Esse texto sobre Cristóbal Torriente faz parte de uma série em que estamos contando a história das Negro Leagues, que neste ano completam 100 anos. Para conhecer um pouco mais sobre elas, acesse aqui.
A história da MLB, ou uma parte dela, segue sendo contada aqui no tailgate zone a partir das histórias daqueles jogadores que não puderam chegar à Major League por conta da cor de sua pele. O personagem de hoje era negro e latino: o cubano Cristóbal Torriente.
Torriente foi um poderoso jogador do center field. De físico atarracado, ele possuía todas as cinco ferramentas das grandes estrelas: média alta de rebatidas, assim como fortes; posicionamento impecável em campo; arremessos precisos para eliminações e velocidade no deslocamento entre as bases.
De Cuba para os EUA
Nascido em Cuba, na cidade de Cienfuegos, a 16 de novembro de 1893, Torriente chegou aos EUA em 1913 para ser jogador do Cuban Stars. Mas durante vários anos da década de 1910 ele também atuou pelo All-Nations, um time de estrelas internacionais cujo dono era J.L. Wilkinson.
Já em 1919, antes mesmo da criação das Negro Leagues, Cristóbal Torriente se juntou ao Chicago American Giants. E sua adição fez toda a diferença para o time de Illinois. Foi com Torriente conduzindo a equipe que por três temporadas consecutivas o American Giants ficou com o título da Negro National League (1920-1922). Individualmente, Cristóbal Torriente levou o título de maior rebatedor da Liga nas temporadas 1920 e 1923.
Em 1920, as Negro Leagues deram seus primeiros passos. Mas já àquela altura Cristóbal Torriente havia se estabelecido solidamente como uma das figuras lendárias do “béisbol cubano”. O New York Giants (atual SF Giants) sabe bem disso. Em uma excursão pela “Ilha”, o time, que contava temporariamente com Babe Ruth no roster, fez nove jogos contra o Almendares, que tinha Torriente no elenco. Pois bem, Cristóbal superou Babe em rebatidas e em home runs. Além disso, o Almendares venceu a série por 5-4.
Mudança de ares nos Monarchs
Depois do sucesso no Chicago American Giants, Cristóbal Torriente foi jogar no histórico Kansas City Monarchs, em 1926. J.L. Wilkinson trouxe do All-Nations estrelas do calibre de Bullet Rogan, Dobie Moore e Heavy Johnson para fazer parte de seu Monarchs. E também lá estava Cristóbal Torriente.
Mas Torriente seguiu o padrão nômade da grande maioria dos jogadores das Negro Leagues. Depois de Kansas City ele jogaria pelas próximas duas temporadas (1927-1928) no Detroit Stars. Cristóbal Torriente ainda atuaria pelo Atlanta Black Crackers, Gilkerson’s Union Giants e pelo Cleveland Cubs. Assim seu giro pelo baseball dos EUA se encerrava.
Entretanto, como muitos jogadores, Torriente se dividia entre EUA e a Liga Cubana de Inverno. Durante 13 temporadas atuando em sua terra natal, ele rebateu acima de .300 em 11 delas. Seu time, o Almendares, venceu seis título.
Embora não fosse rotina, Cristóbal Torriente chegou a atuar como arremessador. Seu recorde nas Negro Leagues é de 21-14.
Hall da Fama e a eternidade
Cristóbal Torriente morreu em 11 de abril de 1938. Sua indicação para o Hall da Fama se deu em 2006.
Mas foi seu compatriota, o estelar Martín Dihigo, que bem definiu Torriente,
“Nunca demos a Cristóbal o crédito merecido. Ele fez tudo bem, um dom defensivo natural, arremessos perfeitos. O campo era a sala de sua casa; rebatendo ele foi extraordinário”.
Mas no fim, Torriente sofreu os golpes desferidos pelo ambiente segregado do baseball. Embora o racismo tenha lhe negado a chance de brilhar na MLB, ele fez sua grandeza nas Ligas Negras. Em Cooperstown, Cristóbal Torriente está ao lado dos maiores!