Antes de começar, pra você que ainda não viu, segue o link para a primeira parte do “the book is on the table” falando sobre o Baseball!

Ah, o Baseball e seus jogadores sensacionais! Mas o que seria desse esporte e de seus atletas se não tivéssemos as maravilhosas estatísticas capazes de medir até pensamento! Sim, o Baseball é um dos esportes, senão o mais, em que os números trazidos pelas estatísticas dão um desenho especialíssimo sobre o que fazem, e o que não fazem, arremessadores e jogadores de posição. Então, hoje, é sobre esses números e as siglas que os representam, que a série do tailgate zone “the book is on the table: o Baseball” falará.

Antes, um pouco de história

A ideia de registrar o que os jogadores fazem em campo começou no século XIX, com Henry Chadwick. Aproveitando sua experiência com o críquete Chadwick definiu algumas das estatísticas predecessoras do que hoje conhecemos como média de rebatida (BA ou AVG), corridas anotadas (R) e média de corridas cedidas (ERA). Um conjunto de publicações feitas a partir de 1951 deu condições para que fãs do Baseball tivessem mais claro o que significam as estatísticas do esporte.

O que medem as estatísticas

O Baseball atual tem um conjunto básico de estatísticas que medem a atuação de arremessadores e jogadores posição durante uma partida. Vitórias (W), média de corridas cedidas (ERA) e strikeouts (K) falam sobre o desempenho de um arremessador.

Corridas impulsionadas (RBI), home runs (HR) e média de rebatidas (BA ou AVG) refletem o desempenho dos rebatedores. Aliás, o jogador (de posição e arremessador) que lidera nessas três respectivas medidas ganha a “Tríplice Coroa”.

Categorias de estatísticas

Existem 6 categorias de estatística: as de rebatidas (41 no total); as que medem a atividade em base (7 no total); as de arremessador (53); as de atuação defensiva (12); as estatística de valoração do jogador comparativamente (5, essa é o tal do player value, que você já deve ter ouvido); e as estatísticas gerais (4).

Bem, somando toas as possibilidades de medir o desempenho de um jogador temos mais de 120 estatísticas, entre as básicas e as “sabermetrics” (avançadas). Pensando em um texto que quer trazer conhecimentos básicos aos novos fãs de Baseball, seria impossível falar de todas. Por isso, escolhemos aquelas que farão a diferença para sua primeira análise sobre um jogo ou jogador de beisebol.

Assim, vamos detalhar o que são “at bats” (AB), “run” (R) e “runs batted in” (RBI), “hits” (H), “base on balls” (BB), “strikeout” (K), “batting average” (BA ou AVG), “on-base percentage” (OBP), “slugging” (SLG), “on-base plus slugging” (OPS), “walks and hits per inning pitched” (WHIP), “earned run average” (ERA), “wins above replacement” (WAR), “stolen base” (SB), “double play” (DB), “errors” (E), “games played” (GP), “games started” (GS) e “gamed behind” (GB).

Analisando os números

Ah, aproveitamos para dizer que o uso do inglês em demasia não é pedantismo, mas só o fato de que, mesmo em transmissões de jogos na TV brasileira, as estatísticas são referenciadas, principalmente, no idioma anglo-saxão. No entanto, sempre que possível vamos informar o referente em português.

Dentro das 6 categorias escolhemos 19 estatísticas que acreditamos sejam básicas para quando você estiver analisando um jogo, time ou jogador por meio dos números de seu desempenho. Vamos lá?

Estatísticas de rebatida

At bat (AB)

O AB (at bat) não deve ser confundido com o BA (média de rebatidas). O at bat mede o número de vezes que um jogador aparece no plate (ou então, home plate, o lugar onde o jogador rebaterá). No entanto, ocasiões onde a aparição resultou em walk, HBP (hit by pitch – jogador foi acertado pela bola) ou uma rebatida de sacrifício não contam como AB.

Run (R)

A “corrida” é contada todas as vezes em que um jogador alcança o home plate, seja por seu trabalho (home run, por exemplo) ou impulsionado pela rebatida de um companheiro. Essa estatística também conta para aquelas que medem a atividade em base de um atleta.

Runs batted in (RBI)

“Corridas impulsionadas” indicam uma corrida anotada com o resultado do esforço de um rebatedor. Ou seja, quando algum rebatedor consegue uma rebatida e faz o amiguinho, que já está em base, anotar pontos para o time. Hank Aaron (Milwaukee/Atlanta Braves e Milwaukee Brewers) é o recordista de RBIs na MLB: 2.297.

Hits (H)

Um hit (rebatida) é contada todas as vezes em que um jogador alcança, pelo menos, uma base, exceto por um erro defensivo.

Base on balls ou walk (BB)

Toda vez que o rebatedor se defronta com quatro arremessos fora da zona de strike, sem que ele tenha feito o swing (ato de rebater), ele ganha uma base. 

Strikeout (K)

O strikeout (eliminação) representa um rebatedor vendo ou fazendo o swing em 3 strikes (arremessos na zona de strike ou com tentativa de rebatida). Então, aqui podemos concluir que essa estatística, é negativa para o rebatedor e positiva para o arremessador.

Batting average (BA ou AVG)

E agora chegamos nas estatísticas que os matemáticos adoram. Então, partiu fazer continhas? Pode ficar tranquilo, que essa é fácil. A média de rebatida é calculada dividindo os hits pelo número de at bats.

On-base percentage (OBP)

Em alguns casos é referido como OBA (on-base average). O OBP conta as vezes em que um jogador chega em base seja por um H, BB ou HBP (hit by pitch ou bolada) dividido pelo número de AB, BB, HBP e SF (sacrifice fly ou rebatidas de sacrifício). Ted Williams (Boston Red Sox) é o recordista de OBP na MLB: 48,17% (.481).

Slugging (SLG)

Essa é um estatística realmente matemática. O que se deve observar é a quantidade total de bases conseguida na rebatida (1 base para simples, 2 para dupla, 3 para tripla e 4 para home run) dividida pela quantidade de at bats. Ou seja, é “bases totais / at bats“. Babe Ruth, um dos maiores de todos os tempos (senão o maior), é o recordista de SLG na MLB: 68,97% (.689).

On-base plus slugging (OPS)

Essa estatística pode ser considerada como aquela que analisa a produção geral de um jogador (rebatedor). Assim, se somarmos as estatísticas de OBP e SLG teremos o OPS. Ou seja, para tornar as coisas mais claras, alguém que tenha um OPS maior ou igual a 1.000 é um jogador fantástico.

Na história da MLB 7 jogadores tem um OPS acima de 1.000; são eles: Babe Ruth (1.163), Ted Williams (1.115), Lou Gehrig (1.079), Barry Bonds (1.051), Jimmie Foxx (1.037), Hank Greenberg (1.016) e Rogers Hornsby (1.010). Mike Trout (OF do Los Angeles Angels) é o jogador em ação com o maior OPS da MLB: .999.

Estatísticas de atividade em base

Stolen base (SB)

O roubo de base é quando, mesmo a bola em posse da defesa, o jogador do time de ataque consegue avançar no campo, ou então, no português claro, roubar uma base. Por exemplo, temos um corredor na primeira base; o sujeito percebe que o arremessador e o catcher estão moscando e então, como um flecha corre para a segunda base antes que alguém queimá-lo.

Estatísticas de arremessador

Walks and hits per inning pitched (WHIP)

Estatística de nome grande, mas fácil de ser entendida. Ela traz a media de walks e rebatidas permitidas por um arremessador em cada entrada. Um pitcher que sustente números abaixo de 1.1 apresenta um ótimo desempenho.

Earned run average (ERA)

Essa é uma das mais importantes estatísticas para um arremessador. O ERA representa a média de corridas cedidas, multiplicada por 9 e dividida pelos innings arremessados. Um tanto matemática, não? Um arremessador com ERA menor ou igual a 3.50 pode estar entre os melhores da MLB. Vale mencionar que não entram para o cálculo do ERA corridas cedidas devido a erros da defesa, mesmo que o erro defensivo tenha sido do arremessador.

Hoje, os dois melhores arremessadores, no quesito ERA são Clayton Kershaw, do Los Angeles Dodgers, com 2.44; e Jacob DeGrom, do New York Mets, com 2.62. O arremessador com melhor ERA na história é de Ed Walsh (Chicago White Sox e Boston Braves): 1.82.

Estatísticas de atuação defensiva

Double play (DP)

Uma das jogadas defensivas mais legais de ser vista em um jogo. A double play ou queimada dupla é a concretização do ditado “matar dois coelhos com uma só cajadada”. Esse lance, geralmente, acontece quando há uma rebatida para o infield (campo interno, onde ficam as primeira, segunda e terceira bases) e a defesa recupera a bola rapidamente.

Por exemplo, se o jogador de segunda base pega essa bola, ele elimina o corredor que avançava da primeira para a segunda base e lança a bola para seu companheiro, o jogador de primeira base, que elimina o rebatedor que se encaminhava do home plate para a primeira base.

Errors (E)

Os errors, ou então, os erros, aparecem no placar das transmissões. Este é o número de vezes que um jogador (infielder/outfielder) falha ao fazer uma jogada defensiva que ele deveria fazer sem maiores esforços e que acaba resultando em algum ganho ofensivo para o adversário.

Estatísticas de valoração do jogador

Wins above replacement (WAR)

Essa estatística é maravilhosa! O WAR mede o valor de um jogador em todas as facetas do jogo, correspondendo a quantas vitórias ele vale mais do que um jogador de nível substituto na mesma posição (por exemplo, uma substituição da Liga Menor ou um free agent de prontamente disponível para contratação).

Estatísticas gerais

Games played (GP)

Conta o número de partidas disputadas, em parte ou integralmente, por um jogador.

Games started (GS)

Número de jogos ininciados por um jogador (arremessador, infielder ou outfielder).

Games behind (GB)

Quantidade de jogos de desvantagem que uma equipe tem na classificação em relação ao líder da divisão.

Sites de referência estatísticas do Baseball

Há muitos sites que trazem estatísticas sobre o Baseball. Temos dos mais simples, que trazem uma visão geral do desempenho dos jogadores (MLB, por exemplo) até os mais complexos (Baseball Reference e Fangraphs), cheios de sabermetrics (estatísticas avançadas) e que podem e devem ser exploradas para uma compreensão mais aprofundada do jogo. Sendo assim, providenciamos uma pequena lista para você ir se divertindo até o início da temporada regular.

• MLB
• Baseball reference
• Fangraphs

That’s all folks! Ou então, em português, com a voz do Pernalonga, “Isso é tudo pessoal”. Continuem ligados na nossa série “the book is on the table” para maiores informações sobre o Baseball. Na semana que vem, vamos destrinchar as posições de uma equipe.

Índice

Parte 1 – Competição
Parte 2 – Estatísticas
Parte 3 – Posições
Parte 4 – Arremessos
Parte 5 – Explicações gerais