O que são as RSN (Regional Sports Network)?

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Por problemas técnicos ficamos sem zone cast nessa semana. Mas como a nossa pauta traria assuntos importantes e até delicados, separamos um texto para você ler antes de ouvir o podcast na semana que vem. Então aproveita a leitura e o conteúdo, pois na semana que vem o episódio ficará bom demais!

Se você é um fã de esportes americanos, provavelmente já deve ter ouvido falar em RSN, ou então, Regional Sports Network. Em tradução simples, seria algo como as afiliadas da TV Globo, só que apenas para esportes. Imagina uma TV Tem, que cobre boa parte do interior paulista, com uma programação totalmente esportiva e com transmissão exclusiva dos times da região. De certa forma é isso.

No entanto, a ideia não é só simplificar, mas explicar pra vocês de maneira que os problemas abordados no podcast da semana que vem fiquem claros. Então, vamos adotar o modo Globo Repórter; o que são, do que vivem, onde moram? Adoro brincar com isso, mas agora falando sério, vamos abordar exatamente esses pontos. O que são as RSN, como elas funcionam e como elas afetam a experiência esportiva nos Estados Unidos.

O que são as RSN?

As RSN, ou Regional Sports Network, são redes de televisão a cabo ou satélite que transmitem eventos esportivos locais em uma determinada região geográfica. Algumas dessas RSN mais conhecidas por vocês provavelmente são a NESN (New England Sports Network), que transmite jogos de equipes esportivas no Nordeste dos Estados Unidos, ou pra facilitar, de times de Boston e seus arredores.

A YES, que cobre alguns dos times da região de Nova Iorque. A SportsNet LA, que transmite jogos de equipes esportivas em Los Angeles e arredores. Por fim, as “afiliadas” das Fox Sports, que merecem alguns parágrafos dedicados a ela, então segurem esse ponto. A programação de uma RSN normalmente inclui os jogos ao vivo, bem como programas de análise e comentários sobre esportes locais.

Vale lembrar que uma RSN também cobre jogos das universidades locais. Por isso as RSN acabam sendo populares entre os fãs de esportes locais. Afinal, oferecem uma cobertura exclusiva de equipes esportivas locais que não é encontrada em outras redes de televisão. No entanto, as RSN podem ter um impacto negativo na programação esportiva local, já que podem monopolizar os direitos de transmissão.

Pois é, as RSN tem direito exclusivo das franquias, sendo assim outros canais de televisão não podem transmitir esses jogos, ficam com direitos apenas de jogos que por contrato fazem parte da rede nacional. Além disso, algumas RSN têm sido alvo de controvérsia devido aos altos custos das assinaturas e a exclusão de certas áreas geográficas de sua cobertura.

O grupo Sinclair

Bom, já que vocês já sabem o que é uma RSN, agora podemos começar a falar da Fox Sports, que não é mais Fox Sports, mas Bally Sports. Em 2019, a Sinclair Broadcast Group adquiriu as RSN da Fox Sports por uma bagatela de $9,6 bilhões. A aquisição incluiu 21 redes de todo o país, contendo as mais famosas, Fox Sports Southwest, Fox Sports Midwest e Fox Sports Arizona. Um feito muito significativo no mundo da transmissão, visto que colocou o controle das RSN sob uma única empresa.

Antes da aquisição, as RSN da Fox Sports eram amplamente distribuídas em todo o país, com diferentes proprietários e operadores em diferentes regiões. Inclusive, a YES citada acima, conta com uma participação minoritária do grupo Sinclair. Essa aquisição também acabou expondo a grande importância das RSN no mundo dos esportes. Mas após a aquisição gigantesca, um comportamento de consumo estava mudando.

Com o aumento do número de pessoas cortando as TVs por assinatura e caminhando para os serviços de streaming, as RSN se tornaram uma das poucas fontes de conteúdo esportivo ao vivo que ainda exigem uma assinatura de TV a cabo ou satélite. Até aí você pode me dizer, “é só a Sinclair iniciar o seu serviço de streaming”. Mas aí residem outros problemas, pois tudo está sob o comando da mesma empresa.

Essa junção das RSN sob um mesmo guarda-chuva poderia levar a um significativo aumento nos preços de assinatura, o que talvez faria você optar por outros meios de ver esse jogo, nem digo meios ilegais, mas a busca por outros serviços de streaming mais consolidados. Outro ponto é o investimento necessário para a Sinclair sair do cabo e ir para o streaming, um investimento nesse caminho poderia vir da exclusão das controversas áreas geográficas que são mais caras.

A vida das RSN

Enfim, explicado o grupo Sinclair, vale explicar um pouco do dia a dia das RSN. Bem, como dito mais acima, geralmente essas redes têm contratos de transmissão exclusivos com equipes esportivas locais, fazendo com que só elas possam transmitir jogos ao vivo em suas áreas de cobertura. Isso pode ser problemático para os fãs de esportes que vivem fora da área de cobertura da RSN ou que não têm acesso à rede em sua operadora de TV a cabo.

Mas o que é ruim para os fãs, nem sempre é ruim para os times e para os “cartolas”. Afinal, os times que mais dependem das RSN são aqueles com base em mercados menores ou médios, onde as RSN acabam sendo uma fonte importante de receita e visibilidade. Por exemplo, times como o Pittsburgh Pirates, Kansas City Royals, Baltimore Orioles e Cleveland Indians dependem muito de suas RSN, não só por receita, mas também por alcance de público.

Esses times não têm o mesmo apelo nacional que os grandes mercados, como os New York Yankees ou Los Angeles Dodgers. Então as RSN são vitais para aumentar exposição da marca. Franquias como o Chicago Cubs e o Chicago White Sox, embora estejam em um grande mercado, também dependem da Marquee Sports Network, uma RSN deles, para obter receita e visibilidade. Detalhe, hoje, parte da Marquee pertence a Sinclair.

O futuro

No entanto, é importante ressaltar que, embora esses times dependam das RSN para obter receita e exposição, a situação é dinâmica. Ela pode mudar com o tempo, dependendo de fatores como desempenho do time, negociações de contratos de transmissão e evolução da indústria de transmissão de esportes. Inclusive, acredito que o cenário já esteja mudando e ficando mais complicado para os times que hoje dependem mais das RSN.

Segundo estudos do 538, hoje existem times da MLB que recebem mais receita da TV do que do próprio ingresso dos estádios. Enfim, de qualquer forma, mudando ou não, afetando as franquias ou não, acho que é perceptível a importâncias das RSN na experiência esportiva local nos Estados Unidos. Afinal, são elas que oferecem uma cobertura exclusiva e imersiva ao fã de esporte e de sua comunidade.

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