Resumo de meio de temporada na Liga Americana da MLB

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Com o fim da pausa do Jogo das Estrelas, que marca a metade da tempora da MLB, é hora de olharmos para os próximos meses e analisar a corrida para os playoffs. Sendo assim, vamos analisar quem foram os principais destaques da MLB até agora!

Melhor time: Tampa Bay Rays

Entra ano e sai ano na MLB, os Rays trocam seus melhores jogadores, sobem seus prospectos, trazem veteranos, em princípio, medianos e contrariam todos os prognósticos. Apesar de todos já estarem acostumados com essas surpresinhas do time, 2023 tem tudo para ser o ano “mais Rays” de todos.

A perda de Corey Kluber na rotação foi muito bem suprida pelo único reforço da offseason, Zach Eflin. E que reforço! O arremessador que tinha um ERA de 4.49 na carreira reformulou sua sinker e faz a melhor temporada da MLB na vida, com 3.25 ERA, sendo o 2º melhor abridor do time, atrás do ace e candidato a Cy Young Shane McClanahan. Talvez ainda mais importante que isso, Eflin deu estabilidade a uma rotação dizimada por lesões, incluindo 3 arremessadores que precisaram da temida cirurgia Tommy John.

No mais, os Rays seguem seu curso. Igualaram o recorde pós-1900 da MLB de 13 vitórias consecutivas para abrir a temporada e t a melhor campanha da Liga Americana e o melhor diferencial de corridas de toda a MLB. O ataque comandado por Wander Franco, Randy Arozarena e o surpreendente Yandy Diaz já tem 7 jogadores rebatendo mais de 10 HR e não dá sinais de queda. Nem mesmo uma sequência de 7 derrotas seguidas para abrir o mês de julho foi capaz de tirar essa liderança. Fica a curiosidade de vermos se esse será o ano que os Rays apostarão forte na data limite de trocas para buscar sua primeira World Series.

Pior time: Chicaco White Sox

Oakland (Las Vegas?) A’s e Kansas City Royals estão tão sofríveis que não merecem nem uma frase nesse texto. Ok, já ganharam uma frase, mais do que vão ganhar no resto do ano na MLB. Dito isso, se o White Sox não é o pior time da Liga Americana, é certamente o mais decepcionante. Não é facil conseguir a façanha de ser o penúltimo colocado da divisão mais decepcionante dos últimos tempos. Inclusive, a AL Central corre o risco de ser a primeira divisão na história a não ter nenhum time acima dos 50% na temporada.

Apesar de ter Luis Robert 100% saudável pela primeira vez nos seus 4 anos de MLB e brilhando com .271 AVG e 26 HR, atrás apenas de Ohtani na Liga Americana, o time vem 8 jogos atrás na divisão e devem ser vendedores na data limite de trocas. No ataque, Yasmani Grandal, Elvis Andrus e Tim Anderson parecem sentir o peso da idade. Andrew Benintendi também continua sem reencontrar sua potência, com 1 HR no ano e só 6 nos últimos 2 anos. Sua contratação por 5 anos foi confusa na época e vem se provando problemática.

A rotação também sofre com anos ruins de Dylan Cease, 2º na votação de Cy Young de 2022, e Lance Lynn. Lynn faz a pior campanha da carreira, com um dos piores ERAs de toda a MLB, 6.03. Salvo uma drástica virada nas próximas semanas, espera-se que o White Sox troque Lucas Giolito, seu ace de muitos anos e que vira agente livre no fim do ano. Também podem sair relievers como Kendall Graveman, Reynaldo Lopez e Keynan Middleton, que vem segurando as pontas durante a ausência do closer Liam Hendriks.

Surpresa: Texas Rangers

Por que não trazer um técnico aposentado há 3 anos para tentar arrumar um time veterano e com contratações caras, que não encaixou em 2022? Porque Bruce Bochy, tricampeão da MLB com os Giants, não é qualquer técnico. Ele que sempre foi (um pouco injustamente) famoso por lidar muito bem com times veteranos e não aproveitar bem seus calouros, caiu no time perfeito para isso e mais uma vez vem calando os críticos. Os Rangers lideram a AL West, na frente dos eternos favoritos Astros, dos queridinhos Mariners e dos Angels de Trout e Ohtani.

Para isso, obviamente Jacob DeGrom, grande contratação da temporada, voltou ao seu nível de Cy Young, certo? ERRADO! O cotovelo de DeGrom voltou a dar problemas e ele vai para sua 3ª grande cirurgia na carreira, sendo a 2ª Tommy John. Ao invés disso, os Rangers têm o all star Nathan Eovaldi, Jon Gray e Dane Dunning liderando a rotação em alto nível, enquanto Martin Perez e Andrew Heaney dão estabilidade na parte de baixo.

Já o ataque conta com o melhor ano da carreira de Adolis Garcia, destaque como novato em 2021, e do catcher Jonah Heim, além de mais uma temporada brilhante de Corey Seager, fazendo valer o maior contrato da história dos Rangers (10 anos e $325 milhões). Mas para quem critica Bochy por não usar seus garotos, a base vem forte! Destaque para o 3B Josh Jung, candidato a Rookie of the Year, com .280 avg e 19 HR; o CF Leody Taveras, se firmando na MLB aos 24 anos após ter sido promovido cedo demais em 2020 devido à pandemia; e o versátil Ezequiel Duran, que já jogou em 6 posições no ano com ótimos números (.308 avg, 12 HR, 16 duplas em 70 jogos).

Destaques individuais da MLB

Shohei Ohtani SP, Shohei Ohtani DH e Shohei Ohtani 2-way.

Ohtani chocou o mundo em 2021, provando que era possível arremessar e rebater no mais alto nível do baseball, vencendo o MVP e “igualando” Babe Ruth como únicos 2-way players desde 1900. Desde então, a diferença é que Babe só fez isso por 1 ano, decidindo abandonar os arremessos, enquanto Ohtani vem evoluindo em ambos. Depois de perder o MVP para Judge e seus 63 HR ano passado, Ohtani é 1º, 2º e 3º esse ano. Rebatendo .302 avg e líder da MLB em HR (32), triplas (6), SLG (.663) e OPS (1.050) no ataque, ele também é o 3º em strikeouts (132) e está perto do top 10 em ERA (3.32) e WHIP (1.096).

Em resumo, nenhum número vai ser suficiente para ilustrar a magnitude de Shohei Ohtani para a MLB e para o baseball. Porém, o fato é que nenhum outro jogador em muitas décadas teve um impacto individual tão grande, quebrando uma dos maiores tabus existentes, de que se nem Babe Ruth rebateu e arremessou pela carreira inteira, ninguém mais conseguiria. A maior ilustração disso pode ser vista nos últimos drafts, onde o “efeito Ohtani” trouxe vários prospectos oficialmente chamados de 2-way, com o objetivo de seguirem os passos do pioneiro.

Os destaques da Liga Americana da MLB poderiam parar por aqui, já que ninguém chega aos pés de Ohtani esse ano, mas vamos dar crédito a outros que estão brilhando no ano.

Corey Seager

Calouro do ano pelos Dodgers em 2016 e uma das faces da grande geração que revolucionou a posição de shortstop na última década da MLB, Seager foi contratado a peso de ouro pelos Rangers em 2022, apesar de certo histórico recente de lesões e alguns questionamentos sobre sua defesa. O time não rendeu ano passado e Seager acabou como um dos culpados. Apesar de rebater 33 HR, melhor marca da sua carreira, teve seu pior aproveitamento no bastão, com .245 avg. Acabou o ano pouco acima da média da liga como rebatedor, insuficiente para alguém que deveria ser o astro do time.

Esse ano, no entanto, vem sendo o melhor da sua carreira, liderando a Liga Americana em rebatidas com .353 avg, além de 26 duplas, 12 HR e mostrando mais consistência como shortstop que nos últimos anos em Los Angeles. Aos 29 anos, não é impossível imaginar que o seu auge na MLB tenha começado agora.

Bo Bichette

Outro shortstop, não por coincidência, já que qualquer jogador que atue em uma das posições mais importantes da defesa e seja impactante no ataque vai figurar entre os melhores da MLB. O brasileiríssimo Bo segue em ascendência nos Blue Jays, despontando como cara da franquia ao lado de Vlad Guerrero Jr.

Com apenas 25 anos, essa já é a 3ª temporada completa em altíssimo nível de Bo, que surgiu no fim de 2019 e perdeu metade dos 60 jogos de 2020 devido a uma lesão no joelho. Depois disso, são 3 temporadas liderando a Liga Americana em rebatidas, uma boa dose de potência e velocidade nas bases. E principalmente, participando de 408 dos 415 jogos possíveis.

Esse ano, Bo reduziu a quantidade de strikeouts sofridos e seus .317 avg são a 3ª melhor marca da liga, além de 22 duplas e 15 HR. A realidade é que tanto Bo como Seager só não são candidatos a MVP esse ano porque Ohtani (ainda) está na Liga Americana.

Novatos

Masataka Yoshida

Masataka Yoshida não é um calouro tradicional, vindo do Japão para os Red Sox com um contrato de 5 anos e $90 milhões. Se não é pouco, também não chega perto do que ganham as estrelas da liga. Na maioria das vezes, japoneses também demoram a se adaptar ao chegar a MLB, mas não foi o caso de Yoshida. Seguindo a tradição japonesa de rebater para contato, ter paciência no bastão e sofrer poucos strikeouts, Yoshida foi eleito jogador da AL da semana no início de maio, quando teve aproveitamento de 48% no bastão e não fez um único swing no vazio durante toda a semana.

Se os Red Sox sobrevivem na disputadíssima AL East e sonham com pós-temporada, isso se deve grande parte ao impacto de Yoshida. O novato tem .316 avg, uma das 5 melhores da Liga Americana, 10 HR e 6 bases roubadas, enquanto segue sofrendo baixo número de strikeouts.

Josh Jung

Nada mais justo que o time surpresa do ano ter um dos melhores calouros do ano, como já citamos. Josh Jung foi draftado em 2019 e, assim como toda a sua classe, teve seu desenvolvimento interrompido pelo cancelamento das Minor Leagues em 2020, devido à pandemia. Jung foi bem nas Minors em 2021, mas uma cirurgia no ombro adiou sua estreia na MLB para setembro de 2022. Em 26 jogos, ele rebateu 5 HR, mas sofreu com a adaptação e teve médias de apenas .204 avg e sofreu 39 strikeouts.

Enquanto o alto número de strikeouts e baixo número de walks talvez sejam sempre parte do seu jogo, Jung explodiu ofensivamente esse ano. Com média de .280 avg, 19 duplas, 19 HR e defesa acima da média na 3B, Jung foi titular da Liga Americana no jogo das estrelas e é o grande competidor de Yoshida pelo prêmio de Rookie of the Year.

Gunnar Henderson

Nenhum novato tinha expectativa tão grande sob si como o 3B dos Orioles. Escolhido na 2ª rodada do draft de 2019, Gunnar teve carreira meteórica nas ligas menores, chegando a ser considerado o maior prospecto de toda a MLB no início de 2022. Um bom mês de setembro na sua estreia pelos Orioles só aumentou as expectativas para 2023. 

No entanto, em mais um caso que nos lembra que jogadores jovens não se desenvolvem de modo linear, Gunnar regrediu no início do ano. Com apenas 21 anos, ele chegou ao meio de maio rebatendo apenas .178 avg e 4 HR em 35 jogos, enquanto sofreu 40 strikeouts. Apesar disso, o que mais impressionava aí era sua paciência em não forçar o contato no desespero de melhorar seus números. 25 walks nos mesmos 35 jogos faziam com que chegasse em base 33.8% das vezes, número parecido até com o de Bo Bichette (34.6%). Além disso, uma análise mais detalhada indicava grande azar quando fazia contato, com muitas bolas bem rebatidas virando eliminações na luva dos defensores.

A paciência deu resultado. Nos últimos 2 meses, são 9 HR, 29.2% de média e 34.5% de chegada em base, aproveitando também para ser também mais agressivo no bastão. Henderson não deve disputar para valer o Rookie of the Year, a menos que Yoshida e Jung sofram grandes quedas de produção. Ainda assim, sua evolução durante a temporada nos mostra o que está por vir para Henderson e o jovem e promissor time dos Orioles.

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