The book is on the table: o Baseball (Pt 5)

Tempo de leitura: 13 minutos
Antes de começar, pra você que ainda não viu, segue o link para a quarta parte do “the book is on the table” falando sobre o Baseball!

Chegamos na nossa quinta e última parte do “The book”, sobre o Baseball. Por aqui já falamos do modo de disputa da MLB, de estatísticas, posições e arremessos. Hoje vamos fechar a bagaça trazendo alguns pontos que já comentamos, mas não deixamos tão claro. Por exemplo, falamos em entradas (innings), o que são elas? Ou então, o que é a parte baixa da nona entrada? 

Tudo bem que vocês já devem imaginar, mas não custa deixarmos claro. Mais um outro exemplo, como você pode ler o placar num jogo de Baseball? Quando uma bola está em jogo, quando não está? O que é o Flyout ou o Groundout? Resumindo, mais alguns detalhes e explicações, para vocês ficarem mais a vontade com o jogo.

Sabemos que essas cinco partes podem não trazer tudo, mas elas já te passarão a essência do jogo. Além do mais, caso apareça mais alguma coisa que você não viu por aqui, só dar um toque para “nóis”. Estamos por aqui, no Twitter, no Facebook e no Instagram; vem trocar uma idéia sobre o Baseball com a gente!

Entradas (innings)

Então, vamos ao princípio de tudo, o mais básico de hoje. É simples, mas isso já me deixou com uma interrogação. Até então, todos os esportes que eu assistia tinham algum tempo, ou então, existia um número mágico de pontos para acabar a partida. Por exemplo, basquete com 12 minutos por quarto, ou os games e set’s do tênis.

No Baseball, até posso dizer que existe um número mágico também, mas não são pontos, são eliminações. Um jogo de Baseball é feito de nove turnos de uma combinação de ataque e defesa. Ou seja, uma entrada é composta por dois turno, em um turno um time ataca e o outro defende, no segundo turno, as coisas se invertem.

Cada um desses turnos, acaba quando o time que está na defesa consegue eliminar três rebatedores do time de ataque. Dessa forma, o jogo segue por nove entradas (innings); e o que eu disse de número mágico, são as 27 eliminações necessárias (de um time) para acabar o jogo. Então, por esse motivo, talvez, vocês comecem a entender o motivo pelo qual o “Baseball é tão demorado”.

Enquanto um time que está jogando na defesa não consegue eliminar três rebatedores, o turno não acaba! Em 8 de maio de 2004, Detroit Tigers e Texas Rangers, jogaram em Arlington e hoje estão no livro dos recordes. A quinta entrada desse jogo durou nada mais, nada menos que uma hora e oito minutos

Entradas extras

Foram 54 arremessos do Rangers, resultando em oito corridas para o Tigers; do outro lado, foram 56 arremessos do Tiger, resultando em 10 corridas do Rangers. Um total de 110 arremessos e 18 corridas numa única entrada. Não é sempre que isso acontece, mas pode acontecer. Por exemplo, no ano passado, no jogo entre Yankees e Red Sox que aconteceu em Londres, a primeira entrada durou 58 minutos.

Enfim, ao final das nove entradas, se algum time estiver ganhando, acaba o jogo, caso contrário, é “prorrogação”. As tão amadas entradas extras, ou então, para você que está no ballpark, o “Baseball gratuito”. Enquanto não tivermos um vencedor, o jogo segue. Nessa história, o jogo mais longo que temos, foi em 1984, 25 entradas, oito horas e seis minutos de um 7 a 6 para Chicago White Sox contra o Milwaukee Brewers.

Top of the… Bottom of the… (parte alta, parte baixa)

Bom, nessa hora, a das entradas extras, é bom explicar o que é a parte alta e a parte baixa de uma entrada. Os turnos que contamos aí pra cima, tem seus nomes; e são mais importantes ainda, quando chegamos nas entradas extras. A parte alta (top of the…) da entrada é o primeiro turno, que é quando o time da casa arremessa.

Já a segunda parte do turno, é a parte baixa (bottom of the…), onde o time visitante é quem arremessa. As coisas rolam dessa forma, para o time da casa ter uma “vantagem” no jogo. Dessa forma, quando chegamos na nona entrada, se o time da casa estiver vencendo, o time coloca o seu closer e reza para ele eliminar os três rebatedores adversários e fim de papo, nem precisa voltar a campo para atacar.

Agora, se o jogo estiver empatado, ou então o time da casa estiver perdendo, ele atacará por último, sabendo o que precisa ser feito para deixar a vitória em casa. Também graças a esse formato, temos um dos melhores lances no Baseball, o tal do Walk-Off

Assim sendo, por falar em Walk-Off, é bom comentar sobre as rebatidas. Até para não perder o contexto das coisas. Mas antes de qualquer coisa, já que falei dele, o walk-off é uma rebatida como qualquer outra que vamos falar mais pra baixo, mas a importância dela e o estágio de loucura que ela leva, são ímpares! Seja simples, dupla, tripla ou um home run, não consigo explicar com palavras a sua importância, só vendo mesmo.

Rebatidas

Continuando, já dei spoiler aí em cima, mas é importante lembrar, no turno de ataque a ideia é; os rebatedores conseguirem rebatidas válidas, chegar em bases, anotar corridas. Sendo assim, existem dois tipos de rebatidas, o swing normal, ou completo, em que o rebatedor solta o braço, ou então o bunt, onde o rebatedor meio que “protege” a bolinha.

O Baseball e suas rebatidas. Swing completo.
Swing completo: Aaron Judge mandando ver numa bolinha.
Fonte: Site Giphy
O Baseball e suas rebatidas. Bunt.
Bunt: Anthony Rizzo com um bunt do bom, chegando em base.
Fonte: Site Giphy

Um bunt geralmente é executado quando já existe algum jogador em base e a ideia é impulsioná-lo para as bases seguintes. Mas, lembrando, seja bunt seja um swing completo, a bolinha precisa chegar numa parte válida do campo, dentro do território permitido, que nada mais é que, o “cone” formado entre as linhas da primeira base e da terceira base.

Então, a rebatida sendo válida, ela pode ser simples (single), dupla (double), tripla (triple), home run dentro do parque (inside the park home run) ou home run. Os nomes parecem dizer por si só, mas não custa explicar. Simples, dupla ou tripla, é para deixar explícito quantas bases o jogador alcançou com aquela rebatida; uma, duas ou três bases.

O home run, é quando a bolinha sai do campo, seja voando pra fora do ballpark (estádio) ou indo para a galera das arquibancadas. Já o inside the park home run, é quando o jogador consegue completar a corrida até o home plate, mesmo que a bolinha não tenha saído de campo. Isso é bem raro, apesar de terem acontecidos muitos em 2019.

Eliminações

Bom, logo em seguida dessa rebatida válida, o rebatedor vira corredor e ele precisa chegar a base, ou então, ao menos fazer com que algum corredor, que já está em base, avance mais alguma(s). Caso ele consiga, está a salvo, caso não consiga, está eliminado. Então, vamos deixar claro aqui, como são essas eliminações.

São cinco maneiras que isso pode acontecer, strikeout, flyout, groundout, forceout ou tag out. Mesmo assim, é bom lembrar que também podem acontecer eliminações usando uma combinação dessas eliminações; o que pode acabar sendo uma double-play, ou então em português, uma queimada dupla… duas eliminações. Agora, vamos para as explicações.

Strikeout

Se o arremessador consegue três strikes contra um mesmo rebatedor, esse rebatedor será eliminado. Aqui é válido lembrar uma regra; quando o rebatedor já sofreu o 2º strike, o 3º não pode ser por foul ball (uma bolinha que é rebatida para uma área não válida do campo). No entanto, se o rebatedor tentar um bunt e a rebatida se tornar foul ball, o strike é contado e o jogador está eliminado.

Só mais um dia no montinho.
Strikeout: Madison Bumgarner, num dia qualquer.
Fonte: Site MLB
Flyout

Caso o rebatedor consiga o contato com a bolinha e ela voar direto para a mão de um defensor, sem que toque no chão, o rebatedor é automaticamente eliminado. Em português, uma eliminação por bola voadora. Que nome lindo!

Kevin Pillar é um monstro.
Flyout: Kevin Pillar é o Super Homem.
Fonte: Site da MLB
Groundout

Logo após uma rebatida (em que a bolinha já tocou o chão), o rebatedor precisa chegar na primeira base, antes que algum jogador de defesa agarre a bolinha e pise nela (na base). Ou seja, se um defensor do outfield lançar ao defensor na primeira base; e ele esteja com o pé na base, antes do rebatedor chegar, ele está… ELIMINADO!

Beijinho na bola? Muito amor ao Baseball.
Groudout: Com beijinho na bola? Vale também.
Fonte: Site CBS Sports
Forceout

O forceout é semelhante ao groundout, ou seja, o jogador de defesa pisou primeiro que o rebatedor em base. No entanto o forceout só pode acontecer na segunda, terceira ou quarta base (o tal do home plate). Outro ponto, para ser forceout outros jogadores precisam estar em bases.

Fourceout na segunda base? Corredor na primeira base.
Forceout na terceira base? Devem existir corredores na primeira e na segunda.
Forceout no home plate? Devem existir corredores na primeira, na segunda e na terceira base.

Após um bunt, forceout na terceira base.
Forceout na terceira base.
Fonte: Site Gfycat
Tag out

Essa é simples, se um corredor estiver sem o pé na base e um defensor encostar com a bola em qualquer parte do corpo do corredor, eliminação automática.

Mas não vai anotar corrida mesmo. Toma aqui um tag out.
Tag out: Vai anotar corrida? “Num vai não”

As eliminações geralmente são jogadas plásticas demais e que parecem ser totalmente fáceis. No entanto, quando você vê que jogadores bons, cometem erros e as eliminações viram avanços de bases ou corridas, o cenário fica mais real e você não vai se sentir um baita jogador.

Erros e roubo de base

Bom, como falamos dos erros, vamos explicar alguns deles. Basicamente, são dois tipos, os de lançamentos errados e os por defesa perdida. O throwing error, ou erro de lançamento, ocorre quando um jogador da defesa tenta lançar a bola para outro, mas faz tudo errado. 

Ou seja, por exemplo, lança a bola muito alta ou então lança sem equilíbrio algum e a bolinha vai parar “na casa do chapéu”. O outro jogador de defesa não consegue nem pensar em pegar a bola, então, um erro de lançamento será computado. Já a defesa perdida (fielding error), é quando um jogador de defesa não consegue pegar a bolinha numa defesa que geralmente seria fácil.

Um exemplo muito comum, são bolas rasteira no centro do campo, que o segunda base ou o shortstop, pensam que pegaram a bolinha, mas ela passa pela luva deles. Outra que também podemos ver acontecendo com uma certa frequência, são erros de flyout, o defensor acredita que a bolinha está na sua mão, mas por vento ou por sol (ou “cãibra” mental mesmo), ela acaba batendo na luva e indo pro chão.

Bases roubadas

Esses erros levam os rebatedores a virarem corredores e chegar em base. Podem ser avanços simples, ou até avanços multibases, como em lançamentos errados, por exemplo. Caso no lançamento errado, a bolinha vá para a arquibancada, cada jogador que está em base, avançará duas. Outro meio de avançar bases sem rebater, é o roubo. Sim, ele é permitido no Baseball.

Um jogador que já está em base, ou seja, um corredor, pode tentar correr até uma outra base enquanto um outro rebatedor enfrenta um arremessador. Para que isso aconteça, no momento em que o arremessador faz o movimento para arremessar, o ladrãozinho deve correr até a base seguinte e chegar a salvo, sem que aconteça um tag out, por exemplo.

E agora, realmente chegamos ao fim, o último tópico que gostaríamos de falar, mas que não deixa de ser menos importante do que qualquer outra coisa que já falamos por aqui. Isso é normal de acontecer aqui em casa e não deve ser muito difícil por aí também. 

Nem sempre chegamos em casa bem no começo do jogo de Baseball, então precisamos olhar o placar pra entender o que está acontecendo. Então vamos lá, se liga no quadro abaixo para explicarmos um placar da TV e também um placar que pode ver no ballpark.

Placar no ballpark

O Baseball parece complicado, mas é apenas lindo.
Imagem do placar do jogo 5 da ALCS, lá no Fenway Park em 16 de outubro de 2008.
Fonte: Getty Images
  • Vermelho: São os times que estão jogando, em cima fica o visitante, que rebaterá primeiro, embaixo, o time da casa, que rebaterá em segundo. Aqui fica bem claro o “top of” e o “bottom of
  • Verde: Cada número que está bem em cima, são as entradas, os números abaixo, são as corridas que aconteceram durante o turno de ataque de cada time. Ou seja, na terceira entrada, Boston não anotou corridas, mas Tampa Bay anotou três.
  • Amarelo: Aqui está o resultado parcial (ou final), do jogo, ou seja, o total de corridas anotadas em todos as entradas que foram jogadas até o momento. Ou seja, Boston tem o placar de 8 a 7.
  • Azul escuro: Nessa coluna, são mostrados quantas rebatidas (Hits) foram executadas por cada time. Ou seja, Boston teve 11 rebatidas, enquanto Tampa teve oito.
  • Rosa escuro: Aqui são mostrados os erros (Errors) cometidos por cada time. Nesse jogo, só Tampa cometeu erros, mas foi apenas um.
  • Laranja: Abaixo do AT BAT, aparecerá o número do jogador que está rebatendo.
  • Branco: Logo abaixo de BALL, cada luz que ficará acesa, é referente aquelas bolas lançadas pelo arremessador, que foram fora da zona de strike. Após três estarem acessas, se acontecer mais uma, o jogador receberá o walk.
  • Rosa claro: Abaixo de STRIKE, cada luz acende conforme um strike aconteça. Quando duas já tiverem acesas, assim que acontecer o próximo strike, ou é eliminado por groundout, por exemplo, as luzes voltam a ficar apagadas.
  • Verde claro: Nessas luzes, são marcados quandos jogadores já foram eliminados nessa parte da entrada. 
  • Cinza: A luz acende quando o resultado da jogada é uma rebatida válida.
  • Ciano: A luz acende quando o resultado da jogada é um erro.

Placar na TV

Lógico que Baseball direto do ballpark é lindo, mas pela TV também tem seu charme.
Fonte: Site Awful Announcing
  • Vermelho: São os times que estão jogando, em cima fica o visitante, que rebaterá primeiro, embaixo, o time da casa, que rebaterá em segundo. Aqui fica bem claro o “top of” e o “bottom of
  • Verde: Aqui está o resultado parcial (ou final), do jogo, ou seja, o total de corridas anotadas em todos as entradas que foram jogadas até o momento. Ou seja, o Yankees está perdendo de 7 a 2 para Tampa Bay.
  • Azul: Nessa área é mostrado se estamos na parte alta ou parte baixa da entrada. Aparecerá TOP (parte alta, top) ou BOT (parte baixa, bottom), ou até o número da entrada e uma seta para cima (parte alta) ou uma seta para baixo (parte baixa).
  • Amarelo: Esses quadradinhos apresentados nessa parte, vão ficando coloridos conforme um rebatedor ocupa uma base.
  • Rosa: Aqui são mostrados quantos arremessos o arremessador que está no montinho já realizou na partida (P de pitchs).
  • Laranja: Nessa área são mostrados quantos rebatedores já foram eliminados nessa parte da entrada.
  • Preto: Nessa área conseguimos ver quantas balls e quantos strikes já aconteceram no confronto entre o rebatedor e o arremessador. Do lado esquerdo são as balls, e do lado direito, os strikes.

O que vem por aí?

E finalmente chegamos ao fim do “The book” sobre Baseball. Logicamente nosso ponto acabou sendo muita coisa da MLB e de liga para liga, podem haver pequenas mudanças, mas o conceito do jogo sempre será o mesmo. O que vem por aí é o Opening Day, mesmo que ainda não esteja claro para nós, quando será a data. Esperamos que apenas 15 dias pra frente mesmo.

De qualquer forma, o tailgate zone não te deixará sem conteúdo de Baseball. Vem com a gente, nos sigam por todos os lados, Twitter, Instagram e Facebook, que ainda traremos tanto podcasts, quanto textos, contando mais um pouquinho da MLB e também trazendo histórias interessantes. 

Também prometemos trazer um “The book” especial, para explicar como preencher um scorecard; que nada mais é, que uma folhinha muito da interessante, que você pode preencher com os dados do jogo de Baseball, enquanto assiste na TV; ou então, dentro de um ballpark.

Então é isso, obrigado por acompanharem o primeiro “The book” do tailgate zone e; uma última pergunta, você acha que já está pronto para assistir ao seu primeiro jogo e em seguida se apaixonar pelo Baseball? Não precisa tomar cuidado não, esse amor é maravilhoso.

Índice

Parte 1 – Competição
Parte 2 – Estatísticas
Parte 3 – Posições
Parte 4 – Arremessos
Parte 5 – Explicações gerais

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