A temporada 2023 da Major League Baseball terminou! O Texas Rangers bateu o Arizona DBacks por 4-1 na série. O time de Arlington esperou 62 anos – a franquia foi fundada em 1961 – até a celebração de seu primeiro título. Embora não fosse um dos grande favoritos, os Rangers tiveram seus investimentos (altíssimos) recompensados. Mas se o triunfo do Texas Rangers não surpreende totalmente, é inegável que durante a temporada regular, e quando os playoffs começaram, outros times se mostravam mais contundentes na luta pela conquista da World Series.
Entretanto, o que dizer da presença do Arizona DBacks? O time teve um começo forte de temporada, brigou durante boa parte pela liderança da divisão oeste da Liga Nacional, esfriou na reta final e esquentou demais a partir da série de Wild Card. Não à toa varreram os Dodgers (na NLDS) e na NLCS não deram muito espaço para o Philadelphia Phillies, que se colocavam como os bicho-papões da disputa.
A SÉRIE
A Série Mundial teve seu primeiro arremesso no Globe Life Field, casa dos Rangers. Tanto Texas quanto Arizona chegavam para a grande decisão depois de longas jornadas contra Astros e Phillies, respectivamente. As séries foram até o sétimo jogo. Em ambas, Rangers e DBacks precisaram superar a adversidade de ter de vencer fora de casa na derradeira partida. Mas o que talvez seja um grande desafio, para o Texas Rangers foi um padrão. O time venceu todos – T-O-D-O-S – os jogos fora de casa. Desde a série de Wild Card, contra os Rays, passando pelos dois jogos da ALDS no Camden Yards (casa dos Orioles) e, por último, os três triunfo sobre Houston no Minute Maid Park, na decisão da ALCS.
O jogo 1 da World Series começou com um DBacks resiliente. Arizona pegou uma desvantagem de 2-0 na primeira entrada e chegou na quinta vencendo a partida por 5-3. Depois de pegar a liderança, os DBacks controlaram o jogo. Mas um jogo de Série Mundial nunca está terminado antes da 27ª eliminação. Corey Seager (SS, TEX) vem para o bastão, na baixa da nona, com um out e um homem em base e… caboooooooommm!!!! Home run de duas corridas, jogo empatado e vida nova.
Entradas extras e emoção em alta. Mas a décima entrada vem sem mudança no placar. O turno ofensivo dos DBacks passa em branco na alta da 11ª. Baixa da entrada, Evan Carter (LF, TEX) eliminado. Mas nada a se lamentar. Adolis García vinha para o bastão com sua média de .357 e OPS de 1.204. Dito e feito. Contagem 3-1 contra Miguel Castro (P, ARI) e home run de walk-off. Celebração no Globe Life Field e os Rangers abriam 1-0 na série.
DBACKS VIVOS
Mas os DBacks não chegaram até a World Series por acaso. E o jogo 2 mostrou isso de forma clara. Merrill Kelly (P, ARI), que teve uma ótima pós temporada, foi dominante por sete entradas. Enquanto isso, o ataque de Arizona empilhava corridas. Embora as três primeiras entradas da partida tenham sido em branco para ambos os times, a partir da quarta os DBacks abriram a porteira com duas corridas. Conquanto os Rangers tenham esboçado uma reação na quinta entrada, anotando uma corrida, na sétima, oitava e nona entradas Arizona acumulou mais sete corridas e o placar de 9-1 foi definido.
Série empatada e mudança para o Chase Field, casa do Arizona. Mas se voltar para casa era um alento para os DBacks, havia também uma preocupação: os Rangers não foram derrotados na estrada. Max Scherzer (P, TEX) e Brandon Pfaadt (P, ARI) seriam os duelistas no montinho. Ambos dominantes nas duas primeiras entradas. Entretanto, Scherzer recebeu uma bolada na segunda entrada. Embora ainda tenha feito a terceira, as dores não permitiram sua permanência no jogo. Pfaadt perdeu o encanto na terceira entrada, cedendo três corridas. Daí em diante o que vimos foi o domínio dos arremessadores dos dois times.
Os DBacks anotaram uma corrida na oitava entrada. Mas a defesa dos Rangers não permitiria mais sustos e a consolidação da vitória veio com uma double play para fechar a história da terceira partida da World Series.
AINDA NO CHASE FIELD
Os DBacks seguiam em casa, no Chase Field. Mas, novamente, contra os Rangers jogar em casa não garante sucesso. Entretanto, a ausência de Adolis García, que havia se lesionado no jogo 3, poderia ser um alento. Texas e Arizona fariam um jogo de bullpen. Andrew Heaney (P, TEX) e Joe Mantiply (P, ARI) foram os openers. Mas os planos de Texas se saíram muito melhores do que se esperava. Heaney fez cinco ótimas entradas e deixou o jogo em condição confortabilíssima. Afinal, o bullpen dos DBacks espalhou toda a farofa e ao fim da terceira entrada o jogo já estava 10-0 para os Rangers.
Com Marcus Semien (2B, TEX) esquentando (2-5; 2R; 5RBI), uma reação de Arizona parecia muito difícil. E foi de fato. No entanto, o time conseguiu anotar sete corridas, o que fez com que a torcida acalentasse esperanças para o jogo 5. Afinal, se dividíssemos o placar da partida, da quarta entrada em diante, o jogo terminou 7-1 para os DBacks. Era nisso em que se apegavam os fãs das “Serpentes”. Além, claro, de contar com Zac Gallen no próximo jogo.
A DECISÃO
O paradoxo continuava para a torcida dos DBacks: jogar em casa é bom. Mas contra os Ranger talvez nem tanto. O duelo no montinho seria entre Nathan Eovaldi (P, TEX) e Zac Gallen (P, ARI). Eovaldi chegou para o jogo sem ter derrota alguma na pós temporada (5-0; ERA 2.95). Já Gallen, embora candidato ao prêmio de Cy Young pela National League, não fazia playoffs tão seguros (2-3; ERA de 4.54).
Mas Zac Gallen foi espetacular. Por quatro entradas e dois terços ele foi perfeito. Em seis entradas ele sustentou um no-hitter. Mas no topo da sétima entrada tudo ruiu. Seager (SS, TEX), Carter (LF, TEX) e Garver (DH, TEX) conseguiram rebatidas e o placar foi aberto: 1-0 para os Rangers. Sacado da partida, Gallen viu Kevin Ginkel (P, ARI) mitigar o desastre e manter o placar na diferença mínima.
Entretanto, o problema maior dos DBacks não era o montinho. Longe disso! Era o ataque que insistia em desperdiçar as chances. E foram muitas! Arizona terminou com um absurdo 0-9 com jogadores em posição de anotar corrida. E o preço foi cobrado.
Ginkel deixou o montinho para Paul Sewald (P, ARI) manter os DBacks no jogo. Mas não foi o que se viu. Desastrosamente o closer de Arizona foi tomando rebatida sobre rebatida até que Marcus Semien mandou um home run de duas corridas para fazer o primeiro título dos Rangers uma quase materialidade. Josh Sborz (P, TEX) fez da baixa da nona seu palco. Strikeout em Gerardo Perdomo (SS, ARI), um pop out em Corbin Carroll (RF, ARI) e outro strikeout congelando Ketel Marte (2B, ARI). Placar de 5-0 e a celebração!
A WORLD SERIES É DOS RANGERS
A espera de 62 anos acabava para o Texas Rangers. O time que já havia estado em outras duas malsucedidas World Series (2010, contra os Giants, e 2011, contra os Cardinals) agora celebra seu título. Uma franquia que não teve pudor de investir. Investiu altíssimo! Marcus Semien e Corey Seager chegaram com contratos pesados. Mas 2022 foi decepcionante.
Em 2023, o time manteve os investimentos e ainda trouxe Max Scherzer e Jordan Montgomery na janela de trocas. Não faltou coragem e ambição. Mas talvez nada disso tivesse se transformado em sucesso se Bruce Bochy não tivesse sido escolhido o manager da equipe. Bochy chegou com a experiência de três conquistas de Série Mundial e uma carreira de Hall da Fama.
Além disso, os grandes nomes do time não decepcionaram. Adolis García, antes da lesão, foi incrível, Marcus Semien esquentou na hora certa e Corey Seager foi espetacular. Não por menos o shortstop foi eleito, pela segunda vez, o MVP da World Series (ele já havia recebido o prêmio em 2020, com os Dodgers).
A temporada 2023 da MLB está em ótimas mãos!
Parabéns, Texas Rangers!