Nessa manhã de domingo (03) a Seleção Brasileira voltou à quadra para decidir uma vaga nas quartas de final da Copa do Mundo de Basquete e mais do que isso, seguir na luta pela vaga olímpica. O Brasil encarou a Letônia, que disputa o seu primeiro mundial e já vem escrevendo uma linda história. Apesar de estar desfalcada de seu principal astro, Kristap Porzingis, a Seleção Letã ganhou de duas grandes forças européias do basquete, França e Espanha. Mas muito mais do que isso, apresentou um basquete bonito e resiliente.
Ambas as vitórias contra esses europeus vieram após passar boa parte do jogo perdendo e com uma corrida surreal ao final do jogo. Os destaques da Letônia são vários, até por conta de apresentarem um basquete altamente coletivo. No entanto, dentre os comandados de Luca Banchi, Davis Bertans e Rolands Smits são os principais pontuadores dessa seleção. Smits tem média de 14,3 pontos por jogo e Bertans 12 pontos por jogo. Além desses dois, Arturs Zagars, armador de 23 anos que joga na Lituânia, é um dos principais passadores dessa copa.
Primeiro tempo
A Seleção Brasileira começou o jogo com o mesmo time que vinha jogando ao longo dessa copa. Logo nos primeiros minutos pudemos ver o Brasil atuando da mesma maneira que nas outras partidas: uma defesa muito forte e buscando os pontos com Bruno Caboclo. No entanto, o nosso maior pontuador dessa copa sofria com uma forte marcação da Letônia. Mas pior do que isso, nossa bola de 3 não caía e Yago recebeu a segunda falta ainda no primeiro tempo. Ao menos, do outro lado, Rolands Smits também chegou na sua segunda falta.
O jogo coletivo da Letônia funcionava demais, muitos passes extras e um ataque muito dinâmico. Já o Brasil insistia muito no 1 contra 1 e estacionou no placar. Gustavinho pediu tempo quando a diferença começou a abrir e as instruções do nosso técnico deram certo. Voltamos com um ataque conduzido por Marcelinho Huertas, que diminuiu a diferença para 1 ponto. Inclusive, olhar para o boxscore não chamaria atenção, mas o que Huertas fez substituindo Yago após ele sair com 2 faltas não tá escrito.
Nosso armador Highlander teve a sua melhor atuação nessa copa e de uma vez por todas colocou seu nome na história das copas, ficando apenas atrás de Ricky Rubio quando o assunto é assistências. Infelizmente, uma bola de 3 da Letônia milagrosamente caiu no estouro do tempo do primeiro quarto e fechamos com 22 a 20 pra equipe Letã. Chegamos para o segundo quarto bem mais lentos e vimos a Letônia abrir até 12 pontos de diferença. Gustavinho pediu tempo e outra sacudida de nosso técnico ajudou demais.
Defendendo por zona, brigando bem pelo rebote e lutando bravamente por cada ponto, o Brasil conseguiu cortar a diferença e logo após empatar o jogo com duas bolas de 3, de Yago e Lucas Dias. Fim do segundo quarto, 45 a 42 para a Letônia, que estava matando tudo da linha de 3 pontos.
Segundo tempo
Aliás, vale ser dito, Lucas Dias mais uma vez entrou bem e sendo a luz para o perímetro brasileiro. Nossa seleção seguia repetindo o péssimo aproveitamento dos últimos jogos na linha de 3 pontos. Lucas Dias ajudou tanto, que voltou com os titulares para o segundo tempo. Mas nosso momento foi embora tão rápido quanto chegou. Bruno Caboclo comete sua quarta falta, o Brasil sentiu o baque, desconcentrou e entrou na provocação. Gustavinho pediu tempo, mas o problema já estava criado.
Davis Bertans castigava o Brasil com as bolas de 3 e o nosso ataque estacionou em pontos. Os nossos velhos conhecidos turnovers apareceram e a parcial do terceiro quarto, por si só mostra o quão lastimável foi a atuação brasileira sem Bruno Caboclo, 36 a 21 para a Letônia. Fim do terceiro período, placar 84 a 63. Entramos no último período com Bruno Caboclo de volta, mas com a diferença em 21 pontos, o roteiro da nossa seleção era atacar com coração. Tudo virou adversário do Brasil.
O relógio não nos ajudava, o aproveitamento de 3 não nos ajudava e os deuses do basquete queriam muito ver a Letônia chegar nas quartas de final em sua primeira participação na Copa do Mundo de Basquete. As bolas de 3 do time Letão vinham de todos os jeitos, ou splash, ou chorando no aro, ou até batendo em todos os lados da tabela até entrar. O time brasileiro carregou em faltas e o placar estacionou completamente. Enfim, triste fim para a Seleção Brasileira e uma grande história escrita pela Letônia.
Precisamos trabalhar
Vitória da Letônia por 104 a 84. A Seleção Letã de certo é a história dessa Copa do Mundo de Basquete. Apresentou um jogo simples, na mais pura essência do esporte, totalmente coletivo e sem grandes estrelas. Enquanto isso, nossa seleção fez o melhor que podia, com as peças que tinha. Cometemos nossos erros, mas ainda sim mostramos resiliência numa competição onde perdemos um de nossos principais jogadores logo no primeiro jogo. Mostramos também que podemos competir com qualquer seleção do mundo, sobretudo no jogo contra o Canadá, onde todo o plano de jogo foi executado de forma irretocável.
Agora é momento de parabenizarmos a Letônia que fez um jogo muito melhor que o nosso e que era a real favorita para esse jogo. Mas também é hora de olharmos e analisarmos todos os nossos erros e acertos. Não podemos dizer que foi uma performance desastrosa ou que a nossa participação foi um fracasso. Precisamos mesmo é trabalhar na construção de uma liga nacional forte, fomentar cada vez mais o esporte e criar uma base forte, para que em algum momento apareçam novos “Oscares” e “Marcéis”, novos “Nenês”, “Leandrinhos” e “Varejões”.
Enfim, agora vamos buscar a vaga olímpica seja torcendo por Sérvia e Espanha, ou trabalhando muito para levar via pré-olímpico. Fecho a cobertura do Brasil nessa Copa do Mundo de Basquete muito orgulhoso e com ainda mais vontade de acompanhar nossa seleção do que tinha antes do início dessa Copa do Mundo.