Este texto sobre Roy Campanella faz parte da série ‘Hall da Fama’ em que contamos a história de alguns de seus membros. Toda terça-feira uma estrela será apresentada.

Roy Campanella nasceu na Filadélfia, em 19 de novembro de 1921. Filho de mãe negra e pai imigrante italiano, Roy era um dos quatro filhos do casal. A família primeiro viveu em Germantown. Mas depois acabaram se mudando para Nicetown, no norte da Filadélfia, onde Roy e seus irmãos frequentaram escolas integradas. Por serem afro-ítalo-americanos, ele e seus irmãos foram perseguidos por outras crianças na escola. Mas Campanella soube fazer bom uso de suas capacidades atléticas e esportivas para se livrar das ameaças. Embora tenha sido escolhido capitão de todos os esportes de sua escola, Roy Campanella tinha uma profunda paixão pelo baseball. E essa foi sua escolha como carreira.

No entanto, os casos de racismo na vida de Campanella foram inúmeros. A lógica racial (estúpida) de sua época ditava que por ter um pai negro Roy estaria sujeito à degradante realidade das leis de Jim Crow. Quando jovem, ele foi abertamente proibido de participar de clubes de meninos, piscinas e até mesmo de alguns cinemas locais na Filadélfia.

O começo nas Negro Leagues

Roy Campanella começou a jogar baseball profissional aos 15 anos e foi estrela do Baltimore Elite Giants. Durante oito anos (1937-1945) ele atuou nas Negro Leagues antes que o Brooklyn Dodgers assinasse um contrato com ele em 1946, anteriormente à chegada de Jackie Robinson na MLB, quando a barreira racial foi quebrada.

Campy, como era conhecido, também passou pelo baseball latino-americano. Antes de seguir para as minors dos Dodgers, durante a temporada de 1942, Campanella deixou o Baltimore Elite Giants por conta de uma briga com o proprietário do time, Tom Wilson. Ele jogou o resto da temporada e a temporada seguinte, de 1943, na Liga Mexicana com o Sultanes de Monterrey. Lázaro Salazar, o manager do time, tinha certeza de que Campanella chegaria à MLB. Depois dessa passagem pelo México, Roy voltou ao Elite Giants para disputar as temporadas de 1944-1945.

Ainda no baseball da América Latina, em 1946, ele atuou como jogador-manager dos Sabios del Vargas, equipe da recém-criada Liga Venezolana de Béisbol Profesional, levando o time ao título.

Mas até chegar à Major League, Roy jogou pelo Nashua Dodgers, na Classe B da New England League. AssimSeu bom desempenho fez com que ele pulasse algumas etapas e já em 1947 Campanella jogava pelo Montreal Royals, afiliado de Triple-A do Brooklyn Dodgers. A temporada de 1948 começou no St. Paul Saints, da American Association, onde Roy rebateu 11 home runs em seus primeiros 24 jogos. Ainda em 1948, no meio da temporada, ele se tornaria o catcher primário dos Dodgers.

Na MLB e um acidente

Como catcher do Brooklyn Dodgers, Campanella rapidamente se colocou como um dos mais profícuos rebatedores da MLB. Na primeira temporada completa na Major League Baseball, em 1949, ele rebateu 22 home runs e impulsionou 82 corridas. Sua temporada de estreia marcaria a primeira das oito (1949-1956) indicações seguidas de Roy como um All-Star.

Em 1951, Campanella foi eleito o MVP da National League registrando uma média de rebatidas de .325, com 33 home runs e 108 RBIs. Mas os prêmios de MVP não ficariam só no primeiro. Roy levou o segundo MVP em 1953. Nessa temporada Campy estabeleceu o recorde (já quebrado) de 142 corridas impulsionadas por um catcher. Mas não só isso. Essa marca foi a melhor de toda a Liga Nacional. Roy Campanella ainda receberia um terceiro prêmio de MVP, em 1955, enquanto liderava o Brooklyn Dodgers ao seu primeiro e único título de World Series ainda na costa leste.

No entanto, nas temporadas de 1956 e 1957, sua produção ofensiva começou a diminuir. Mas Campanella parecia empolgado com a mudança dos Dodgers para Los Angeles antes da temporada de 1958. Todavia, em 28 de janeiro de 1958, Campanella sofreu um grave acidente automobilístico. Ele perdeu o controle do carro alugado devido ao mal tempo.

Uma fratura na quinta vértebra tirou de Roy Campanella praticamente todos os movimentos abaixo dos ombros. Uma brilhante e jovem carreira terminava.

Hall da Fama

Roy Campanella encerrou sua jornada de 10 anos na MLB com 242 home runs, 856 corridas impulsionadas e cinco aparições em playoffs. Ele foi eleito para o Hall da Fama em 1969.

Além disso, nos Dodgers, sua camisa 39 está retirada. Sua paixão pelo baseball desde a infância está bem representada nessas palavras,

“Para jogar bem este jogo, você precisa se manter com o espírito de um garoto”.

Sobre a qualidade de Roy, Clyde Sukeforth, scout dos Dodgers disse,

“Nuca houve qualquer dúvida sobre sua habilidade”.

Roy Campanella morreu em 26 de junho de 1993.