O domingo de NFL veio com tudo. É zebra que você quer? Já toma logo quatro! Prorrogação? Toma logo 2 então! Duelo de calouros com virada e QB com mais de 90 jardas corridas? Pá! Tá aí meninão. Quer TD estilo rugby? Toma um que arrepia até o último fio de cabelo e sela uma virada mítica! Ainda não está safisfeito? Então toma um Sunday Night Football com uma defesa monstra segurando um dos melhores ataques do campeonato. Vá dormir com aquela frase: “ataques ganham jogos, mas defesas ganham campeonatos”.
O atropelamento do Jaguars na quinta-feira parecia o anúncio de uma semana comum. Só que a NFL não é qualquer liga. Inclusive até os times parecem não gostar dessas previsões que fazemos. Prova disso, o domingo já começou muito bem. Com uma vitória do Browns em cima do Panthers, Mayfield já quis animar a sua tarde. O time da Carolina do Norte parece querer o prêmio de “paçoqueiro” da temporada.
Logo após conseguir seis vitórias e duas derrotas, nos oito primeiros jogos, já são cinco derrotas seguidas. Agora acho que já podemos bater o martelo, ficarão fora dos playoffs. Dessas cinco derrotas, três delas para times que nem estão em busca de pós temporada. Por outro lado, Baker Mayfield vem jogando muito bem com o Browns. Não fosse um tal de Hue Jackson e até pela bagunça que está a divisão norte da AFC, o browns poderia ser um dos times nos playoffs.
As defesas do primetime
Ao contrário do jogo de quinta a noite, os jogos de segunda e domingo foram das defesas. Se o Jaguars não fez jus ao seu “status” de melhor defesa da NFL, Bears e Seahawks ganharam. Enquanto o Bears segurou o Rams em seis pontos, a defesa assustadora do Rams cedeu 15 para um Mitchell Trubisky em noite ruim. Mesmo assim, sendo interceptado por três vezes e lançando apenas um touchdown, o QB do Rams conseguiu ser pior. Quatro quatro interceptações, onde uma foi pick six. Independente de resultado, o Rams já tem a sua classificação garantida e o Bears só fica de fora se fizer força.
Mesmo caso do Seahawks. Após a Legion of Boom parecer formada novamente, ou pelo menos uma segunda versão dela, Seattle só ficará fora se quiser. No Monday Night, Kirk Cousins continuou entregando pouco, menos ainda que o centro de distribuição dos correios em Curitiba. O resultado só não foi pior pois a defesa do Vikings também é de tirar o chapéu (e porque Pete Caroll e Russell Wilson ainda não conseguiram descobrir o que fazer com a bola quando estão na linha de uma jarda). Foram três quartos com apenas três pontos no placar, os touchdowns vieram apenas no último período.
Quem dormiu, perdeu, quem cochilou, provavelmente acordou com os gritos de Everaldo Marques e Paulo Antunes. Kirk Cousins lançou muito a bola e o jogo corrido do Vikings não funcionou, Russell Wilson não chegou nem a 100 jardas aéreas e teve o pior rating de sua carreira na NFL, 37.9. De fato o jogo foi das defesas e pior para a do Vikings. De toda forma, assim como o Seahawks, o Vikings só deve ficar de fora dos playoffs se quiser, pois depende apenas de si. A possibilidade existe, mas não parece provável.
O Saints retoma o caminho
Lá em Tampa, onde este site estava duas semanas atrás, Cairão perdeu dois field goals e o Buccs teve que ouvir o Saints cantando o vira. Após a defesa do Buccs segurar o ótimo ataque do Saints por dois quartos inteiro, o jogo inverteu. A defesa do Saints segurou Jameis Winston e sua turma, enquanto Mark Ingram, Kamara e Brees fizeram a festa. Foram 25 pontos nos últimos dois períodos e Taysom Hill, voltou a aparecer como elemento surpresa desse time.
O terceiro QB de New Orleans, dessa vez bloqueou um punt e deixou o time em ótima posição de campo quando o placar era desfavorável a equipe. Hill é tão engraçadinho quanto o técnico Sean Payton. Após a derrota para Dallas, o Saints parecem ter reencontrado sua forma e continuam na briga com o Rams pela primeira posição na conferência nacional.
Vitórias tranquilas
Enquanto isso na tarde fria de Green Bay, os cabeças de queijo, já sem Mike McCarthy e sob o comando de Joe Philbin, conseguiram uma boa vitória sobre o Falcons. O primeiro quarto chegou a ser equilibrado, mas depois só deu Packers. O Falcons anotou 13 pontos no último quarto, mas já era tarde para qualquer coisa. Lions e Cardinals seguiram mais ou menos o que foi o Monday Night e fizeram um jogo sem touchdowns por três períodos.
Foram apenas três míseros pontos no primeiro tempo, mas com muito menos intensidade do que no jogo de segunda a noite. Apesar da vitória, Matthew Sttaford não teve bom jogo e Josh Rosen, apesar de bons números, ainda mostra algum sofrimento com a adaptação na NFL. De qualquer forma ainda é cedo para julgar. Afinal, quem era Jared Goff em seu primeiro ano?
Viajando até a capital dos EUA, o Giants engoliram os comandados de Mark Sanchez. Bem, como disse Everaldo Marques, “com Mark Sanchez, sem ‘Sanches’ “, ponto. Eli Manning continua jogando muito bem e Saquon Barkley passou das 100 jardas terrestres. O garoto continua destruindo defesas e segue como franco favorito ao título de calouro do ano. Inclusive, pode ser que ainda consiga quebrar o recorde de jardas de scrimmage (recebendo e correndo) de um calouro na NFL.
Mais jogos da tarde
Patrick Mahomes e o Chiefs continuam sua jornada em busca da primeira colocação da conferência americana. Em jogo muito emocionante, e após um field goal errado pelo garoto que tirou nosso Cairão de Kansas City, tivemos uma prorrogação eletrizante. No fim, vitíoria do Chiefs que já está assegurado nos playoffs, resta saber se ficarão com #1 ou não. Lamar Jackson parece ter conseguido a vaga de vez, alguns rumores apontaram que apesar de Flacco estar inativo para a partida, ele estava saudável e a decisão do time foi manter o calouro como titular.
Decisão acertada? Parece que sim, esse ataque sob o comando de Jackson, parece muito mais eficiente e mais imprevisível. O que ele acrescenta com a sua corrida é diferente. O braço pode não ser o melhor, pode, mas ele pode aprender, o calouro é bom. Enquanto isso, no Texas, Colts e Texans protagonizaram outro jogo eletrizante.
Velho conhecido e dois novos
André sorte e seu ataque mais uma vez foram horríveis por boa parte do jogo. Ao final do primeiro tempo, engrenaram e engataram 24 pontos seguidos. A defesa pouco falada do Colts, conseguiu segurar o bom ataque do Texans nos 21 pontos e no fim Indianapolis sacramentou a vitória no “grito”. 3 & 1, o Texans já sem tempos para pedir após o two minute warning, Jadeveon Clowney invadiu a zona neutra no hard count de Luck. Uma chamada bem engraçadinha e melhor que qualquer outra feita na época de Chuck Pagano. Indianapolis segue vivo na corrida para uma vaguinha nos playoffs, já o Texans, mesmo com a derrota, não deve perder o título da divisão sul.
No duelo entre, Sam Darnold e Josh Allen, melhor para o primeiro. Darnold trilhou o Jets numa bela virada e ainda lançou um belíssimo touchdown para empatar a partida. Já Josh Allen correu para mais de 90 jardas e já é o terceiro jogo que faz isso. Diga-se de passagem, o QB do Bills parece esse colunista jogando Madden. Após uma leitura, recebedor marcado, corre com a bola. Foram muitas corridas, e isso pode complicar, tanto que uma delas acabou soltando a bola e fumble recuperado pelo Jets. Ainda foram mais duas interceptações, que mostram o quanto o calouro ainda é cru. Nada diferente do que vimos ele aprontando em Wyoming. Mesmo assim ainda é cedo e ele tem teto para crescer.
Grandes pass rushers, caminhos distintos
Viajando até a califa, o Bengals não facilitou a vida do Chargers. Fizeram um jogo muito bom. Embora as análises indicassem um dia fácil para Felipe Rios, não foi bem assim. O Bengals fez bom jogo, tanto ataque quanto defesa tiveram boas atuações e deixaram a tarde do Los Angeles Chargers of San Diego com um pouco mais de emoção. Os Bolts continuam vivos com a classificação para os playoffs e arrisco dizer que será muito difícil tirá-los de sua posição.
Se o Bengals entregou um bom jogo em Los Angeles, podemos dizer que em Santa Clara, Denver fez papelão. Os mineiros chegaram a abrir 20 a 0 contra o Broncos, com boa atuação de George Kittle, Dante Pettis e Nick Mullens. O QB de São Francisco lançou para mais de 300 jardas contra a excelente secundária de Denver. O jogo chegou a esquentar no quarto período, mas a defesa de São Francisco foi capaz de conter Case Keenum e sua trupe. Os cavalinhos começam a galopar bem devagar na disputa pelo wildcard.
Steelers surpreendem, #sqn
Ainda na califa, o Raiders recebeu o Steelers e cometeu o crime. Talvez não tenha sido tão surpreendente quanto a vitória do 49ers, mas a forma como ela aconteceu foi melancólica. O jogo foi equilibrado, defesa do Raiders forçando turnovers e conseguindo pressionar tanto Big Ben quanto Joshua Dobbs. Você não leu errado, Joshua Dobbs entrou no segundo tempo devido a uma aparente lesão de Big Ben. Mesmo assim não pode receber a culpa da derrota sozinho, até porque Big Ben também não está em sua melhor temporada.
Dobbs sofreu uma interceptação, mas não comprometeu. Perdendo por 3 pontos, com 21 segundos no relógio e Big Ben já de volta ao campo, o Steelers assim como o Dolphins, também usou do rugby para buscar ao menos o empate. Entretanto, Chris Boswell escorregou na banana e o field goal foi bloqueado. O Steelers parece fazer alguma força para ficar fora dos playoffs. Estão apenas meio ponto a frente dos quatro times que buscam a classificação (Baltimore, Miami, Colts e Titans) e ainda enfrentam a dupla “nova”, New England (casa) e New Orleans (fora).
Um milagre em Miami
Em Miami aconteceu algo que nos deixa sem palavras. Em Miami aconteceu um milagre! Não que Miami não fosse capaz de ganhar do Patriots, muito pelo contrário, nessa época do ano, eles adoram aprontar isso. O detalhe aqui é o TD que trouxe a vitória, a forma como todo o lance foi elaborado até a sua conclusão. Tannehill agora tem quatro vitórias contra Tom Brady. Sendo assim, o único QB a conseguir esse feito. Nem Peyton, nem Eli (Patriots’ Killer), nem Brees, nem Rodgers, nem ninguém, conseguiu tal feito.
É difícil descrever o que foi o jogo que aconteceu lá no hard rock stadium. Faltam palavras para contar, foi melhor que um roteiro de filme, foi um daqueles jogos que nos arrepiam, que nos fazem gritar e dizer palavras como “hdsokaisj dzkoagfo8ysafhqufih srey7gfwuaohfr ywegf8jyegf8yakhfy rew8gfw87”. “Que que tá conteceno?”. Quem estava no estádio deve ter presenciado uma das melhores experiências esportivas da vida. Ao mesmo tempo, quem via pela TV, pôde sentir algo diferente, graças a Ian Eagle.
Sete segundos no relógio, 1 & 10, Tannehill no shotgun, recebe o snap e daí pra frente, veja com seus próprios olhos, pois é difícil descrever o que veio a seguir. Não sei mais o que aconteceu, virou rugby, virou gana, virou a vontade de “bater” um rival, virou Kenyan Drake contra Gronk nas últimas jardas… Virou vitória do Miami Dolphins, do silêncio virou histeria, virou história. Fique com o vídeo! Deixe o volume bem alto, veja, reveja, sinta a torcida, “sinta” a voz de Ian Eagle, “sinta” até o silêncio durante o lance. A miracle! O Dolphins segue vivo na corrida pelos playoffs e o Patriots, mesmo parecendo difícil, continua na busca da #1, que hoje é do Chiefs.
O duelo (vida ou morte) no Texas
Eagles e Cowboys, arrisco dizer, fizeram o melhor jogo do final de semana. Além de toda a disputa para classificação, numa divisão tão embolada, a qualidade dos times era algo interessante. Parecia um roteiro de filme e o anúncio disso já veio nos primeiros segundos de partida. Chute inicial, Dallas retorna e sofre fumble, mas as zebras não marcam nada. Lance revisto, fumble confirmado, mas sem evidências de quem recuperou, segue o jogo primeira descida Dallas. Aí começou o show. Ataque e defesa, Prescott e Wentz, até o herói inesperado.
Dak Prescott foi interceptado duas vezes, Carson Wentz sofreu fumble e Dallas chegando na red zone, mas incapaz de produzir tochdowns. Fim do primeiro tempo, show de field goals (incluindo um errado), 6 a 0 Dallas. Começa o segundo tempo, Dallas continua atacando bem, come muito tempo de relógio, mas não consegue entrar na end zone. Novo field goal, 9 a 0 Dallas. Jogo parecia ficar em banho maria até que a secundária do Eagles consegue o turnover que eles precisavam.
Bola retornada até a linha de duas jardas, excelente posição, Carson Wentz para Alshon Jeffery, touchdown! Chute extra não convertido, mas o jogo continua aberto. Dallas parece sentir e dessa vez Prescott sofre fumble. O eagles recupera a bola no meio do campo e avança o suficiente para conseguir um field goal. Jogo empatado e o jogo parecia ter virado para o Eagles.
O herói improvável
Então o herói da noite aparece. Dallas marcha, consegue tomar mais minutos no relógio e finalmente anota um touchdown, Amari Cooper. O Eagles não se entrega e após uma campanha de três descidas e punt, contou com sua defesa para ficar em boa posição no campo. O melhor QB ruivo da liga lança mais um TD, dessa vez para Dallas Goedert. Jogo volta a ficar empatado, com pouco mais de três minutos.
Dallas é forte e queria a classificação, precisava anotar touchdowns e compensar as falhas do primeiro tempo. Mais uma vez Prescott para Cooper, Dallas volta a ficar na frente. Bom, como essa liga é bem engraçadinha, primeira descida para o Eagles e o rajão ruivo lança bola para Goedert novamente, que corre o campo inteiro (aos trancos e barrancos), para anotar o touchdown do empate.
O jogo era louco, maluco, frenético! Pois bem, as zebras apareceram e marcaram uma interferência de Dallas Goedert e anularam o touchdown. Pobre Eagles? Pobre nada, carson wentz seguiu conduzindo o time até que a formiguinha atômica, Darren sproles, anotou o touchdown do empate. 1:39 no relógio, Dallas queria a vitória e deixar mais do que encaminhada a sua passagem aos playoffs, mas dessa vez não conseguiu segurar o impeto da defesa de Philadelphia.
O touchdown espírita
Dois sacks seguidos acabaram com a campanha, levando o jogo para o overtime. Na bacia das almas, no tempo extra, o jogo segue o mesmo, Dallas marchando muito bem, correndo bem com a bola, gastando o relógio e contando com uma ótima conversão de primeira descida num 4 & 1. Já tomando praticamente todo o overtime, dentro dos dois minutos finais da prorrogação, ele aparece novamente.
3 & 8, Prescott para Cooper, Rasul Douglas acerta a bola, desvia ela, mas não o suficiente. Como se um vento soprasse na direção de Amari Cooper, a bola fica em seu “colo”, apenas sete jardas para correr, touchdown vitorioso de dallas e o choro de Rasul Douglas. Doido, touchdown fantasmagórico. Dallas praticamente garantiu sua vaga, já o Eagles pode pensar em suas férias. O atual campeão do Super Bowl foi muito inconstante durante o ano. Se cairmos na categoria de quem merece estar na pós temporada, eles não são um desses times. Mesmo assim, fizeram um jogo excelente, o melhor do final de semana.
O jogo da semana
Mais emocionante que Miami e New England? Com certeza não. O jogo entre os dois, o lance derradeiro, a vitória de Miami, nada pode ser comparado a lances que ocorreram em qualquer jogo dessa semana 14. Ou até em qualquer jogo dessa temporada. O jogo que aconteceu lá na Flórida será um daqueles que vamos ver e rever durante anos. Será um daqueles jogos que você contará para seus filhos, os seus filhos para os filhos deles, etc, etc, etc. Logo, é cruel demais comparar um jogo desse com qualquer outro jogo dessa semana. Enquanto Dallas e Eagles fizeram o melhor jogo, a vitória de Miami nos faz arrepiar.