Finalmente chegou o dia que eu tanto esperava. Finalmente chegou o dia de falar do meu primeiro amor, melhor, dos meus primeiros amores. Basquete, NBA, Pacers, Lakers, casos de amor antigo, com muita nostalgia e algumas contradições, ou não.
O ano é 1998 e o Brasil perdeu a copa para a França. Triste? Sim, talvez a minha maior decepção esportiva naquela época. Talvez tão dolorosa quanto a derrota da Lusa em 1996, para o Grêmio. No entanto, aquela era a primeira final de uma Copa do Mundo que eu realmente acompanhei de cabo a rabo.
Entretanto, o mundo esportivo nunca me decepcionou. Eu só não sabia disso naquele momento, ou melhor, naquela época. Saiba você, que meu último título como torcedor, foi em 2014, a World Series dos Giants (diga-se de passagem, a melhor World Series que vi, até essa maluca de 2019), mas mesmo nesse hiato de cinco anos sem títulos, algo de bom aparece.
Space Jam
Até aquele ano, o meu maior contato com o basquete foi Space Jam. Talvez, o mesmo contato que a maioria dos garotos da minha idade também teve. O filminho do Pernalonga com aquele jogador mediano, o Michael Jordan, começou a chamar a minha atenção para o esporte.
Então após a épica derrota do Brasil, comecei a me agarrar a outros esportes também. Logo após o Space Jam, o consumo daquela marca “Space Jam”, só aumentou. Música, camiseta, bonecos e finalmente o basquete no colégio. Logicamente, baixinho que sou, só tentava fazer uma bandeja e surtava jogando “21”.
Enfim, chega outubro de 1998, a temporada pós o “Last shot”, a temporada pós o sexto título do Bulls, o sexto título de Michael Jordan. A temporada começava sem Pippen e Jordan juntos, mas começava a despontar uma outra dupla, Kobe e Shaq.
Gente, foi muito fácil gostar de basquete. Ainda tinha Iverson, Steve Nash e Tracy McGrady, além de alguns caras que surgiam naquele ano, Vince Carter e Paul Pierce. A NBA foi apaixonante, e os astros eram realmente astros.
Eu apreciava ver aqueles caras jogando, achava o máximo. Vi um pouco de Michael Jordan, já nos Wizards, mas vibrei com Kobe e o Lakers, apreciei cada crossover de Allen Iverson e cada enterrada de Vince Carter.
Com um primeiro olhar para a NBA, fácil ver que sou um torcedor do Lakers, certo? Pois é, não é bem asssim… Vamos para a primeira receita.
Indiana
Indiana Pacers, o meu quarto amor, logo depois do basquete, da nba e do Lakers, foi com quem “me casei”. Um time do midwest, ou como os americanos dizem, um time de caipira. Mercado pequeno e na época que vi, alguns jogadores de destaque, mas poucos na história do basquete.
Reggie Miller, Jalen Rose, Rik Smits e Mark Jackson; e Larry Bird no banco, junto de Rick Carlisle. Foi assim que esse time chegou nas finais de 2000 da NBA. Eu vendo o todo poderoso Lakers, com quem aprendi a gostar de basquete, enfrentando o time de caipiras, que tinha um ala, que talvez tenha sido o maior arremessador de três da história.
Desculpa Curry, desculpa Ray Allen, foi ele que começou. Talento, persistência, perfeição, gana! E aí vem mais um dado engraçadinho. O rapaz da califórnia, saído da UCLA, me mostrou o que é ser um hoosier. O cara me apresentou a insanidade basqueteira que existe no estado de Indiana. A paixão pelas quadras, pelo basquete.
É difícil explicar o que é ser um hoosier, você precisa sentir e talvez o basquete seja a primeira grande experiência a ser vivida. Embora o basquete seja legítimo de Massachusetts (inventado por James Naismith lá em Springfield), foram os hoosiers que legitimaram a paixão pelo esporte. Então, já que estamos falando de coisas legítimas, nada mais legítimo que essa receita para Indiana, a hoosier pie.
Hoosier pie
Ingredientes:
- 1 massa de torta
- 1/4 de xícara de manteiga sem sal
- 2 1/4 de xícaras de creme de leite fresco
- 1/4 de xícara de amido de milho
- 3/4 de xícara de açúcar granulado
- 1 colher de chá de extrato de baunilha
Modo de preparo:
- Esse talvez seja o preparo mais rápido que já fizemos de doce.
- A receita é tão americana, que não tem receita de massa, é pra comprar a massa congelada mesmo.
- Então vamos começar assando a massa congelada que você comprou. Siga as instruções do fabricante! 🙂
- Logo após, pegue uma panela média, adicione a manteiga e o creme de leite fresco.
- Então aqueça em fogo médio e mexa constantemente.
- Assim que a manteiga derreter, adicione o amido de milho e o açúcar.
- Continue mexendo a mistura. Então, quando começar a ferver, deixe por mais um minuto e depois retire do fogo.
- Essa mistura deve parecer com um pudim.
- Logo após retirar do fogo, adicione a baunilha e despeje toda a mistura na massa de torta que já está assada.
- Então leve a torta para a geladeira e deixe lá por mais ou menos 4 horas.
- Depois é só fatiar e servir a galera.
Los Angeles
A cidade dos anjos já foi descrita nessa coluna. Já falei da grande influência latina que existe nela, assim como sua gastronomia variada. Não vou querer me expandir nisso, muito menos chover no molhado, falando do Lakers. Dizer que eles estão com um início de temporada absurdo. Ou então que a dupla Davis e Lebron é algo de outro planeta.
Também não quero falar que o uniforme desse time só não é mais bonito que o de seu maior rival, o Celtics. Também não quero agradecer por terem feito me apaixonar pelo basquete. Até porque, na terça-feira, só quero saber de vitória do Pacers e quero uma apresentação de gala, do rapaz que está em nível de all-star, o Saboninho.
Enfim, não quero falar nada disso não. Eu quero é falar da receita que vai acompanhar, isso mesmo, “que vai acompanhar” a receita do Pacers. Dessa vez não tem duelo, dessa vez o troço é pra ser harmonioso. Não quero competição entre “a minha esposa” e as minhas “ex’s” (rapaz, isso aqui vai dar polêmica, mas é só uma analogia).
Uma torta, tão doce quanto a paixão do cara de Indiana por basquete, tem que acompanhar uma receita que, apesar de não ser terça-feira (tuesday), é dita constantemente pelo maior astro do Lakers hoje. Sendo assim, vamos brincar um pouco com Lebron James, afinal, hoje é dia de “taco tuesday“!
Tacos
Antes de mais nada, eu sei que hoje é quinta-feira e que tuesday é terça-feira, só usei a licença poética e mesmo assim, o jogo será numa terça-feira. Bom, a receita aqui é rápida e o taco muda pouco.
Você tem duas opções de massa, a tortilla de milho, aquela mole, ou então o que ficou famoso nos estados unidos, chamado de hard-shell ou então taco shell. Nada mais é que aquela tortilla durinha.
Escolha o que te agradar mais e siga os passos abaixo para fazer os tacos dos coleguinhas. Como é simples, faremos as vegetarianas e as carnívoras. Então bora lá.
Ingredientes vegetariano:
- 3 colheres de sopa de azeite
- 350 gramas de cogumelo paris, fatiado
- 3 pimentas ancho/poblano
- 1 cebola grande
- 4 dentes de alho
- 1 pimenta jalapeño
- Suco de 1 limão
- 1 colher de sopa de tomilho fresco
- Sal
- Pimenta
- 1 colher de sopa de cominho
- 12 tortillas (escolha a que te agrada mais, taco shell ou a “mole”)
- Alface
- Queijo muçarela
- 2 tomates
- Molho de pimenta Sriracha
Modo de preparo vegetariano:
- Vamos lá, pegue uma frigideira e aqueça em fogo alto.
- Então coloque óleo e cozinhe os cogumelos.
- Não fique mexendo nos cogumelos e deixe na panela até dourar.
- Enquanto isso, corte a pimenta ancho/poblano em fatias e tire as sementes.
- Corte também a cebola e a pimenta jalapeño e pique o alho.
- Misture tudo na panela e acrescente o tomilho e o cominho.
- Logo após, prove e tempere com sal e pimenta.
- Siga cozinhando e sempre mexendo até que as pimentas fiquem crocantes.
- Ao final, jogue o suco do limão.
- Então, terminado o processo de panela, comece a preencher as tortillas com a mistura que acabou de fazer e por cima coloque alface, queijo, tomate picado e a pimenta Sriracha.
- Agora sirva os coleguinhas que não comem carne.
Ingredientes carnívoro:
- 550 gramas de carne de porco moída
- 4 dentes de alho
- 1 colher de chá de orégano
- 1/2 xícara de caldo de galinha
- Pimenta jalapeño
- Sour cream
- Gengibre
- 1/2 colher de chá de cominho
- 2 cebolas
- 1 colher de chá de mel
- 2 limões
- Hortelã (algumas folhas)
- Salsinha picada
- 2 colheres de sopa de molho de pimenta sriracha
Modo de preparo carnívoro:
- Num processador, bata a cebola, a salsinha, a hortelã, o mel, o suco de 1 limão e os dois dentes de alho.
- Então, numa tigela pequena, misture o tour cream, o gengibre, suco de 1 limão, o molho de pimenta sriracha e o cominho.
- Logo após, comece o preparo da carne de porco. Escolha a sua frigideira preferida, coloque óleo e deixe em fogo alto.
- Então, coloque a carne de porco e deixe cozinhando, vá mexendo de vez em quando.
- Assim que a carne dourar, adicione um pouco de cebola, alho e orégano.
- Logo após, prove a carne e tempere com sal e pimenta.
- Siga cozinhando até a cebola amolecer, deixe em fogo médio-baixo e acrescente o caldo de galinha.
- Cozinhe por mais ou menos 8 minutos.
- Terminado o processo da carne, pegue as tortillas e comece a preparar.
- Coloque o creme sriracha que fizemos na tigela, em seguida cubra com a carne de porco, depois coloque queijo, alface, algumas fatias de jalapeño e a mistura que batemos no processador.
- É isso, agora sirva os coleguinhas carnívoros.
Bateu a fome!
Não vou mentir que bateu a fome, mas o que bateu mesmo foi a nostalgia. Lembrar daqueles tempos de moleque e como o basquete apareceu pra mim, foi bom demais. Muitas pessoas dizem que as vezes é bom deixar o passado pra trás e seguir só olhando o futuro.
Eu já penso um pouco diferente, acho que olhando o passando, entendemos melhor quem somos hoje e traçamos melhor o que pretendemos ser no futuro. Caramba, é eita atrás de vixe, filosofei aqui. Foi profundo, mas é pra lembrar que o sabor desses pratos também é profundo.
Além de todos os ingredientes presentes e essas combinações, ainda existe toda uma história de amor pelo basquete atrás dessas receitas. Acho que me entenderam. Então é barriga no fogão, vem com “nóis”, bebam água e não esqueçam de assistir Pacers e Lakers na terça-feira, receita de sucesso. Semana que vem tem mais.