Sobre cães e mascotes #10: Stanford

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Au au! Aqui é a Jessie, estou de volta para contar mais uma história engraçada e esquisita sobre mascotes. No caso de hoje, não são nem animais, como o touro maluco Benny que minha amiga Baleia apresentou semana passada; nem seres estranhos, como o Gritty, o último que eu contei para vocês. Hoje é a vez de Tree, mascote de Stanford!

Na verdade, ele nem é o mascote oficial do time, apenas faz parte da banda. O time também não é profissional, é universitário. Se bem que pelo que eu andei vendo, esse futebol americano universitário é mais profissional que muita equipe da NFL… Mas vamos ao nosso mascotinho do dia, a árvore Tree!

Sim, uma árvore chamada árvore. Muito criativo, né? Esse mascote não-oficial da Universidade de Stanford, na Califórnia, aparece em todos os jogos da equipe e já é sua marca registrada. Então para todos os efeitos, é o mascote sim e ponto. Mas antes de falarmos da Tree, vamos contar tudo que aconteceu antes do surgimento da árvore. Aliás, haja polêmica e confusão!

Uma das versões dessa árvore bastante estranha!
Fonte: Alvaro Ponce / Stanford Daily

Prince Lightfoot, o primeiro mascote

Entre 1930 e 1972, os times da universidade não eram conhecidos como Stanford Cardinal, mas sim como Stanford Indians. Então, em 1951, decidiram escolher Prince Lightfoot, um cacique indígena, como o mascote das equipes. Mas esse não era um mascote como conhecemos hoje, com uma fantasia enorme, cabeça gigante… ele era realmente um índio!

Prince Lightfoot era Timm Williams, líder da tribo Yurok do norte da Califórnia, e ele se apresentava com cocar, roupa tradicional indígena, tudo criado por ele mesmo, inclusive o personagem! Williams era um fã de Stanford, tão fanático que ia a todos os jogos e ficava dançando e cantando como os indígenas da sua tribo.

Prince Lightfoot em 1971, perto do seu final como mascote.
Fonte: Stanford University, Department of Athletics e Marching Band

Em 1972, estudantes e professores de ascendência indígena de Stanford protestaram e conseguiram convencer a universidade a acabar não só com o índio, que era considerado uma piada ofensiva, mas com o nome Indians. Foi aí que começou a surgir a árvore. Primeiro, o nome dos times virou Stanford Cardinal, que é a cor da universidade, esse vermelho escuro da foto aí embaixo.

Novo nome, sem mascote

Mas ainda faltava um mascote, e aí foram anos e anos e muitas votações e discussões. Teve sugestão de usar um estudante correndo com um quadrado gigante todo na cor “cardinal”. Teve até votação oficial que escolheu Robber Barons (Barões Ladrões) ou Grifos, mas nunca tinha um consenso.

Stanford Cardinal (a cor, não o pássaro Cardinal de muitos outros times)
Fonte: Getty Images

Enquanto isso, a banda de Stanford criou vários mascotes bem aleatórios, como uma tubulação de vapor e uma batata frita. Para o jogo de 1975 contra UC Berkeley (conhecida nos esportes como Cal Golden Bears), sua maior rival, a banda de Stanford criou a árvore.

Os estudantes adoraram. Então, a banda percebeu que aquela árvore esquisita e sem nome, criada amadoramente na madrugada da véspera do jogo, fez mais sucesso do que qualquer mascote-piada anterior e decidiram adotar ela como mascote da banda! Não da universidade, apenas da banda. Isso é muito importante de se lembrar.

Inclusive, a banda não é nem considerada oficial pela universidade, é uma entidade a parte. Por isso, ela costuma ser muito mais irreverente que a maioria das bandas universitárias dos Estados Unidos, que são muito mais formais.

Tree, da banda para o mundo

Bem, Christina Hutson, a desenhista original da árvore, foi também “a primeira árvore”, por 2 anos. Quando ela se formou, passou adiante para outro membro da banda, e por anos essa tradição se manteve. Até que, em 1987, Paul Kelly escreveu para o jornal da universidade, Stanford Daily, criticando a fantasia mal feita e malcuidada.

Chris Hutson, a Tree original.
Fonte: Robby Beyers / twitter.com/DaStanfordTree

A banda lançou em resposta os “Tree Tryouts”, que aqui no Brasil seria a peneira da árvore. Só um probleminha, a seleção foi marcada para as 2 da manhã de 6ª feira para sábado. Claro que todo estudante sonha passar sua noite de sexta assim, não é? Obviamente, a peneira teve só um candidato, o próprio Paul Kelly. Resultado? Claro, Paul Kelly era a nova árvore, e tinha uma semana para criar uma fantasia nova.

Paul Kelly botou as mãos na massa e em uma semana surgia a nova tradição da árvore. A cada ano, a banda faz um processo de seleção, e o candidato escolhido precisa criar sua própria fantasia de árvore. Então, não só Tree não é o mascote oficial de Stanford, mas não é nem a mesma árvore todo ano.

Algumas das muitas árvores do passado, reunidas para um jogo em 2016.
Fonte: Alvaro Ponce

A árvore e suas polêmicas

De 87 para cá foram muitas confusões, ataques sofridos por estudantes rivais, árvore expulsa por estar bêbada durante um jogo, mas nada se compara a épica luta entre Tree e Oski, mascote de Berkley. A qualidade do vídeo é ruim por causa da idade, mas a luta permanece na memória.

Uma luta de deixar qualquer UFC com inveja.

É difícil descrever essa adorável, estranha, divertida, esquisita, alegre, maluca… árvore! Um dos mascotes mais inusitados de todos os esportes, que já foi votado para diversas listas, tanto dos melhores como dos piores mascotes da história. E vocês, “aumigos”, o que acharam? Conte para nós e se tiver idéias de mais mascotes para falarmos, deixe sua sugestão!

Au! Woof!

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