Os times históricos não estão mais nas redes sociais e vieram direto pro site. No mês passado nós falamos do Los Angeles Lakers de 2010. Da combinação entre Kobe e Paul Gasol, além de todo o romantismo que um grande torcedor dos Lakers, como o Fernandão, pode trazer para a narrativa do título. Enfim, nesse mês o amor não fica por conta do clube, mas pela dinastia que começaria a ser escrita.
Chicago Bulls 1991-92
É quase impossível escrever uma coluna com os maiores times da história e nem esbarrar em algum time do Chicago Bulls da década de 90. Foram simplesmente 6 títulos em uma década, além de ter o maior jogador de todos os tempos a tocar na bola de basquete, Michael Jordan, em seu elenco. Na temporada 1991-92 o Chicago Bulls chegava na liga como o atual campeão, mas com fome de mais títulos. Afinal, um elenco que conseguiria 3 títulos seguidos, realmente não teve ressaca alguma.
Na temporada regular a franquia de Chicago registrou 67 vitórias e 15 derrotas, tendo o melhor Offensive Rating (115.5) da liga e terminando em primeiro lugar da conferência leste. Mais marcante que isso, só o início avassalador dos comandados de Phil Jackson, que chegaram a mais da metade da temporada com apenas 5 derrotas. Isso mesmo, nos primeiros 42 jogos da temporada, o Chicago Bulls de 1991-92 teve nada mais, nada menos, que 37 vitórias e apenas 5 derrotas.
Elenco
De um ano para o outro os Bulls mudaram muito pouco e as mudanças foram naqueles já conhecidos “operários” do time. Phil Jackson seguia com seus principais jogadores a disposição; Michael Jordan, Scottie Pippen, Horace Grant, John Paxson e Bill Cartwright. Inclusive, dos três primeiros títulos dos Bulls, quiçá dos seis, esse é o time mais eficiente que Phil Jackson teve em suas mãos. Até então, nenhum outro tive chegou a ficar tão tranquilo para alcançar a marca de 60 vitórias.
Esse Bulls parecia não fazer esforço algum para jogar. Michael Jordan liderou o time com uma média de 30,1 pontos, 6,4 rebotes e 6,1 assistências. Médias que fizeram ele ganhar o MVP pelo segundo ano consecutivo e também ser o cestinha da liga pelo sexto ano seguido. Além, claro, de ser eleito para o jogo das estrelas. Mas além de Jordan, Scottie Pippen também foi um dos jogadores mais regulares do time, com médias de 21,0 pontos, 7,7 rebotes e 7 assistências, também sendo eleito para o jogo das estrelas.
No entanto, fora as duas maiores estrelas dos Bulls, também precisamos falar de Horace Grant. O ala-pivô que chegou aos Bulls no Draft de 1987 e foi peça vital no esquema montado por Phil Jackson. Muito sólido na defesa, além de ser uma terceira opção muito segura para o time no ataque. Ele terminou a temporada com média de duplo-duplo, 14,2 pontos e 10 rebotes. Mas além da importância em quadra, também podemos dizer que Grant foi inspiração para muitas crianças.
Grant tinha miopia e a partir da temporada 1990-91 passou a usar os óculos em quadra, o que logo se tornou sua marca registrada. Talvez isso também explique a melhora que ele teve em praticamente todas as estatísticas. Enfim, alguns anos depois ele acabou fazendo a cirurgia de correção para ficar livre dos óculos, mas mesmo assim seguiu usando em quadra óculos de proteção. Horace Grant fez isso por muitos pedidos de pais, por ser uma figura inspiradora para as crianças que usavam óculos.
Playoffs
Se na temporada regular o Chicago Bulls de 1991-92 foi dominante, nos playoffs quase seguiu o mesmo. Tudo bem, posso estar sendo duro demais, afinal um recorde de 15 vitórias e 7 derrotas é muito bom. No entanto, na temporada anterior eles foram bem melhores, tendo apenas duas derrotas no caminho até o título. De qualquer forma, pela distribuição de jogo e o equilíbrio que Grant e Pippen davam a Jordan, todos os times temiam encontrar os Bulls logo na primeira rodada.
O Miami Heat acabou sendo a vítima. Uma sonora varrida que contou uma apresentação extraordinária de Jordan no jogo 3, onde ele anotou nada mais, nada menos que 56 pontos, tendo média de 45 pontos nos 3 jogos. Algo digno de um dos maiores jogadores de todos os tempos. Na rodada seguinte os Bulls enfrentariam o New York Knicks de Patrick Ewing, Tim McCormick e Charles Oakley, antigo conhecido da torcida dos Bulls. Essa série foi muito mais difícil e mostrou que os Knicks eram um adversário forte.
A franquia de Nova Iorque levou o jogo 1 e depois disso foi um “lá e cá” constante dos times, até chegar num jogo 7 em que os Bulls dominaram, 100 a 81. Michael Jordan terminou com 42 pontos e Scottie Pippen registrou um triplo-duplo com 17 pontos, 11 rebotes e 11 assistências. Logo após essa série, os Bulls enfrentariam o Cleveland Cavaliers de Mark Price. O time de Cleveland foi o segundo melhor do leste e mostrou o porquê nos jogo 2 e 4. Mas novamente Chicago contou com ótimas partidas do seu trio principal e despachou Cleveland em seis jogos.
NBA Final
Na final o Chicago Bulls enfrentaria o perigoso Portland Trail Blazers de Clyde Drexler, Terry Porter, Danny Ainge e Kevin Duckworth. Portland contava, basicamente, com o mesmo núcleo que foi a final de 1990 e perdeu por 4 a 1 para o Detroit Pistons, mas com uma campanha muito mais sólida. A franquia do Oregon ficou em primeiro lugar na conferência oeste, com 57 vitórias e 25 derrotas na temporada regular. Mas novamente eles encontraram um time com um ET e perderam a série em seis jogos.
A série começou semelhante a final de conferência, onde os Bulls trocaram vitórias com o Cleveland Cavaliers. No entanto, todos imaginavam uma maior resistência de Portland e aguardavam um jogo 7 com um duelo épico entre Jordan e Drexler. Mas não foi assim. Os Bulls acabaram levando os jogos 5 e 6 e sacramentaram o segundo título da franquia. No jogo 5 Jordan ainda teve 46 pontos e no jogo 5 33 pontos, daquelas partidas em que ele mostrava todo o seu talento e a sua ganância por títulos.
Gostaria de voltar um pouco e lembrar o jogo 1 das finais, pois ele responde até algumas questões que levantamos no podcast 89. Existiam poucos chutadores de 3 naquela época, mas Drexler era um dos grandes. No documentário “The Last Dance”, Jordan diz que Clyde Drexler era uma grande ameaça, mas que ficava muito ofendido que comparassem Drexler com ele. Naquele jogo 1, Jordan marcou seis cestas de três pontos no primeiro tempo e terminou o jogo com 39 pontos e 11 assistências.
Ou seja, naqueles grande “SEs” que fazemos, Jordan nos tempos atuais provavelmente teria desenvolvido um arremesso de três pontos tão perigoso como de outros grande chutadores atuais. Então, mesmo que esse time não tivesse outros grandes nomes, provavelmente só por conta desse efeito Jordan, já merecia ser listado nessa coluna como um time histórico.