Times históricos #8: Pittsburgh Steelers 1978

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Os times históricos não estão mais nas redes sociais e vieram direto pro site. No mês passado nós falamos do Boston Red Sox de 2004, pelo olhar apaixonado, mas coerente, do nosso querido Luquiba. Já nesse mês, voltamos a falar um pouco de futebol americano, que foi pouco abordado nessa coluna. Então, vamos com o Pittsburgh Steelers de 1978, a 46ª temporada da franquia na NFL, que combinou a já famosa “Steel Curtain”, com uma temporada de MVP de Terry Bradshaw, para levar o título de forma impressionante.

Mudanças de regras

Na década de 70 o Steelers montou uma das defesas mais impressionantes da história da NFL, a “Steel Curtain”, ou cortina de aço para os mais íntimos. Essa defesa era tão ou mais física do que foi a defesa dos Bears de 1985, já abordada nessa coluna. Até por essa dominância, na temporada de 1978 a NFL trouxe várias mudanças importantes para passar a abrir mais espaços no ataque e dificultar a vida das defesas. Como por exemplo, a regra que proibia os defensores de ter contato com os recebedores a mais de cinco jardas da linha de scrimmage.

Inclusive, essa regra acabou sendo conhecida como “Mel Blount rule”. Mel Blount foi um dos cornerbacks mais físicos de sua época e fazia parte da cortina de aço dos Steelers. Enfim, é meio óbvio que essas regras irritaram muito o grande técnico do Steelers, Chuck Noll, que anos depois da mudança mandou uma mensagem bem direta as franquias que apoiaram as mudanças.

Eles nos atacaram da maneira como legislaram as regras. As pessoas estavam tentando ganhar um campeonato por meio da legislação. Eu não acho que você faça isso. Mas sejam quais forem as regras, você tem que se ajustar a elas e jogar com elas. Quando eles mudaram as regras, Terry aproveitou e seu jogo aéreo melhorou. Já o que aconteceu com o Mel (Blount) é que ele teve mais interceptações.

Talvez esse incomodo e essa irritação de Chuck Noll com a liga tenham sido o maior benefício para o Steelers, pois o head coach foi o que conseguiu ajustar a sua equipe mais rápido às novas regras. Como dito em sua frase, o ataque melhorou graças as novas regras, pois catalisaram a transição da equipe de um jogo de corrida e de força, para um ataque aéreo. Já a defesa, que deveria desacelerar também acabou melhorando, conseguindo mais turnovers e preocupando mais ainda os ataques adversários.

Elenco

Muitos jogadores que estiveram presentes na temporada de 1977 não retornaram ao time, como por exemplo, Ernie Holmes (defensive tackle), Jimmy Allen (safety) e Glen Edwards (safety). No entanto todos esses foram cortes para evitar eventuais distrações no elenco, já que eles tiveram disputas contratuais durante a temporada anterior. Inclusive, nomes como o de Ernie Holmes, Glen Edwards e o Frank Lewis (wide receiver), acabaram perdendo seus postos de titulares ainda na temporada de 1977.

O mais interessante na montagem desse elenco do Steelers para 1978 é que os jogadores que vieram nas trocas dos nomes citados acima, nada acrescentaram ao time. O mesmo também aconteceu com o Draft dos Steelers, apesar das 14 escolhas que o time fez, nenhum jogador de impacto foi pego. De qualquer forma, dentro de casa os Steelers visualizavam o crescimento de nomes como o de John Stallworth e Lynn Swann, além de jovens como Jim Smith e Randy Reutershan. Mas mesmo assim, o nome do ataque foi Terry Bradshaw.

Acompanhado de Franco Harris no backfield, Bradshaw surpreendeu a muitos, que já achavam que sua carreira estava acabada. Sem dúvida aquela foi a melhor temporada do quarterback até aquele momento. Bradshaw terminou a temporada como o MVP da liga, liderando o número de touchdowns passados (28) e empatou com Dan Fouts na liderança em jardas por tentativa de passe (7.9 jardas). Terry Bradshaw só não fez chover enquanto esteve no pocket e encaminhou o time, junto da defesa extraordinária, para um recorde de 14-2.

Mas as mudanças na franquia não ficaram apenas com os jogadores. A equipe técnica do Steelers passou por uma série de mudanças após a temporada de 1977. Desde o principal assistente de Chuck Noll, Bud Carson, que virou coordenador defensivo do Los Angeles Rams. Até o técnico de linha ofensiva Dan Radakovich, que esteve com os Steelers desde 1974, mas aceitou uma proposta para ser coordenador defensivo do San Francisco 49ers. Radakovich foi creditado por transformar a linha dos Steelers em uma das melhores da liga.

Polêmica antes da temporada

A temporada de 1978 começou com algumas polêmicas envolvendo o Pittsburgh Steelers. Durante um rookie camp, jogadores foram pegos usando shoulder pads em treinos, o que violaria as regras da liga. Chuck Noll fica muito irritado com o jornalista que escreveu a matéria e o trata como um espião e não um reporter, colocando o jornalista como um traidor da cidade de Pittsburgh. O Green Bay Packers também acabou caindo nessa regra um tempo antes e perderam uma escolha no draft do ano seguinte.

Como a franquia alegou que não sabia da regra na época, conseguiu perder apenas uma escolha de quarta rodada. Mas como o caso do Steelers foi depois, não existia mais essa “desculpa”, já que o presidente do time, Dan Rooney, foi fundamental nas negociações para incluir a regra no acordo coletivo de trabalho com os jogadores da liga. O comissário da NFL, Pete Rozelle, acabou tirando do Steelers uma escolha de terceira rodada. De qualquer forma, essa polêmica parece não ter afetado em nada o time.

A temporada

O Steelers já começou a temporada de 1978 com sete vitórias seguidas, dando o seu cartão de visitas para a NFL. Esse começo foi o melhor na história da franquia. Infelizmente, logo após as sete vitórias, logo no horário nobre, num Monday Night Football, os Steelers perderam para o extinto Houston Oilers. De qualquer forma, eles perderiam apenas mais um jogo, para os Rams, na semana onze. Mas depois engatou uma sequência de 5 vitórias, para fechar a temporada regular com o melhor recorde da liga.

A dominância dos Steelers era tanta que no combinado dos jogos eles derrotaram seus adversários por uma margem de 161 pontos! Jogando muito forte nos dois primeiros quartos e apenas administrando nos últimos dois quartos. Enfim, chegando aos playoffs com o melhor recorde da AFC, o Steelers teve o direito de mandar todos os jogos em casa. No divisional round o time pegou o Denver Broncos e não teve nem muita história para contar. O placar foi de 33 a 10, com o Broncos marcando apenas nos dois primeiros quartos.

Já na decisão do campeão da AFC, o Steelers pegou o Houston Oilers, o pior classificado para os playoffs daquele ano e melhorou o placar do jogo anterior; 34 a 5. Foram 9 turnovers forçados pela defesa do Steelers e um final de primeiro tempo maluco, com o Steelers marcando 17 pontos em 48 segundos! Primeiro com o running back dos Oilers, Ronnie Coleman, sofrendo um fumble e dando ao Steelers a oportunidade de marcar um touchdown com uma bela recepção de Lynn Swann.

Em seguida, na recepção do kickoff, novamente um jogador do Oilers se atrapalha e a bola é entregue ao Steelers. Então, na conexão Bradshaw – Stallworth, o Steelers consegue mais 7 pontos. Então, novamente o Oilers recebe a bola, mas logo no primeiro snap, Ronnie Coleman novamente se atrapalha com a bola e Roy Gerela, kicker do Steelers, chuta um field goal dando mais 3 pontos ao time. Esse momento final do primeiro tempo foi o que concretizou a vitória. O Oilers nunca representaria uma ameaça para o resto do jogo.

A coroação

Enfim, o Steelers chegava ao Super Bowl XIII e o adversário seria o Dallas Cowboys, o mesmo adversário do Super Bowl X. Inclusive, este Super Bowl, na época, trazia muitas marcas e prometia ser épico. Primeiramente por ter sido o primeiro Super Bowl que apresentou uma possibilidade de revanche, com dois times se encontrando novamente; depois por marcar a primeira batalha para ver quem conquistaria um terceiro Super Bowl pela primeira vez.

Por fim, a última marca que precisa ser mencionada e é uma que segue viva até hoje. Esse foi o único Super Bowl que contou com duas equipes e dois quarterbacks, que já haviam vencido dois Super Bowls na mesma década. Dito isso, o Cowboy era o recém campeão do Super Bowl e terminou a temporada de 1978 com um recorde de 12-4, passando por Atlanta Falcons e Los Angeles Rams, nos playoffs.

O jogo foi muito condizente com as expectativas geradas, sendo até nomeado como “Battle of Champions”. Os dois times chegaram no Super bowl com o carimbo de melhores defesas da liga. Em 1978, o Cowboys permitiu apenas 107,6 jardas corridas por jogo, enquanto o Steelers permitiu apenas 107,8. Cowboys e Steelers aproveitavam os erros para pontuar, mas depois de terminar 7 pontos atrás ao final do primeiro tempo, Dallas não conseguiu mais superar seus erros no segundo tempo e apenas correu atrás do placar o jogo todo.

O Cowboys foi o primeiro campeão a perder no Super Bowl e o primeiro time perdedor do Super Bowl a marcar 30 pontos ou mais. Pelo Steelers, Terry Bradshaw, que foi nomeado o MVP do Super Bowl, teve uma partida espetacular! Completou 17 dos 30 passes para 318 jardas (que se tornou o recorde num Super Bowl naquela época) e 4 passes para touchdown. Além disso, o passe de Bradshaw para um touchdown de 75 jardas no segundo quarto também igualou Johnny Unitas no Super Bowl V para o passe mais longo em um Super Bowl.

Time histórico

Hoje sabemos que este jogo contou com um total de 17 hall of famers em campo, sendo 10 deles do Steelers. Terry Bradshaw, Franco Harris, John Stallworth, Lynn Swann, Mike Webster, Joe Greene, Jack Ham, Jack Lambert, Mel Blount e Donnie Shell. Não tem como olhar para trás e não mencionar o Steelers de 1978 como um time histórico. O Steelers foi a primeira franquia a ser tricampeã do Super Bowl, com um elenco recheado de hall of famers e que não parou por aí. No ano seguinte ainda vem mais um Super Bowl, somando quatro numa década!

Enfim, embora as estatítsticas do FiveThirtyEight não me ajudem a colocar esse time como o melhor do Steelers, já que em 2015 eles classificaram as equipes de 1975 (12º) e de 2005 (34º) na frente da de 1978 (35º), eu sigo por mim mesmo. Os esforços de Chuck Noll para “recriar” um ataque muito mais baseado no passe e uma defesa muito mais pronta para jogar com as novas regras da NFL, faz com que esse time atinja o seu ápice no ataque e vire mais completo que os outros. Mesmo que ainda sim sejam conhecidos pelo apelido dado a sua incrível defesa.

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