Do que é feito Derrick Rose?

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Você lê o título e pensa, “que comida é essa? quais ingredientes vão nesse troço aí”. Lógico que essa foi só uma piada muito ruim, se você chegou até aqui, sabe de quem estou falando. Derrick Rose, D-Rose para os mais íntimos e os fãs. O cara que mais passou tempo na enfermaria dos clubes do que dentro de quadra. O jogador mais novo a ganhar o prêmio de MVP da NBA. O cara que aos 30 anos, anotou 50 pontos numa noite de dia das bruxas e registrou seu recorde de pontos em um único jogo.

Esse texto pode parecer atrasado, mas não está não. D-Rose não teve só esse jogo de 50 pontos, ele teve um novembro maravilhoso. Como diria o grande craque Neto, está sendo um “baita jogador”, mesmo vindo do banco. Sou obrigado a revelar, que nunca fui um dos maiores fãs de D-Rose, mas também nunca neguei seu talento. Justamente por isso, ao rever toda a mídia em torno do cara, sentei para vê-lo em quadra na última segunda-feira.

Bom, talvez eu tenha secado ele, ou então, ele que não quis jogar para a minha audiência. 25 minutos em quadra, três rebotes e cinco assistências, nenhum mísero ponto. Quatro arremessos de quadra, um chute de três, nada convertido. Teria sido uma noite decepcionante não? Não, pra mim virou algo reflexivo. Vê-lo em quadra, se movimentando bem, buscando jogo, parecia uma música boa aos ouvidos (a que te agradar mais amigão, aqui é diversidade). No fim do jogo eu só me perguntava: Do que esses caras que chegam a NBA são feitos? Melhor ainda, do que esse cara é feito? Do que D-Rose é feito?

Voltando a fita e vendo a imagem de seu choro no jogo de 50 pontos , algumas palavras me vieram a mente.

Resiliência

2011, o jogador mais novo a conseguir o prêmio de MPV da NBA. Cara! Eu tenho 22 anos, 22 anos! Estou três anos na liga e passei por cima desses caras todos aí: Lebron, Kobe, Nowitzki, Ginobli, Chris Paul, Tony Parker e outros. Eu ganhei essa bagaça com 113 votos de 121 possíveis. Consegue imaginar a cabeça do jovem? Consegue imaginar a empolgação para o início de uma nova temporada?

Eu estou empolgado de lembrar disso, você prestou atenção nisso? Imagina se fosse eu que tivesse vivendo isso então? É mágico, é grande demais, é colocar o seu nome na história. Quem não quer isso?

Pois bem, aí você está cheio de energia e começa uma nova temporada, você joga 39 jogos, quase a metade dela e então? A vida não é o seu Toddynho gelado (patrocina “nóis”, que nem ligamos para as latas de Nescau, ou então, Nescau patrocina “nóis”, o que acha?) e então um garoto de 22 anos, vivendo o ápice de sua carreira, rompe o ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo. O famoso ACL, ou então LCA para nós tupiniquins.

Difícil não? Temporada 11/12 adeus, temporada seguinte só sou liberado no mês de março então prefiro não jogar a temporada. Ótimo, temporada 13/14 eu volto com tudo. Só que não, logo após 10 jogos (jogando mal, diga-se de passagem), o joelho direito é quem vira estrela. Menisco rompido, cirurgia realizada e mais uma temporada sem jogar.

As duas temporadas seguintes pelo Bulls, conseguiu ficar longe de seu bicho papão, mas seus números não chegaram nem perto daquele garoto escolha número 1 do draft. Desse jeito, fim de contrato e os Bulls decidem não renovar com ele e seu destino é a Big Apple.

Humildade

Chicago é uma grande cidade? Sim e D-Rose nasceu lá. Além de linda, grande, poderosa, um grande centro dos esportes americanos, já que grandes times estão lá e grandes nomes passaram por eles, inclusive o maior de todos no basquete. Só que agora, ir para os Knicks, uma mudança para Nova York, o maior centro de todos, poderia ser um divisor de águas e um ponto final a suas lesões e ao baixo rendimento.

Pois bem, o cara melhorou, subiu sua média de pontos por partida e melhorou muito sua porcentagem de arremessos de quadra. Inclusive, essa porcentagem foi maior que a registrada quado foi MVP. Então o cara tomou mais uma, assim como Joseph Klimber. Ao final da primeira temporada com os Knicks, o menisco do joelho esquerdo foi quem apareceu. Mais uma cirurgia no joelho, mais uma temporada encerrada.

Obviamente, seu contrato que era de apenas um ano e com um valor alto, não foi renovado pelos Knicks e ele voltou a ser agente livre no ano seguinte. Sem problemas, Lebron James precisava de ajuda e os Cavs trataram de levar D-Rose para Cleveland. Dessa vez ele não seria a estrela, não seria titular, teria outro contrato de um ano e com o menor valor de toda sua carreira.

Ele topou, seu foco era melhorar, ficar longe das lesões e voltar a vencer. Sua mente estava voltada em vencer, vencer e vencer, ele merece isso. Titular ou não, estrela ou não, a ideia era trabalhar para reconquistar o seu lugar ao topo. MVP? Não sei se via isso, mas o desejo era estar novamente entre os grandes nomes da liga.

É disso que ele é feito

Alguns jogos depois, poucos minutos em quadra, baixa média de pontos e um tornozelo torcido abalaram de vez o jogador. Ele ficou afastado dos Cavs e no final de novembro pulavam notícias nas redes sociais de que estava repensando a sua carreira, talvez fosse se aposentar. Pois bem, ficou longe por um mês e depois disso voltou para continuar o tratamento em seu tornozelo.

Em janeiro voltou a jogar, mas não durou muito nos Cavs. No apagar das luzes da janela de trocas, o Cavs mandou D-Rose para o Jazz, que por sua vez dispensou o jogador. Parecia realmente o fim, mas não foi. Em março desse ano assinou com os Timberwolves, para se reunir novamente com Tom Thibodeau e Jimmy Butler.

Com o segundo, a reunião foi pouca, porque Butler já rumou para a Philadelphia, mas isso não importa. O que importa é que pela primeira vez, desde muito tempo, D-Rose teve uma offseason em que se preocupou apenas com o seu jogo e não com lesões. Finalmente chegamos aqui, temporada 2018-2019.

São 22 jogos, quase 30 minutos em quadra, média de 18,4 pontos por jogo, 49,8% de aproveitamento nos arremessos e números próximos ao de sua temporada como MVP. Claro, a maior surpresa, melhorou seu arremesso de três, um aproveitamento de 48,7%, que deixam o jogador no top 5 da NBA no momento.

Resiliência, humildade. D-Rose pensou em desistir, mas não desistiu. Recebeu chances, abraçou todas. Segundo ele, concorrer pelo prêmio de sexto homem é algo gigante. Ele quer competir, ele quer vencer, ele quer continuar colocando seu nome na história. Até poderia não ser um dos meus preferidos, mas agora é.

Boa sorte D-Rose!

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