Nunca pensei que choraria por futebol novamente – ou por qualquer esporte. Com os anos aquela magia do esporte se perdia cada vez mais dentro de mim. Da mesma forma que torcer sempre foi algo que talvez não tenha nascido para. Certa feita, no último ano, ouvi de um conhecido que eu não era torcedor de verdade. O motivo, se me recordo bem, foi porque disse que o rival do meu time era maior do que o meu. Torcer nunca teve relação intrínseca com a lógica, sempre foi emoção. Então, cara de grande coração que sou, deveria ser o melhor neste negócio. Tentei…
Lembro de na infância tudo ser mais fácil, bonito e belo. Talvez por não dar importância as derrotas, me lembro apenas de bons momentos dos times que torci. Porém, de minha fase lúcida de derrotas e vitórias, apenas uma marca os momentos mais emblemáticos. Talvez, da maneira mais sádica, o tecelão do da história tivesse me reservado os momentos mais cruéis para viver ao lado do meu time. Chorei quando perdemos a Libertadores em 2015, como chorei quando fomos rebaixados no ano seguinte. 2019,2021 e agora 2023. Todos os momentos que me lembrei que amar também é sofrer.
Vencer sozinho é tão ruim quanto perder. Digo, talvez perder acompanhado tenha mais sabor do que uma vitória solitária. Sei que na vida temos que aprender com os ensinamentos da derrota, queria descobrir um dia quais são os ensinamentos da vitória – faz tempo que não tenho uma. Talvez tenha sido o melhor, talvez a vitória fosse tão dolorida quanto essa derrota.
Quando se torce para o Internacional de Porto Alegre morando na Bahia, você não tem muitas pessoas para falar sobre. Neste momento, o amigo que durante anos me acompanhou torcendo pelo time, estava torcendo contra, os valores do time na atualidade não eram os mesmos do time que ele aprendeu a amar. Doeu perder, mas doeu mais ainda perder sozinho, com esse amigo torcendo contra o clube que ele me ensinou a amar. O Clube do Povo só existe pelo seu povo, esse povo que me fazia amar o time. Esse cara me ensinou como é amar um time de verdade mesmo nos piores momentos.
Talvez eu empregue muito valor as coisas simples. Provavelmente um jogo de chutar bolas não seja poético e tentar achar magia nisso seja um tanto quanto leviano de minha parte. Eduardo Galeano conta sobre como conseguiu deixar de torcer para clubes e torcer por um bom futebol. Tentei por mais de uma vez deixar de torcer, tentei me tornar um amante do bom futebol. Todavia, eu amo mais o Internacional do que o futebol. Como todo amor, ele não precisa de motivos, ele não é racional.
Não vou negar aqui, eu queria ter conquistado a América mais uma vez. Mesmo que, essa não possa ser conquistada. Ela é insubmissa, não tem donos. Os grilhões da exploração de outrora não competem mais a América de hoje. Por isso que a amo.
O futebol é assim, ele quebra o seu coração em mil pedaços, mas reconstrói a tempo da próxima temporada. Tinha prometido aqueles que me amam que me afastaria desse esporte por um tempo, com o título ou não. Espero no futuro conseguir enxergar o futebol como vejo o beisebol, como um esporte maravilhoso, com ou sem a vitória do meu time. Hoje, eu só consigo amar o Internacional e ser indiferente ao restante. Espero que no futuro seja diferente. Espero ser um mendigo do bom futebol, como diz Galeano. Espero andar por aí implorando por uma boa jogada e apenas agradecer quando ela acontecer, sem me importar com as cores da camisa de quem a fez.