa seria a minha última viagem (trabalho) antes de casar. Não que venha ao caso, mas dólar e casamento não tem espaço na mesma frase. Ou então, melhor, no orçamento de um casal em processo de casamento. Enfim, foram sete dias de evento e com isso, acabei me programando para assistir um jogo de baseball. 

No entanto, como era a última viagem, acabei me dando um belo presente e fui logo ver dois jogos. Algo que só não pesa no bolso de quem está em processo de casamento, pois o baseball me parece o esporte mais acessível ($$$) dos Estados Unidos. Enfim, no primeiro jogo cheguei atrasado ao ballpark (obrigado jet lag), mas no segundo não. Nesse eu cheguei bem antes (leia duas horas) e justamente desse segundo jogo, é que vem uma grande memória.

Antes de mais nada, eu não falei ainda, mas eu estava em San Diego… A belíssima San Diego. Lembro-me bem, como se fosse ontem, saindo do hotel, pegando o tal do trolley e chegando duas horas antes do início do jogo. Comprei um ingresso em uma das “maquininhas” do lado de fora e então entrei no ballpark.

Dei uma “volta olímpica”, bebi, comi, bebi mais um pouco, comi mais um pouco; e então me posicionei para ver o jogo. A história toda, de como foi ou quem ganhou, ficará para uma próxima, mas o que aconteceu nesse dia foi o que motivou essa série de dois textos.

Petco Park

Durante o jogo, acabei não ligando muito para a minha cadeira e fiquei de pé, debruçado na “grade” que marcava um dos setores mais próximos a primeira base. Então, pouco antes da sétima entrada, um garoto chegou ao meu lado e deu um berro para o campo, “bullshit” e seguiu ali ao meu lado gritando para o umpire

Toda essa reação foi por conta de um hit by pitch “inexistente” e é justamente por esse hit by pitch que a minha história existe. Completamente revoltado, o garoto olhou para mim e questionou o que eu achava. Na base do inglês mais básico de todos, prontamente respondi que concordava com ele, seria eu tonto de discordar? 

O baseball rolando no melhor lugar da América, o ballpark.
Arquivo pessoal

No entanto nesse inglês básico, alguma palavra deve ter ficado com um sotaque nítido de alguém que não é daquele local. Com isso um senhor que estava na primeira fileira (torcedor do Dodgers… não sei como consegui), logo após a grade que eu me apoiava, virou-se e perguntou: “where are you from kid?“. Com aquele sorriso bem vergonhoso e com medo de ter o inglês testado a todo vapor, respondi ao senhor, que era do Brasil.

Após isso, entre um arremesso e outro, entre um inning e outro, fomos conversando; eu aprendendo mais sobre baseball e ballpark; aquele senhor, já aposentado, querendo saber que lugar deveria visitar no Brasil e o porquê do meu interessa no baseball. Foi proveitoso, muito proveitoso e agradeço muito a cervejaria Stone, por me proporcionar boas horas de papo.

Tradição

Enfim, resultado final da noite: “poor Padres”, tomaram uma sacolada dos Astros; 14 a 3. Mas a experiência foi incrível e já era hora de voltar ao hotel. Então, me despedi daquele senhor e antes de partir ele me disse uma frase que ecoa em meus ouvidos até hoje; em tradução livre foi algo do tipo: “não existe lugar melhor para ir na América, do que um ballpark”.

Um aperto de mão e um “seja bem vindo, faça boa viagem”. Peguei o trolley para o hotel pensando em quanta coisa que aprendi e o que aquela frase significava. Quer dizer então que o “estilo de vida americano” passa por um ballpark?

Infelizmente nesse ano ninguém verá baseball in loco, mas ainda (espero) não serão os fins do tempo e em breve, “tem outros campeonato”. Sendo assim, preparar o tailgater para os próximos “campeonato” urge! Então antes da bolinha voar, vamos falar das tradições que existem em alguns ballparks e as tradições que são de praticamente todos. Amanhã logo cedo, sem histórias longas, já teremos as tradições dos ballparks da MLB.

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