Vincent lamar carter, vince, vinsanity, air canada, half-man half-amazing, campeão olímpico, rookie of the year, 2x all-nba, 8 all-star, campeão do torneio de enterradas.
E agora, ao pisar em quadra pelos hawks pra temporada 2019-2020 da nba, será recordista de temporadas na liga. 22, vinte e duas, twenty two, twenty fucking two! Mais que isso, se seu corpo, de 42 anos, aguentar até 1/1/2020 e tudo indica que aguentará, vince carter será o primeiro jogador da história a jogar na nba em 4 décadas diferentes.
4.
décadas.
diferentes.
Eu não tenho palavras pra dizer o que eu acho. Não sei vocês, mas eu sou apaixonado por números, estatísticas, dados… estou atordoado até agora. Quanto carter foi draftado em 1998, quatro de seus companheiros de equipe atuais, ainda não habitavam o planeta terra. Michael jordan era mvp e os bulls acabavam de vencer seu 6º título.
Nem o próprio vince carter era o mesmo em 1998. E é disso que eu queria falar nesse texto. Os feitos e conquistas da lenda serão escritos e reescritos vezes sem fim, mas o que todo fã tem que fazer a cada dia ao ver aquela careca charmosa numa foto, é lembrar o quanto essa careca evoluiu e se adaptou para continuar relevante ao longo de 22 anos.
início voador
Vince entrou na nba como grande promessa aos 21 anos, capaz de enterrar em cima de tudo e de todos. 4ª escolha no draft, virou a esperança de futuro brilhante dos raptors (que demorou mais que o esperado, mas acabou de chegar) e na sua segunda temporada já levou o time aos playoffs. Rookie of the year, all-star, 3º time all-nba, tudo isso nos primeiros 2 anos é muito legal. Mas sejamos honestos, algo é tão legal e marcante quanto esse videozinho aqui embaixo?
Vinsanity conseguiu 247 de 250 pontos possíveis nas suas 5 enterradas, sendo 3 perfeitas. Vince seguia a linhagem de michael jordan, a estrela macho alfa, que se impunha não só com palavras, mas também com vôos sobrenaturais e enterradas espetaculares. Foram mais ou menos 10 anos dessa versão vinsanity, air canada, divididos entre raptors e nets.
de espetacular para eficiente
Se após 11 anos de liga, ao invés de ser trocado pelos nets para o orlando magic, vince se aposentasse, possivelmente já seria um hall of famer. Mas vince lançou por essa época sua segunda versão, o eficiente chutador de 3 pontos. A liga evoluía, embora não soubesse ainda, e vince evoluiu junto (ou a frente) de todos, embora talvez também não tivesse a consciência completa disso.
Ninguém aguenta enterrar como um extra terrestre de space jam por anos sem fim, e vince, ótimo chutador que era, passou a focar no perímetro. Principalmente no magic, que tinha em dwight howard um pivô como não se via desde shaq. Então, durante 2 anos em orlando, 1 em phoenix e 3 em dallas, vince foi a ameaça constante no perímetro, não mais letal como no início de carreira, mas jamais esquecido pelos oponentes. Até porque olha o que ele fez, olha o que ele fez, olha o que ele fez! Dias antes de completar 37 anos, em cima de demar derozan, 24.
vince, o mentor
Mas ao fim de seus anos em dallas, vince já não era mais titular. Ele não era um dos principais focos do ataque… em resumo: vince era substituível. Como então se manter numa liga que ficava cada vez mais nova? Cada vez mais focada em montar times com algumas estrelas e muitos jovens baratos? “Fácil”, vire um mentor! Foi aí que aquele garoto falastrão, polêmico, que batia de frente com qualquer um e buscava jogadas cinematográficas se tornou a voz da sabedoria do vestiário. Novamente indispensável numa equipe, só que mais pelo que fazia fora da quadra do que dentro.
E é assim que, pelos últimos 5 anos, vince rodou por memphis, sacramento e atlanta. Jogando 333 jogos, mas titular em apenas 33. Com média de 19 minutos e 6.7 pontos por jogo, a versão vinsanity quarentão jamais ficou sem trabalho. Na verdade, foi eleito em 2017 o veterano mais influente da liga, pela nba players association (nbpa).
É impossível saber quantos jogos mais poderemos ver de carter, mas assim como dirk, manu, duncan, parker, wade e kobe, só para falar de astros recentemente aposentados, vamos saborear cada minuto em quadra restante desse dinossauro das arenas (sem trocadilhos). E porque não, torcer por mais umas enterradas de despedida, tipo essas aqui do ano passado.
Que vídeo, que vídeo meus amigos, essa última até escorreu uma lágrima. Enfim, tudo que envolve esse ser sobrehumano parece insano. Tão insano quanto, sei lá, eu achar que tenho capacidade de escrever um texto falando dele. É, isso realmente seria uma insanidade total.