Seguindo nossa coluna sobre as ligas americanas e o impacto do COVID-19 nelas, chegamos à última delas, e a que mais temos esperança, a NFL. É bem verdade que a temporada só começará em setembro, e não teremos nenhum compromisso de fato importante até o início dos training camps em julho. Porém, devemos debater a viabilidade da liga, e saber se haverá NFL após a COVID-19.

Uma breve linha do tempo

2 de fevereiro – O Super Bowl acaba com vitória do Kansas City Chiefs. Contudo, as passeatas de vitória e movimentação por causa do jogo podem ter sido vetores de transmissão do vírus, sobretudo na Califórnia.

12 de março – Encontro dos donos de franquias da NFL é cancelado. Várias viagens e encontros da NFL são cancelados, como o Pro Day nas universidades. O draft é confirmado, mas virtualmente, com as atividades que aconteceriam em Las Vegas canceladas. Além disso, a XFL anuncia a suspensão de sua temporada e a CFL anuncia mudanças no cronograma de pré-temporada

31 de março – A liga anuncia que pretende anunciar até o dia 9 de maio um plano para início da temporada sem contingências.

27 de abril – Roger Goodell afirma que só irá aplicar contingência na liga caso necessário, e discute uma temporada com início em outubro, sem bye weeks e com o Super Bowl no fim de fevereiro.

O panorama nos EUA

Os EUA estão lidando com mais casso, mas começaram a tomar mais conta da situação. Dentre os países que mais conseguiram controlar a pandemia (Vietnã, Coreia do Sul, Alemanha) uma medida em comum foi o número de testes.

Os EUA começaram a realizar mais testes em sua população, e assim, conseguir saber com mais precisão quem tem ou não o novo corona vírus. Com isso, descobriram que cerca de 20% da população da cidade de Nova Iorque foi contaminada, o que explica o surto em todo o estado.

Porém, ainda em Nova Iorque, vem o caso mais infame da semana, já que a emergência da cidade atendeu a mais de 30 chamados por ingestão de desinfetante. Isso aconteceu após uma coletiva de imprensa na qual o presidente Trump questionou se o desinfetante não poderia matar o vírus na pessoa, como faz na roupa, ou se não deveria fazer uma pesquisa a partir disso. Com isso, algumas pessoas ingeriram o produto acreditando que ficariam livres do corona vírus.

O governo também suspendeu a expedição de novos green cards para imigrantes legais. Espera-se que a imigração diminua com isso, e assim tenha menos pessoas circulando pelo país. O preocupante é esta medida se tornar da política anti-imigração que o presidente prega há algum tempo.

Haverá NFL após o COVID-19?

Mesmo com a pandemia, o draft da NFL atingiu recordes de audiência. Talvez, por causa da pandemia isso tenha acontecido, já que a falta de esportes e o tédio em casa fariam um apaixonado por esporte assistir qualquer coisa. Foram mais de 15 milhões de pessoas assistindo o primeiro dia do evento, que não teve muitas surpresas mas contou com várias bizarrices. Além disso, houve o NFL Draft-A-Thon LIVE, um evento online que angariou mais de US$ 100 milhões para o combate contra o COVID-19.

Dentre os jogadores que contraíram o vírus, o mais notável era Von Miller. Ontem mesmo, o Denver Broncos já soltou uma nota dizendo que o atleta está curado da doença. Infelizmente, o antigo kicker do New Orleans Saints, Tom Dempsey, acabou falecendo devido à complicações relacionadas à doença.

Um caso muito interessante e que ficou emblemático na na última semana é o guard do Kansas City Chiefs, Laurent Duvernay-Tardif. Em fevereiro ele estava celebrando a vitória no Super Bowl com seus companheiros. Hoje, o atleta canadense formado em medicina trabalha na linha de frente, em um hospital em Montreal. Além disso, ele trabalha junto com a associação de jogadores (NFLPA) para garantir medidas seguras para a volta do esporte no próximo semestre.

As propostas até o momento

Uma das propostas que já falamos seria: começo de temporada em outubro, sem bye weeks e com Super Bowl no final de fevereiro. Considerando a situação, adiar em um mês pode fazer bem para diminuir o contágio pelo esporte. Porém, ais importante que o tempo, é adequar a estrutura. E aqui, aquela ideia de outras ligas de concentrarem os times em poucas cidades não é viável, já que os elencos da NFL são grandes e a infraestrutura para treino é pesada também, além de levar muitas pessoas aos estádios.

Os jogos internacionais ainda estão mantidos, e a liga não soltou nenhuma nota ainda se haverá mudanças na temporada. Porém é de se esperar alguns adiamentos como training camps, e até mesmo do início da mesma, como na proposta que falamos acima.

Por ainda estar muito longe de começar, podemos dizer que é muito provável que a temporada da NFL ocorra esse ano. Os mandatários da liga têm tempo para estruturar a liga, e caso não haja nenhuma piora quanto à pandemia (e torcemos para que não haja), a temporada poderá ocorrer com alguns ajustes, e quem sabe, até mesmo nas datas regulares.

Contudo, é necessário que seja levado em conta a estrutura dos times, e não só basear no adiamento do início da temporada. Como é necessário evitar aglomerações, uma equipe com 53 jogadores já é uma baita aglomeração, fora que o número de torcedores no estádio deve ser reduzido drasticamente.

Mas e os contratos?

Na NFL, não há muito impacto ainda nas questões contratuais. Como a temporada está para começar, os contratos ainda estão vigentes até o ano que vem. Porém, caso a liga tenha seu início adiado, podemos esperar que os cortes do elenco também sejam adiados.

Além disso, apenas a circulação para visitas e treinos foi limitada na free agency e draft, mas sem muitas complicações. E assim como na NHL, muitos jogadores estão ajudando funcionários dos clubes e dos estádios, além de fundações de caridade, para sobreviverem nesta época que não podem trabalhar.

Quem mais acabou prejudicado foi a XFL. Com o fracasso da Alliance of American Football no ano passado, a XFL teve um bom início neste ano, com bons jogos e público razoável. Com a suspensão da liga devido à pandemia, hoje existem boatos que a liga será cancelada, já que não seria possível levantar fundos suficientes para arcar com os prejuízos.

Recado para vocês

Meu recado vai ser o de sempre, fiquem em casa, se exercitem e cuidem da saúde mental de vocês. Ah, e não escutem quem fala besteira sobre o assunto, já não basta a ansiedade, não precisa ter o estresse. Mas hoje, não vou dar dica de filme ou série, vou fazer uma chamada. Iremos debater essa coluna hoje (01/05) às 21h numa live do YouTube, e espero ver você lá, no canal do tailgate zone. Até mais tarde e fique bem!