Este texto sobre Ty Cobb faz parte da série ‘Hall da Fama’ em que contamos a história de alguns de seus membros. Toda terça-feira uma estrela será apresentada.
Durante sua carreira Ty Cobb estabeleceu pelo menos 90 recordes na MLB. Seu total combinado de 4.065 corridas anotadas e corridas impulsionadas ainda é o maior já produzido por qualquer jogador da Major League.
Mas dentro do campo ele foi super combativo, em certa medida desleal, e um colecionador de recordes que permaneceram sob sua posse por mais de meio século. Até o final da temporada 2019 (a última com 162 jogos), Cobb ainda detinha vários recordes. Entre eles a melhor média de rebatidas (.366) e o maior número de títulos de rebatidas da carreira, com 12.
A vida pessoal de Ty Cobb é marcada por uma tragédia familiar, acusações de tentativa de assassinato e racismo. Além disso, em campo, ele foi considerado um jogador agressivo. Mas tudo isso é verdade?
O Pêssego da Georgia
Tyrus Raymond Cobb, Ty Cobb, apelidado de Georgia Peach – O pêssego da Georgia -, nasceu em 18 de dezembro de 1886, em Narrows, Georgia. Ele foi um dos maiores atletas de baseball da história. Cobb é quase unanimidade quando se fala em competitividade.
Uma lenda do esporte, Ty começou no baseball logo aos 14 anos. Ele jogava contra adultos no time local de Royston, na Georgia. Em 1904, ele ingressou em uma equipe semiprofissional em Anniston, Alabama, e no ano seguinte assinou com um time da cidade de Augusta (Ga), que fazia jogos-exibição.
Mas enquanto se exibia nas partidas contra turistas, Cobb teve sua vida familiar sacudida por uma tragédia incomum: em 8 de agosto de 1905, sua mãe atirou e matou seu pai acidentalmente na varanda de casa ao confundi-lo com um ladrão.
Essa tragédia ofuscou a promoção de Ty ao Detroit Tigers no final daquele mês. Ele passou 22 temporadas como outfielder dos Tigers (1905 a 26). Também foi o manager do time de 1921 a 1926. Cobb levou Detroit a três títulos consecutivos da American League – AL –, de 1907 a 1909. Mas os Tigers perderam as três World Sereis que disputou.
Embora tenha se aposentado em 1926, Ty Cobb voltou à ativa em 1928 pelo Philadelphia Athletics. Mas ele jogou com menos frequência. Seus 41 anos e os jovens habilidosos dos A’s retiraram oportunidades de Cobb. Nessa temporada, em 3 de setembro, Ty Cobb faria sua última rebatida. A double aconteceu na nona entrada do primeiro jogo de uma doubleheader contra o WashingtonSenators, em cima do pitcher Bump Hadley. No fim de 1928, o “Pêssego da Georgia” anunciou sua definitiva aposentadoria.
O melhor jogador de todos os tempos
Ty Cobb é, discutivelmente, o melhor jogador de baseball de todos os tempos. Mas uma coisa é certa: Cobb era um competidor nato.
“Não suportava perder’, disse ele. “Nunca me interessou o segundo lugar. Sempre joguei com fogo nos olhos”.
Cobb era conhecido por seu estilo agressivo de percorrer as bases e sua habilidade de rebater para todos os lados do campo. Ele ganhou nove títulos consecutivos de rebatidas da AL, de 1907 a 1915. Além dessa sequência, ele venceria mais três em sua carreira. Ty rebateu com média de .320 ou mais por 22 temporadas consecutivas, incluindo médias de mais de .400 por três vezes.
Em 1909, Ty Cobb liderou a MLB em home runs. Mas essa foi a única vez em sua carreira. Além disso, ele conquistou a Triple Crown. Mas a melhor temporada ofensiva de Cobb foi em 1911, quando ele liderou a Liga Americana em todas as principais categorias ofensivas, exceto home runs, incluindo rebatidas (H), corridas (R), RBIs, média de rebatidas (AVG) e percentual de ocupação de bases (OBP). Nessa temporada ele ganhou o prêmio de MVP da American League.
Jogando a maior parte de sua carreira no outfield, Cobb ajudou os Tigres a ganhar três flâmulas da Liga Americana de 1907-09 e ainda atuou como jogador-manager dos Tigers de 1921-1926. O histórico manager dos Yankees Casey Stengel deu o tom sobre a personalidade do atleta Ty Cobb,
“Nunca vi ninguém como Ty Cobb. Ninguém chega perto dele. Ele foi o maior jogador de todos os tempos. Aquele cara era sobre-humano, incrível”.
No entanto, há um recorde no mínimo duvidoso na carreira de Cobb. Quando se aposentou, ele liderava os outfielders da American League com o maior números de erros de todos os tempos, 271. Esse é um dos recordes de Ty Cobb ainda de pé.
Rumores de racismo
Ty Cobb morreu em 17 de julho de 1961. Rumores sobre casos de racismo envolvendo Cobb sempre foram muito comentados. Entretanto, muitas dessas histórias são frutos de algumas biografias pouco confiáveis que foram divulgadas após sua morte. Muitos desses rumores não tem base sólida e vários deles estão relacionadas muito mais à sua difícil personalidade e por lances duros contra adversários dentro de campo.
Mas a verdade é que o legado de Cobb inclui um importante fundo de bolsas de estudos para residentes da Georgia (um estado reconhecido por seus problemas sérios de racismo) financiado por seus primeiros investimentos na Coca-Cola e na General Motors. Além disso, a reputação de Cobb como homem violento foi fomentada por seu primeiro biógrafo, o jornalista esportivo Al Stump, cujas histórias sobre Ty Cobb foram consideradas sensacionalistas. Em grande parte, elas eram pura ficção. Embora fosse conhecido por conflitos violentos, Cobb falava favoravelmente sobre jogadores negros que ingressavam na MLB e era um reconhecido filantropo.
A vida em filme
Uma segunda versão revisada, e mais honesta, da biografia de Ty Cobb escrita por Al Stump, Cobb: A Biography, foi lançada em 1994. Ela deu origem ao filme “Cobb”, disponível na plataforma de streaming Amazon Prime.
Em agosto de 2008 Wesley Fricks, diretor-executivo do Ty Cobb Museum, escreveu um longo artigo no Bleacher Report intitulado Ty Cobb was not a racist (“Ty Cobb não era racista”) enumerando uma série de fatos e atitudes de Cobb que jogam por terra as insinuações de racismo e comprovam suas ações sociais junto à comunidade negra da Georgia e dos EUA. Além disso, Fricks explica algumas farpas entre Cobb e seus adversários em campo, principalmente nas tentativas de roubos de base.
Cobb nunca foi de falar muito sobre outros jogadores. Mas ele sempre foi muito elogioso a respeito de Stan Musial, Phil Rizzuto e Jackie Robinson. Além disso, Cobb ajudou Joe DiMaggio a negociar seu contrato de rookie com o New York Yankees.
Controvérsias, geralmente, acompanham a história de vida das grandes estrelas e dos grandes ídolos dos esportes, das artes e, por que não, dos seres comuns.
Hall da Fama
Em 1936, aconteceu a primeira votação a eleição para de membros do Hall da Fama Baseball. Cobb recebeu a maioria dos votos dos cinco eleitos (98,2%). Muitos o consideram como o primeiríssimo membro do Hall da Fama.
George Sisler, jogador (primeira-base) e manager da MLB entre os anos 1910 e 1930, e membro do Hall da Fama, falou sobre a relevância de Ty Cobb,
“A grandeza de Ty Cobb era algo que precisava ser visto. E tendo-o visto uma única vez já seria o suficiente para lembrá-lo para sempre”.