Este texto sobre Tom Seaver faz parte da série “Hall da Fama” em que contamos a história de alguns de seus membros. Toda terça-feira uma estrela será apresentada.
Raymond William Schalk nasceu em Harvel (Illinois) no dia 12 de agosto de 1882. Logo cedo Ray resolveu que queria enfrentar o mundo do trabalho. Por isso ele não fez o Ensino Médio e foi tentar a vida como linotipista. Mas havia uma outra grande habilidade naquele jovem de origem alemã.
Percebendo que a carreira na imprensa não renderia muitos frutos, e tendo se destacado nos times de baseball da região por onde jogou, Schalk começou sua vida no esporte profissionalmente.
Tendo feito sua carreira quase que integralmente no Chicago White Sox (1912-1928), Ray Schalk fez sua última temporada pelo New York Giants (1929). Ele também faria as vezes de manager-jogador nos seus dois últimos anos (1927-1928) com os White Sox.
Ray Schalk é reconhecido como um dos maiores catchers da sua geração, marcadamente por sua capacidade de gerenciar os arremessos e, sobretudo, por sua enorme habilidade defensiva. Seu modo de atuar revolucionou a posição de catcher. Usando a velocidade Ray expandiu as possibilidades defensivas que eram permitidas para sua posição até então.
Na MLB
Schalk fez sua estreia na MLB um dia antes de completar 20 anos. Daí em diante ele foi o catcher do White Sox. Embora receba grande reconhecimento por sua capacidade defensiva, Schalk, notavelmente, roubou 30 bases na temporada de 1916, estabelecendo um recorde para a posição de catcher que durou até 1982, quando John Wathan (KC Royals) o quebrou.
Mas foi na defesa onde Schalk realmente fez seu nome. Combinando sua inteligência para o jogo com um estilo elegante, Schalk era capaz de potencializar as habilidades dos arremessadores com os quais jogou. Um trabalhador incansável, Schalk liderou a American League em jogos como catcher por sete vezes, incluindo sua temporada de 1920, quando ele atuou em 151 dos 154 jogos pelo White Sox. Além disso, seus feitos defensivos se destacam ainda mais quando lembramos que Schalk jogou durante muitos anos em que a cusparada era legal.
Ray Schalk também foi marcado por atuar em quatro no-hitters em sua carreira, embora um deles tenha sido revisto quando os padrões para no-hitters foram ajustados em 1991.
O próprio Schalk, com humildade, fala de seu jogo
“Se fui um bom catcher, foi porque aprendi com os mestres. Joguei com arremessadores de grande experiência e eles me ensinaram o jogo. Tive que aprender ou perderia meu emprego. Eles fizeram de mim uma estrela”.
Ray foi o pioneiro em vários aspectos da posição de catcher, alguns deles ativos até hoje. Pesquisadores da história do baseball o colocam como um dos primeiros catchers a fazer backup de arremessos para a primeira base em arremessos de infield ou terceira base em arremessos do outfield. Ele também registrou eliminações em todas as bases ao longo de sua carreira. Além disso, liderou os catchers da AL em assistências por cinco vezes e em percentual de roubos outras três vezes.
Um escândalo
Em 1919 Schalk teve uma de suas melhores temporadas ofensivas com média de .282 em rebatidas. Mas essa temporada ficaria marcada na história por conta de um escândalo. Na World Series daquele ano, disputada entre Cincinnati Reds e Chicago White Sox, um suposto esquema de entrega de jogo por parte de jogadores do White Sox manchou a disputa.
Vários jogadores do White Sox foram acusados de fazer corpo mole e entregar os jogos intencionalmente. No entanto, isso estava em franco contraste com Schalk. A história conta que a reputação de honestidade e honra de Ray fez com que os jogadores nem sequer pensassem em abordá-lo. Schalk jogou para vencer! Sua média de rebatidas de .304 na Série Mundial deixou claro que ele não fazia pare do esquema e mais tarde foi oficialmente absolvido de qualquer irregularidade. Schalk relatou aos investigadores que desconfiava que algo estivesse errado quando os pitchers Eddie Cicotte e Lefty Williams não faziam os arremessos que ele havia pedido.
O White Sox perdeu a série por 5-3. Oito de seus jogadores foram banidos para sempre da MLB acusados de cúmplices do escândalo. Mas não Schalk! Ray Schalk acreditava que, ele disse mais tarde, se o arremessador Red Faber não tivesse sido obrigado a ficar de fora da World Series por conta de uma gripe o escândalo não teria acontecido, já que ele faria os jogos iniciados por Cicotte e Williams.
Embora tenha reconhecido durante a investigação a existência de um esquema, Ray Schalk nunca acusou seus companheiros de time publicamente.
Jogador-manager
Schalk esteve por duas temporadas como jogador-manager do Chicago White Sox, em 1927-28.
Em 227 jogos nessa função, Ray conquistou 102 vitória e 125 derrotas. Durante a temporada 1927 ele foi o manager durante quase todos os jogos: 153 dos 154 possíveis. Nessa temporada seu time ficou com a quinta colocação na American League. Em 1928, porém, foram apenas 74 jogos e Ray Schalk acabou demitido.
Embora se registre uma passagem de Ray Schalk pelo New York Giants, em 1929, lá ele atuou apenas por cinco partidas fazendo as funções de técnico e jogador. Depois dessa temporada, aos 36 anos, Ray se aposentou e teve uma longa carreira como técnico e manager de equipes de Minor League e na Purdue University.
Hall da Fama
Ray Schalk foi campeão da World Series de 1917. Ele também sustenta o recorde de double plays para a posição de catcher: 226. Em 1955, Ray foi declarado membro do Hall da Fama do Baseball.
Mas Ray Schalk também é nome de estádio de um time de Little League em Litchfield (Illinois), cidade onde ele cresceu. Na cidade de Nokomis (Illinois) existe um museu dedicado à sua memória. Em 19 de maio de 1970 Schalk se tornou lenda e foi brilhar em outras paragens.
O escritor Eliot Asinof resumiu bem quem foi Ray Schalk para o baseball,
“Ele era um homem baixo, tinha um metro e setenta e três de altura e pesava menos de 70 quilos. Mas não havia ninguém desse tamanho que tenha causado um impacto maior no baseball”.