Manual de análise de rebatedor – Parte 2

Tempo de leitura: 4 minutos

Na parte 1 do nosso Manual de análise de rebatedor, vimos a importância de observar o aproveitamento do rebatedor contra arremessos específicos. Além disso, o impacto da quantidade de swings comparado ao aproveitamento delas. Agora, nessa parte 2, vamos nos aprofundar nas estatísticas de swing e de bola rebatida. Muito além de nomes complicados, vamos aprender a pensar beisebol enquanto pensamos em beisebol.

SWING

Estatísticas de swing são uma coisa nova na liga. Surgiram em 2015, com o Baseball Savant, site oficial da liga para pesquisa e estatísticas avançada. Esse site nos mostra coisas bem interessantes (eu acho, pelo menos), como: velocidade da rebatida, o ângulo dela, a projeção de distância que ela percorreria em diferentes lugares, a velocidade inicial do contato, a velocidade do rebatedor em percorrer as bases etc.

Aaron Judge.
Fonte: NY Times.

Entre as estatísticas de swing, devemos prestar atenção em três delas: sweet spot%; hard hit% e barrell%. Então, vou explicar mais sobre as três e a sua aplicação prática no decorrer desse artigo.

UM LUGAR DOCE: SWEET SPOT

Sweet Spot é um nome dado a um tipo específico de rebatida baseado no ângulo que sai do bastão, precisamente entre 25° e 35°. Por quê? Simples, uma rebatida pode ser tão forte quanto um tiro, mas se ela for muito alta, ela não vai ir muito longe, aumentando muito a chance de ser pega no ar, logo uma eliminação. Essa faixa é precisamente o que a bola precisa ter para ir acima dos defensores do campo interno e até o além do muro.

Sweet Spot.
Fonte: MLB.com

A média de home runs da MLB indica que é necessário que a bola saia do bastão num ângulo de 29° (+- 5), precisamente a área de sweet spot. Jogadores com alto índice de sweet spot são jogadores com alto aproveitamento de rebatidas, sejam simples, duplas ou home runs. Ter um sweet spot acima da média indica que você rebate relativamente bem. Também é uma métrica muito boa em avaliação de rendimento futuro, porque ela diz se você só bate na bola ou se acerta ela, tem diferença.

CONTATO FORTE: HARD HIT

A taxa de hard hit mede quantas vezes o rebatedor consegue rebater a bola com ela saindo do bastão em uma velocidade igual ou maior que 95mph (ou 153 km/h). Por que é útil? Simples, a rebatida pode ter o melhor dos ângulos. Entretanto, se for fraca, a chance de ser defendida e o rebatedor ser eliminado são muito maiores. Mas se a bola sai num ângulo mais baixo, mas muito forte, ela ainda pode ser uma rebatida válida, pois vai ser mais difícil do defensor alcançar a bola a tempo.

Bons rebatedores e rebatedores de potência sempre mantém uma taxa bem alta de hard hit e isso, na verdade, explica a razão de serem tão bons. De modo simples, bola sair rápido geralmente é uma rebatida.

Antes de passar para a próxima estatística, percebe como uma coisa está atrelada a outra? Primeiro o rebatedor precisa identificar o arremesso, e nesses mesmos milissegundos ele precisa decidir como vai reagir. Mas mesmo que tome a melhor decisão, ela precisa ser bem executada. Como? A bola precisa sair do bastão numa velocidade e ângulo específicos. Forte e não muito alta, caso contrário, tudo não vale de nada e ele está eliminado. Como o beisebol é um esporte difícil!

BARREL

Mas calma, você não precisa entender tudo isso acima, até porque são coisas que demoram a fazer sentido, principalmente se você não está familiarizado com o esporte. Para isso nós temos a porcentagem de barrel, que é quando combinamos o sweet spot com o hard hit. Isso produz uma rebatida de qualidade. Jogadores com alta taxa de barrel sempre estão entre os melhores jogadores da liga. A média de aproveitamento de barrel em 2016 foi de .822 e 2.386 de slugging, números altíssimos.

As partes de um taco de baseball.
Fonte: Lawrence Little League

Assim, quando você quiser saber se um jogador do seu time rebate bem, olhe agora para como ele rebate. Alguém que rebate bem vai ter números bons, mesmo que a realidade ainda não mostre isso.

O QUE VEM POR AÍ

Aqui se encerra a parte 2 do manual de análise do rebatedor. Na parte 3, vamos ver como analisar os dados do rebatedor, estatísticas mais simples e em que contexto usar cada uma, a norma-padrão do beisebol. Espero que tenham aprendido algo e que venham a se interessar cada vez mais pelas profundezas misteriosas e belas do beisebol.

Este post tem um comentário

  1. Marco

    Parabéns dinho

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