Sobre cães e mascotes #29: San Diego Padres

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“Au au au”! Tô de volta meus “aumigos”. Depois da minha parça, Jessie, vir com a história do Goleo e sua bola falante, hoje eu vou cutucar o meu “papai”. Sim! O “tio” Fernandão vive falando que por trás de toda a carcaça preta e laranja do “papai” existe mesmo um coração pintado de “café e ouro”. Então, aproveitando que esse segundo time do “papai” chegou na pós-temporada da MLB (depois de 13 temporadas), vamos logo falar do Swinging Friar.

Esse frade aí de cima é mais uma das belas coisas que, segundo o “papai”, podemos ver em San Diego. A America’s Finest City, ou então, “Melhor cidade da América”, como San Diego é conhecida, já teve time de basquete, time de futebol americano e até time de hóquei no gelo. Pois é, mas esse assunto fica pra outro dia, até porque ninguém mais está por lá e a cidade tem a sua maior identidade no baseball mesmo.

O mascote do San Diego Padres.
Fonte: Twitter do mascote

San Diego Padres

Os Padres não são nem de longe um grande nome da MLB; a verdade é que eles sempre foram motivo de muitas piadas. Fundada em 1969, até hoje a franquia só ganhou sua divisão (a NL Oeste) por cinco vezes, e a Liga Nacional por duas. Dessas duas vezes que acabou chegando na World Series, tomou 4-1 dos Tigers em 1984 e 4-0 dos Yankees em 1998. Mas a triste história dos Padres não para por ai.

A franquia de San Diego é a única na MLB que nunca teve um no-hitter… a favor. Pois é, a única! Motivos não faltam para podermos comparar o time do “papai” no futebol, com o segundo time dele na MLB. Bom, talvez até exista uma ligeira vantagem para a Lusinha. A “draga” dos Friars (como o time também é conhecido) é tão grande, que até quando um jogador faz história, com um recorde espetacular, aparece um extraterrestre para roubá-lo.

Começando pelo começo

Bom, indo para o que me compete, vamos falar sobre o mascote. O “Frade Swingador” é mascote dos Padres desde 1958, quando o time ainda nem era membro da MLB, mas sim da Pacific Coast League, uma minor league. Para explicar o nome dele, precisamos voltar um pouquinho no tempo. Apesar da fundação do time remeter a 1969, o San Diego Padres existe desde 1936!

Sim, o time da Pacific Coast League (PCL) chamava San Diego Padres e em 1937, liderado por Ted Williams (sim, ele mesmo, que é nativo de San Diego), levou o título da PCL. O nome do time é uma singela homenagem aos frades franciscanos espanhóis que fundaram em 1769 a Missión San Diego de Alcalá, em torno da qual a cidade de San Diego começou a surgir no século XVIII.

Já a criação do mascote é de responsabilidade de Carlos Hadaway, um aluno de 19 anos da San Diego High School. O esboço do que seria o mascote foi enviado para Eddie Leishman, o primeiro general manager da história do San Diego Padres. Obviamente que uma figura tão simpática como esse “Frade Swingador” não seria ignorada. A história conta que Carlos recebeu uma remuneração pela criação do mascote, mas ele também confirmou em entrevistas que não fez isso por dinheiro, afinal, a mascote pertence “aos fãs de San Diego”.

Bring Back the "Swinging Friar" Logo | East Village Times
Fonte: East Village Times

Bom, o Swinging Friar sempre fez parte dos Padres e até 1984 também fazia parte do logo do time e do uniforme. No entanto, depois da derrota na World Series em 1984, os donos resolvem dar uma imagem mais profissional à franquia e escolheram um logo que fosse mais “corporativo”. Talvez não tenha dado muito certo. Tanto que em 1996, resolveram trazer o Swinging Friar de volta, como um patch nas mangas.

The Swinging Friar

Nos primórdios, o Swinging Friar era representado por um homem real que vestia uma roupa de frade. Mas recentemente as coisas mudaram. Hoje ele é como um personagem de desenho animado; gordinho, com seu corte de cabelo “singular” (tonsura) e um belo sorriso no rosto. Uma completa “caricatura” de um frade franciscano, ele sempre está vestindo suas sandálias, um manto escuro com capuz e uma corda na cintura.

Em jogos dos Padres você poderá assistir o Friar rebatendo bolinhas, mas sempre com seu estilo único, afinal, ele vai pro home plate com as suas sandálias mesmo. Outra incumbência dele é carregar a bandeira do time e tocar o sino durante o jogo. Isso mesmo, lá no Petco Park existe um sino de verdade, chamado Mission Bell. Se os Padres ganham, o Friar toca o sino três vezes. Infelizmente o “papai” foi duas vezes lá e não ouviu o sino ser tocado em nenhuma delas.

Uma lenda do mascote é que ele é ambidestro, afinal, entra ano, sai ano, ele aparece rebatendo ora com a mão esquerda, ora com a mão direita. Por muito tempo também teve muita gente acreditando que o Swinging Friar fosse um dos rebatedores do time que ficavam se revezando na fantasia. Mas me parece meio maluco isso. Além das rebatidas, aos domingos, nos jogos que são em casa, o Friar usa um manto especial, totalmente camuflado, com o intuito de homenagear o passado militar de San Diego.

Frade militar?

A relação de San Diego com os militares já existe tem muito tempo. Enquanto caças sobrevoam o céu de San Diego, enormes porta-aviões adornam o cais do porto, navios de guerra abrem caminho no horizonte e os SEALS (a força de operações especiais da Marinha Americana) treinam nas praias. Ok, essa é uma frase bem roteirizada pelo “papai”, afinal, a “mamãe” nunca contou nada disso.

San Diego tem uma ligação muito forte com os militares e o San Diego Padres não deixa de lembrar todo "santo domingo".
Fonte: Marines.mil

Ela só me conta de tarde adoráveis, parques gigantescos, um lindo pôr do sol e pessoas extremamente acolhedoras. Mas enfim, a ideia do papai é ilustrar a forte presença da marinha norte-americana na costa de San Diego, que remonte ao início de 1900.

No entanto, só depois da Primeira Guerra Mundial que San Diego se tornou um centro importante nos planos da Marinha para uma base na Costa Oeste. Década após década, a importância de San Diego começou a crescer muito e hoje a cidade é o ponto central da Marinha dos Estados Unidos. Tem mais histórias sobre isso, mas aí podemos deixar para o meu “tio palestrinha” contar algum dia desses.

O que vem por aí

Enfim, mesmo com uma grande história e com todo o carinho que os torcedores dos Padres tem por seu mascote, sempre existe uma confusão. No passado muitos confundiram o The San Diego Chicken com o mascote dos Padres. Mesmo que esse mascote não tenha nenhuma ligação com o time e só tenha feito algumas aparições em eventos bem pontuais.

A história dessa confusão até que é interessante. Mas ficará para uma outra oportunidade. Por hoje fechamos aqui, com um sonoro… LET`S GO PADRES!

Au! Woof!

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