Olá “au,au” migos. Hoje é uma coluna especial. Primeiramente pelo fato de que esta coluna deixará de ser semanal e passará a ser mensal (última sexta-feira de todo mês). Além disso, também pediremos licença, pois pela 1ª vez na história deste cantinho a mascote destacada nada tem a ver com esportes.
Mas tudo bem, o motivo disso é mais do que especial, é muito nobre: vacinação. Na semana passada começou a campanha nacional de vacinação contra a COVID-19 (finalmente). Quando falamos em vacina que outra coisa vem a mente senão a mascote mais querida das crianças do Brasil: o nosso Zé Gotinha!
Criação
No meio da década de 80, o Ministério da Saúde percebeu que havia uma resistência dos adultos e medo das crianças em relação as vacinas. Mesmo a vacina contra a poliomielite, reduzida a meras duas gotas desde o início da década de 60, as sofria. Para convencer os pais e conquistar as crianças, a UNICEF financiou a contratação do artista plástico Darlan Rosa. A ele coube a criação de um selo-símbolo do programa de vacinação contra a pólio.
A fim de entender as dificuldades e criar inspiração, Darlan acompanhou algumas ações de vacinação no Nordeste para entender melhor a realidade que o Ministério da Saúde deveria combater. Então Darlan fez sua criação, que estreou na campanha de vacinação de 1986.
Ele fez algo lúdico, que chamasse a atenção das crianças de forma positiva. Também tomou cuidado para que a mascote tivesse traços simples e fosse facilmente reproduzida de forma fácil em desenhos e fantasias de qualquer posto de vacinação do interior do Brasil.
Com essa mentalidade, ele desenhou um boneco simples, todo branco e que tinha apenas uma marca distintiva: a cabeça em forma de gota, similarmente a gota da vacina oral contra a pólio.
Linda Trajetória
Inicialmente, o próprio governo o recebeu mal pois “não se deveria usar mascotes lúdicos para tratar de assuntos sérios”. Entretanto, rapidamente ele foi um estouro, as crianças ficaram loucas para vê-lo e não raro eram as notícias de crianças que insistam para seus pais as levarem para ver o Zé Gotinha no posto de vacinação. Seu nome foi escolhido após sugestões enviadas pelos Correios.
Tamanho foi o sucesso de Zé Gotinha que passados 34 anos de sua criação ele continua sendo o principal divulgador das campanhas de vacinação do nosso Sistema Único de Saúde. Posteriormente, o Ministério da Saúde criou uma linha de “Zé Gotinhas” coloridos, uma cor para cada vacina.
Então branco seria para campanhas contra pólio, vermelho contra sarampo, azul-marinho para tuberculose, azul-claro para coqueluche, laranja para difteria e verde para tétano. No entanto, a figura que “pegou” foi a do Zé Gotinha branco e no fim é ele que aparece hoje não importa a campanha.
Em 2002, Darlan Rosa doou seu acervo de desenhos do Zé Gotinha para o governo, inclusive uma tela feita pelo renomado Athos Bulcão, para que se fizesse uma exposição permanente sobre o Zé Gotinha.
Até hoje, ele é figura carimbada nos atos promocionais para eventos de vacinação e grande protagonista no canal oficial do Ministério da Saúde no YouTube. Também tem sua casa no site da FIOCRUZ.
O Novo Desafio
Sua figura é tão marcante que, após pensar na contratação de diversos artistas para lançar a campanha de vacinação contra a COVID nessa semana, o governo abortou todos os planos e abraçou uma divulgação maciça de apenas um único protagonista: Zé Gotinha!
Coitado. Depois de mais de 30 anos de ótimos serviços prestados a vacinação infantil, ele agora terá a árdua tarefa de convencer idosos que, mesmo com suas vastas experiências, ainda acreditam na notícia totalmente falsa que a vacina tem um chip embutido para controlar sua vida.
É imaginação demais até as férteis mentes infantis com as quais nosso super-herói está acostumado. Mas confiamos em você para essa tarefa, nosso querido Gotinha. Vacinas salvam vidas!
Salve, seu Zé! Au! Woof!