De todos os roteiristas, talvez, o do beisebol seja o mais virtuoso em seu labor. Jogo após jogo consigo ser surpreendido pela capacidade inigualável que esse esporte tem para criar grandes histórias. Tudo acontece exatamente como precisaria acontecer em uma grande odisséia literária. A todo momento forjam-se heróis e vilãos que tornam-se protagonistas de verdadeiras ilíadas compostas pelo romantismo desse esporte.
Existe algo no beisebol que guia os acontecimentos ao exato momento onde tudo seria mais poético para se acontecer. Jacob Stallings precisaria rebater um dos poucos home runs de sua carreira na noite em celebração a Roberto Clemente. O Chicago Cubs estava destinado a quebrar uma das maiores maldições do esporte justamente na série mundial mais espetacular do beisebol.
Ao mesmo passo, Madison Bumgarner tinha escrito em seu destino a maior atuação de um jogador em uma decisão, onde sacramentaria o terceiro título do San Francisco Giants em 5 anos, coroando uma das gerações mais vitoriosas da tradicional franquia de San Francisco.
Roteiro
Então, para decidir a copa do mundo de beisebol, o roteirista nos reservou as duas maiores potências do esporte. Japão e Estados Unidos estiveram frente a frente com seus maiores nomes pelejando pelo título mundial. Mike Trout e Shohei Ohtani adentraram o campo com as bandeiras de seus respectivos países em punho – os 2 melhores jogadores de beisebol do planeta, companheiros de time, seriam adversários por uma noite.
Com todos os elementos postos à mesa, quis o destino que os 2 se encontrassem no último confronto do campeonato. Os samurais venciam apenas por 1 corrida e contavam com os poderosos arremessos de Ohtani para assegurar o resultado. Os americanos tinham em Mike Trout a sua última esperança para manter viva a esperança do título. O confronto entre arremessador e rebatedor é sobretudo psicológico.
Protagonistas
Ohtani atacou Trout com arremessos poderosos no meio da zona, desafiando o seu companheiro para um embate de força. Mas como tudo no beisebol, esse confronto precisaria ser o mais emocionante possível. Com a contagem cheia, havia a mais pura tensão no ar. Shohei Ohtani era o líder de uma legião que batalhava em suas costas. Enquanto isso, Mike Trout era um intrépido guerreiro que se colocava à frente da imponência nipônica e desafiava o maior de seus guerreiros.
No último arremesso vimos a epítome da perfeição, uma slider certeira que fugiu sorrateiramente do bastão de Mike Trout. O estampido da bola encontrando a luva do receptor dizia apenas uma coisa: os japoneses haviam conquistado o mundo pela 3ª vez. Um título construído por uma geração vencedora e sacramentado pelo seu maior jogador.
Enfim, de todas as histórias que poderíamos imaginar para a copa do mundo de beisebol, a melhor delas foi contada diante dos nossos olhos. Enfim, diante de tudo isso sigo caminhando e me perguntando. Como você pode não ser romântico com o beisebol?