Times históricos #11: Chicago Bulls 1995-96

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E no último dia de 2021, depois de 30 times históricos que passearam pelas quatro grandes ligas americanas, chegamos no último time dessa coluna. Os planos para 2022 são outros e abriremos outra coluna tão especial quanto. Faremos a pausa com os times para poder homenagear aqueles que fizeram esses times serem grandes e também os seus esportes serem grandes. Mais do que isso, aqueles que fora da quadra, do campo, do rinque, do ballpark, foram importantíssimos para a sua comunidade.

Mas antes de tudo isso, precisamos fazer a homenagem tão merecida a um daqueles times que talvez marque época entre todas as grandes ligas americanas. O time que já foi alvo de séries e que independente do time que torça, ao menos três jerseys desse time você gostaria de ter; a #23, a #33 e a #91 (para o Fernandão, acho que até a #7). Isso mesmo caro amigo tailgater, fecharemos a coluna de times históricos com o gigantesco Chicago Bulls de 1995-96.

Chicago Bulls

O Bulls de 1995-96 bateu muitos recordes para uma franquia em temporada regular. Daqueles recordes que impressionam a todos. Esse Bulls registrou o recorde de melhor desempenho fora de casa (33-8), o recorde de melhor começo de uma temporada (41-3), o recorde de sequência de vitórias em casa (44 vitórias), esse contou com 7 vitórias da temporada anterior, mas ainda teve um último recorde, que é o de melhor começo de temporada em casa (37-0).

Esse time do Bulls também foi o recordista de vitórias na NBA por muito tempo, terminando a temporada com 72 vitórias e 10 derrotas. Mas em 2016 um certo Golde State Warriors, de Stephen Curry, Klay Thompson e Draymond Green, comandados por Steve Kerr, que esteve no recorde dos Bulls, alcançou as 73 vitórias e apenas 9 derrotas. Isso talvez gere uma discussão, legítima, entre qual dos dois times é o melhor de todos os tempos. No entanto, só um deles terminou campeão.

Comparações

Enfim, se nesse Warriors de 2016 existia um trio de respeito, o Bulls de 1995-96 não deixava nada a desejar e teve talvez o melhor trio de todos os tempos. Enquanto Curry era a estrela maior do Warriors, Michael Jordan era a estrela do Bulls. Se Klay Thompson era o cara de desafogo do Curry, Scottie Pippen sempre foi o parceiro necessário de Jordan. Por fim, temos dois jogadores fundamentais na defesa e que sempre levaram, de certa forma, a fama de sujos.

Draymond Green nunca foi dos jogadores mais habilidosos, mas Dennis Rodman era diferenciado e foi a peça que o Bulls precisou para conquistar mais títulos. Seja com sua proteção no garrafão ou com os diversos rebotes e até mesmo com sua extravagância em quadra (fora dela também) marcando época. Enfim, só para começarmos a falar desse poderoso trio de 1995/96, vamos trazer os dados do GOAT (Greatest of all time).

Elenco

Michael Jordan passeou durante a temporada. Suas médias foram de 30.4 pontos (cestinha da temporada), 6.6 rebotes, 4.3 assistências e 2.2 roubos de bola (3º melhor da liga). Com todas essas estatísticas, não teve como, ele foi o MVP da temporada, do All Star Game e, fatalmente, das finais da NBA. Ele ainda foi integrante do time ideal da NBA e do primeiro time de defesa. Mas apesar dele ser uma lenda, seus parças também foram incríveis.

Pippen e Rodman também fizeram parte do primeiro time de defesa daquele ano. Pippen também fez parte do time ideal. Dennis Rodman participou de 64 jogos nessa temporada, 57 como titular e registrou médias de 5.5 pontos, 14.9 rebotes (primeiro da liga) e 2.5 assistências. Já Pippen participou de 77 partidas e teve médias de 19.4 pontos, 6.4 rebotes (nos playoffs essa média foi para 8.5 por jogo), 5.9 assistências e 1.7 roubo de bola.

Mas esse time não era só esse trio não. Outros jogadores foram coadjuvantes de respeito nessa temporada, daqueles que em Hollywood roubam a cena, como um Heath Ledger por exemplo.

Coadjuvantes

Vamos falar de alguns desses coadjuvantes de luxo do Bulls. O primeiro deles talvez seja Ron Harper, afinal, esse foi titular em todos os jogos que disputou (80). Nesse 80 jogos, conseguiu ficar com médias de 7.4 pontos, 2.7 rebotes, 2.6 assistências e 1.3 roubo de bola. Depois de Harper, temos que falar de um dos queridos do nosso amigo Fernandão; o #7, Toni Kukoc. Ele esteve presente em 81 jogos, 20 deles como titular, mas foi fundamental na busca pelo título.

Kukoc terminou com médias de 13.1 pontos, 4.0 rebotes e 3.5 assistências, que acabaram lhe rendendo o prêmio de sexto homem da temporada. E Kukoc era apenas um dos estrangeiros desse time, que ainda tinha Luc Longley. Foram 62 jogos com os Bulls, todos eles como titular, fechando a temporada com médias de 9.1 pontos, 5.1 rebotes, 1.9 assistência e 1.4 toco por jogo. Além disso, Longley também deixou sua marca como o primeiro jogador australiano a jogar na NBA.

Ainda temos que falar de mais três coadjuvantes; John Salley, Bill Wennington e Steve Kerr. Salley, que já tinha sido bicampeão com o Pistons em 1989 e 1990, chegou primeiramente por 10 dias e acabou ficando até ao final da temporada, dando mais experiência para um elenco que já era tricampeão. Wennington teve 71 jogos pelo time e foi titular em 20 deles. Por fim, vamos de Steve Kerr, que jogou os 82 jogos da temporada, com médias de 8.4 pontos, 1.3 rebote e 2.3 assistências. Mas o mais impressionante não foi só o seu aproveitamento em bolas de 3 (segundo melhor da liga, 51,5%), mas também os momentos chaves que as acertou.

Phil Jackson

Mas claro, tanto talento reunido em quadra precisava de uma “cola” para que nada disso desse errado. Essa “cola” era Phil Jackson, o técnico mais vitorioso da história da NBA, 11 títulos ao todo, sendo 6 com o Bulls e outros 5 com o Lakers. Muito conhecido por colocar em prática o triângulo ofensivo de Tex Winter, mas também pelo seu estilo de mentoria influenciada pela filosofia oriental, que até gerou o apelido de “Zen Master”.

Jackson aplicava práticas espirituais nativas americanas, em busca de maior desempenho e concentração de seus comandados. Falar dele é meio que chover no molhado. Até pelo motivo dele ser autor de vários livros que contam suas vivências no mundo do basquete, todos sempre muito sinceros e contando ótimas histórias. Em 1996, depois do título ele ainda foi nomeado como um dos 10 melhores técnicos da história da liga.

Phil Jackson e o Bulls chegaram aos playoffs em todos os anos que estiveram juntos. Melhor que isso, eles só falharam na busca por títulos 3 vezes. A primeira delas foi na temporada de 1989/90, primeiro anos de Phil Jackson como treinador e depois mais dois anos logo após a aposentadoria de Jordan. Na temporada de 1993/94, o time caiu para o Knicks na final de conferência e na temporada 1994/95, apesar da volta de Jordan ao final de temporada, o time perdeu novamente na final de conferência, mas dessa vez para o Orlando Magic de Shaq.

Números

Muitas estrelas, muito entrosamento, muito trabalho. O time dos Bulls deixou muitos elencos fortíssimos pelo caminho. A década de 90 foi repleta de jogadores incríveis e elencos maravilhosos, mas o que esse Bulls fazia era de outro planeta. Os números não nos deixam mentir. Além de todos aqueles que comentei no começo do texto, ainda vemos alguns recordes individuais e até em dupla.

Em 18 de fevereiro de 1996, Michael Jordan com 44 pontos e Scottie Pippen com 40, se tornaram a primeira dupla do Bulls, e a nona da história da NBA em ter um jogo de 40 ou mais pontos cada. Infelizmente a marca foi contra o meu Pacers, que naquela época não falava em rebuild. Phil Jackson chegou na vitória de número 400 e se tornou o 26º treinador mais vitorioso da liga.

Jordan alcançou a marca de 23.000 pontos na carreira e meses depois chegou na marca de 24.000 pontos na carreira. Por fim, o GOAT também chegou na marca de 2.000 roubos de bola, tornando-se o 4º na história da liga. Uma temporada emblemática, marcada por recorde de vitórias na história da liga e por diversos recordes de franquia e de jogadores, que tinha que permitir mais um dado interessante.

Ao final de temporada de 1995/96, o Bulls alcançou a sequência de 437 jogos em casa com todos os ingressos vendidos, incluindo temporada regular (365) e playoffs (72). Embora esse número seja metade do recorde atual, que pertence ao Dallas Mavericks, para uma franquia como Chicago, que até a chegada de Jordan não era tão relevante, é um marco e tanto. Por fim, nessa temporada ainda vimos Jerry Krause ser eleito o executivo do ano. Ironicamente foi o próprio Krause que acabou desfazendo o time anos depois.

Playoffs

Enfim, depois de 72 vitórias na temporada regular, o Bulls fez mais bonito ainda nos playoffs. Na primeira rodada eles pegaram o Miami Heat de Alonzo Mourning, Jeff Malone e Tim Hardaway. O Bulls venceu a série por 3-0, destaque para os jogos 2 e 3. No jogo 2 uma vitória por 31 pontos e no jogo 3, Pippen acumulou um triplo-duplo com 22 pontos, 18 rebotes e 10 assistências.

Depois de Miami o adversário foi o New York Knicks de Pat Ewing e Charles Oakley. Nessa série o Bulls preciso de 5 jogos para levar a melhor. O Knicks conseguiu vencer um jogo no Madison Square Garden, mas nunca pareceu ter forças para vencer um time que tinha Jordan voando em todos os jogos. No entanto, o destaque do último jogo da série ficou para Pippen e Rodman, que fizeram duplo-duplos.

Revanche na final de conferência

Na final de conferência Chicago voltou a enfrentar o Orlando Magic de Shaquille O’Neal e Anfernee Hardaway, que na temporada anterior tinha levado a melhor. No entanto, com Jordan mordido e dessa vez muito mais preparado, a série ficou fácil, 4 a 0. Jordan teve média de 34 pontos na série. Destaque para o jogo 4, em que marcou meros 45 pontos.

Depois da varrida vingativa, o Bulls encontrou o Seattle Supersonics na final da NBA. De certa forma tivemos uma final digna de um time histórico. Seattle teve uma temporada incrível, com 64 vitórias e 18 derrotas, mas foi totalmente ofuscada pelo recorde do Bulls. Na temporada regular, as equipes se enfrentaram duas vezes e tiveram uma vitória cada, o que seguia dando a entender que seria uma grande série.

Eis que começa a série, Chicago vence Seattle por 17 pontos no primeiro jogo e depois no segundo jogo, mais equilibrado, os 20 rebotes de Dennis Rodman foram fundamentais. Chega o jogo 3, Chicago novamente apronta das suas, Jordan marca 36 pontos e a vitória vem folgada, por 22 pontos de diferença. Tudo indicava que seria uma varrida, mas aí veio uma mudança perfeita de Seattle.

A final

Para o jogo 4 George Karl, técnico de Seattle, colocou Gary Payton para defender Michael Jordan e as coisas melhoraram. Gary Payton, vou deixar o coração me levar, é o maior armador defensivo da história da NBA. Mais do que isso, provavelmente ele tenha sido o melhor defensor que a NBA já viu em qualquer posição. Não foi a toa que ele foi 9 vezes seguidas integrante do primeiro time de defesa da liga.

Inclusive, em 1996 ele foi escolhido como o jogador de defesa da temporada. Enfim, do jogo 4 ao jogo 6 ele passou a marcar mais Jordan e Seattle conseguiu roubar dois jogos. O primeiro, jogo 4, com uma diferença de 21 pontos no placar e no jogo 5, 11 pontos de diferença. Com a série 3 a 2, todos começaram a pensar que finalmente alguém bateria o Bulls de Jordan. O problema é que Payton estava voltando de lesão e não estava 100%.

Sem Payton estar em sua melhor forma e com o seu reserva, Nate McMillan, machucado, era preciso priorizar a defesa dele ao invés do ataque e isso pesou bastante no jogo 6. Voltando ao United Center, o Bulls contou com todos seus coadjuvantes para levantar o caneco. Luc Longley com 12 pontos, Toni Kukoc e Ron Harper com 10 pontos, Steve Kerr com 7 e o escudeiro de Jordan, Scottie Pippen, com 17 pontos. Sem contar os 19 rebotes de Rodman.

Um time para a história

Uma vitória em equipe, espetacular, digna de encerrar a nossa coluna e digna de ser tratada como uma das principais equipes em todos os esportes coletivos. Todos os elementos para ser histórica ela tem, inclusive um recorde improvável de vitórias e que recentemente foi quebrado por uma equipe que não conseguiu encerrar a temporada da mesma forma que eles; segurando o caneco. Uma salva de palmas para o basquete da década de 90, vida longa ao Bulls de 1995-96, que representou o quão marcante a franquia foi para a época. É isso, valeu amigo tailgater, nos vemos em 2022 com uma nova coluna.

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