Este texto sobre Bill Mazeroski faz parte da série ‘Hall da Fama’ em que contamos a história de alguns de seus membros. Toda terça-feira uma estrela será apresentada.
Bill Mazeroski esteve na MLB por 17 anos, todos eles atuando pelo Pittsburgh Pirates. Conhecido como “The Glove”, sua capacidade defensiva frequentemente ofuscava seu desempenho no bastão.
Mas voltemos ao começo! William Stanley Mazeroski nasceu em 05 de setembro de 1936, em Wheeling (West Virginia). Seu pai, Louis Mazeroski, foi um prospecto do baseball muito celebrado. Mas por conta de um acidente em uma mina de carvão, Louis sofreu uma séria lesão no pé encerrando sua promissora carreira.
Coube então a Bill Mazeroski ser o que seu pai não conseguiu. Já no ensino médio, na Warren Consolidated High School, Bill era uma estrela em múltiplos esportes. Destaques para suas habilidades no basquete e no baseball. Atuando frequentemente como shortstop e arremessador, Bill Mazeroski foi titular absoluto nos quatro anos em que jogou.
Embora tenha recebido proposta de bolsas de estudo da universidades de Duquesne, Ohio State e West Virginia, Mazeroski as recusou todas, já que algumas equipes da MLB já vinham o observando.
Em 1954, depois de várias equipes da Major League terem conversado com Bill, entre elas Cleveland Indians, Boston Red Sox, Chicago White Sox e Philadelphia Phillies, a jovem promessa de 17 anos escolheu o Pittsburgh Pirates, principalmente porque eles concordaram em acelerar seu início no Class A (minor league).
Na MLB
Embora originalmente um shortstop, Mazeroski foi transferido para a segunda base após uma temporada nas minors. Em 7 de julho de 1956, contra o New York Giants (atual San Francisco Giants), no Polo Grounds, Bill Mazeroski fez sua estreia na MLB. Sua primeira rebatida foi uma single sobre Johnny Antonelli (campeão da World Series de 1954), no seu primeiríssimo at-bat na carreira.
A grande habilidade defensiva fazia de Bill Mazeroski um candidato constante ao prêmio Luva de Ouro. Seu jogo na segunda base estabeleceu um padrão que deveria ser seguido por outros jogadores da posição. Joe Morgan, segunda-base da Big Red Machine, disse que Mazeroski era o “Padrão Ouro” para um defensor de campo interno.
Mas foi a arte de fazer double plays que colocou Bill Mazeroski em outro patamar. Seu trabalho de pés, suas mãos ágeis e braços e pernas fortes davam a impressão de que ele nunca perderia uma eliminação dupla. Durante nove temporadas Bill liderou a MLB em assistências. Além disso, Mazeroski foi capaz de realizar esse feito mesmo jogando quase metade de seus jogos no Forbes Field, cujo infield era considerado o pior da MLB por causa de sua superfície dura, o que fazia com que a bolinha quicasse de forma imprevisível.
Bill Mazeroski é considerado um dos melhores defensores que o jogo já viu, em qualquer posição. Ele era capaz de fazer não somente as jogadas rotineiras. Mas também realizar jogadas que ninguém mais conseguia e fazia isso como se fosse fácil. Seu companheiro de time, o arremessador Vern Law, dizia que
“Mazeroski defendia bolas que pensávamos serem rebatidas seguras. Você corria para cobrir uma base e Bill já tinha feito a defesa e eliminado o rebatedor”.
Um grande segunda base
Embora Mazeroski nunca tenha sido conhecido por seu poder ofensivo, ele teve uma média de 65 corridas impulsionadas por temporada em cada uma das primeiras 11 temporadas completas – muito superior à média para um jogador de segunda base de sua época.
Mas foi sua habilidade defensiva espetacular que deu a ele oito prêmios Luva de Ouro e o levou a 10 All-Star Games nas 17 temporadas em que atuou. Mazeroski liderou entre todos os segunda-base da NL em assistências nove vezes e double plays oito vezes (ele é o líder da MLB em double plays realizadas por um jogador de segunda base).
Bill Mazeroski também era conhecido por sua resistência, especialmente devido às exigências físicas da posição de segunda base. Em um período de 12 temporadas (1957-1968), ele começou 150 ou mais jogos sete vezes e pelo menos 129 em cada temporada. Em 1966 e 1967, Bill esteve em campo em 2.921 entradas e 2/3. Ele esteve ausente em apenas 32 innings nesse período.
O home run dos home runs
Mazeroski foi campeão da World Series por duas vezes, em 1960 e 1971. Mas se ganhar uma Série Mundial não é para poucos, imagine rebater o home run de walkoff para o título. Na série disputada contra o New York Yankees, em 1960, Bill rebateu por duas vezes o home run que deu a vitória aos Bucs. Mas foi no jogo sete, no Forbes Field, que Mazeroski rebateu o home run dos home runs, o único a encerrar um jogo 7 de World Series na história da MLB.
Ralph Terry estava no montinho para os Yankees e na parte baixa da nona entrada. Entretanto, na alta dessa entrada, com o placar marcando 9-7 para os Pirates, o time do Bronx conseguiu anotar duas corridas e empatar o jogo. Bill era o leadoff naquela altura do jogo. Terry lançou o primeiro arremesso contra Bill… o umpire chamou ball. Isso colocou uma pressão a mais no reliever dos Yankees, que mandou um changeup pendurado.
Bill Mazeroski não perdoou e mandou um balaço para o campo centro esquerdo externo. A bolinha viajou por 406 pés. O próprio Mazeroski conta o que pensava enquanto percorria as bases
“Sabe, tudo em que eu conseguia pensar era: Nós vencemos os Yankees! Nós vencemos eles! Nós vencemos os malditos Yankees!”.
Esse lendário home run deu o título aos Pirates depois de 35 anos de seca. A festa do título durou por dias em Pittsburgh.
Hall da Fama
Em 04 de outubro de 1972 Bill Mazeroski fez seu último jogo na MLB. Todas as suas 2.163 partidas foram jogadas defendendo os Pirates. Ao fim de sua jornada, Mazeroski teve médias de .260 com 2.016 rebatidas, 138 home runs, 769 corridas anotadas e 853 impulsionadas. Sua entrada no Hall da Fama aconteceu em 2001.
Quem vai ao PNC Park, atual casa do Pittsburgh Pirates, pode ver, desde 2010, uma estátua de Bill Mazeroski do lado de fora do estádio, representando sua lendária celebração do home run – uma pose de corredor com os dois braços estendidos e o boné na mão direita.
Sua camisa número 9 está aposentada pelos Bucs. Bill Virdon, center field e companheiro de Mazeroski em Pittsburgh, reflete a excelência de “The Glove”
“O impressionante em Maz é que ele fazia tudo na segunda base. Joguei com ele por seis anos como center fielder e ele nunca deixou uma bola que fosse em sua direção passar”.