Sobre cães e mascotes #32: Tampa Bay Lightning

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O campeão da Conferência Leste da NHL, o Tampa Bay Lightning, disputou o título da Stanley Cup contra o campeão da Conferência Oeste, o Dallas Stars – que inclusive, o meu “papai”, o Dodô, disse que o Stars estava na competição a passeio, a vida tem dessas né “papai”? – e por quatro jogos a dois, o Lightning se sagrou campeão. Por conta desse feito “au”migos, resolvi trazer a história do iluminado Thunderbug!

Mas antes de começar, já viu último texto da minha “au”miga Baleia? Ela nos presenteou com mais uma história da série de mascotes olímpicos, só vai!

Tampa Bay Lightning

A NHL possuía um plano de expansão que estava em discussão no inicio da década de 80. Ele visava a inclusão de mais uma equipe e existiam dois projetos na época; um em Tampa, sob responsabilidade dos irmãos ex-atletas, Phil e Tony Esposito, e outro em St. Petersburg, liderado pelo dono da Compuware Peter Karmanos e o ex-jogador Jim Rutherford, que mais tarde comparariam o Hartford Whalers, atual Carolina Hurricanes. Os Espositos conseguiram a franquia em 1990 após conquistar o apoio financeiro de empresários japoneses. 

Phil e Tony Esposito
Crédito: nhl.com

Antes mesmo de falar sobre o mascote da vez, vale contar a breve história do Lightning na NHL. Finalmente Phil e Tony Esposito viram sua equipe ingressar na liga em 1992, debutando de forma brilhante, vencendo Chicago por incríveis 7 a 3. Apesar de terminar a temporada de forma nada brilhante, havia alí um inicio promissor.

Trajetória

Apenas três anos depois, já na temporada 95/96, a equipe conquistou seu primeiro título de divisão, posteriormente sendo derrotados na final da Conferência Leste, quando enfrentou o New Jersey Devils. Um desempenho formidável para uma equipe tão jovem, em uma liga extremamente disputada.

Passados 12 anos, e apenas três anos após perder 50 jogos na temporada 2000-2001, o primeiro titulo da Stanley Cup veio. Na temporada 2003-04, em uma final duríssima, que foi até o jogo sete, o Lightning foi campeão após um 2 a 1 contra o Calgary Flames. Ruslan Fedotenko, left wing do Lightning, marcou os dois gols dessa daquela vitória, além de Brad Richards center do Lightning, ganhar o troféu Conn Smythe (MVP dos Playoffs).

E agora chegando ao ano de 2020, com mais um título de Stanley Cup para a conta. Foi uma série que contou com uma das zebras das finais, um time que teve uma campanha fortíssima – mesmo com o “papai” tentando secar – o Stars deu trabalho no final de temporada, e tornou ainda mais grandiosa a vitória de Tampa Bay. Parabéns – atrasada claro – pelo título Tampa Bay Lightning!

Thunderbug

Tampa está localizada na costa oeste do estado da Flórida, e é conhecida como a “Capital do Relâmpago” na América do Norte. Phil Esposito chegou ao nome “Lightning” (“Relâmpago”) ao presenciar uma tempestade de raios, e daí vem o nome do time.

Com um apelido imponente, seu mascote seguiu os mesmos passos, nasceu então o Thunderbug. Além do nome sugestivo, a escolha também tem a ver com um inseto, que é uma especie de percevejo, normalmente encontrado em regiões predominantemente rurais/agricolas, chamado de “Mosca do Trovão” ou “Praga do Trovão”. Temos então, a figura de um inseto gigante, vestindo o uniforme do Lightning.

Thunderbug
Crédito: twitter.com (@ThunderBugTBL)

O inseto do relâmpago nasceu no ano em que o time ingressou na NHL, mais precisamente em outubro de 1992. Desde então ele acompanha a equipe em todos os jogos, veste a camisa de número #00 e toca seu tambor enquanto anda pela arquibancada imitando o som de um trovão, conduzindo o ritmo dos gritos da torcida. Além disso, antes de cada jogo em casa, utilizando o seu tambor, ele acompanha a música “Thunderstruck” do AC/DC, que já se tornou um ritual sagrado do pré-jogo.

Thunderbug é figura relevante dentro e fora do rinque, mas também tem papel importante na comunidade de Tampa, realizando algumas apresentações, participando de festas infantis e eventos dos mais variados. Um dos projetos de destaque, conduzido pelo Thunderbug, é o “Thunderbug’s Kids Club”, que consiste em pacotes de torcedor para crianças com diversos itens personalizados e possui vários níveis para assinatura. É algo que incentiva cada vez mais as crianças a comparecerem aos jogos em casa.

Kelly Frank

Talvez você não saiba, mas o Thunderbug foi conduzido por muito tempo por Kelly Frank, que além dele já foi responsável por dar vida ao Raymond, mascote do Tampa Bay Rays – equipe da MLB, que inclusive está disputando a World Series 2020 –  por cinco anos. Além dessa curiosidade, existem outras. Kelly também também protagonizou mascotes das minor leagues da MLB e foi o mascote da Universidade do Centro da Flórida, como “Golden Knight”

Kelly Frank
Crédito: amazing-mascots.com

Segundo palavras da própria Kelly Frank, ser um mascote, vai muito além de simplesmente vestir um uniforme ou uma fantasia qualquer.

“Ser mascote é um ofício, uma arte, e a ordem é esta: Conheça a multidão. Não posso simplesmente deixá-los sentar lá. Divirta-os. Leia-os. Sinta-os.”

“Durante um intervalo dentro do Tampa Bay Times Forum, dentro do vestiário do mascote, dentro da fantasia do ThunderBug, pensando comigo mesma: Aquela multidão lá fora. Muito intenso”.

Fim de uma história

Mas nem tudo são flores, infelizmente a vida como Thunderbug não foi tão longa quanto ela gostaria, em Janeiro de 2012, durante um jogo do Lightning contra o Boston Bruins, um torcedor do Bruins estava na arquibancada incentivando sua equipe, gritando algo como “Stanley Cup” de forma repetida.

Então, nesse momento, o Thunderbug se aproximou do homem, e utilizou sua já tradicional arma, o “Silly String” – um spray, muito utilizado no carnaval, aqui no Brasil, que lança um resíduo viscoso, parecido com uma teia de aranha – nesse momento, o homem se irritou, empurrou o Thunderbug que foi projetado ao chão.

Thunderbug vs. Bruins fan
Crédito: Canal youtube.com/droptheglovesdotnet
Crédito: CBS Boston

Após esse acontecimento infeliz, Kelly Frank foi dispensada da função de mascote, o que foi facilitado pois ela não era funcionária fixa do Lightning.

O caso repercutiu, como era de se esperar, diversas páginas que cobriam o trabalho dos mascotes na época, saíram em defesa dela, reforçando o fato de que todos os mascotes possuíam o mesmo comportamento, e que tudo não passou de uma brincadeira, era apenas “Silly String”.

Mas para sorte dos fãs do Lightning, o Thunderbug continua com sua essência, e manteve as características criadas pelo Kelly Frank, que além de ser brilhante, ainda presenteou a torcida com uma das grandes figuras da liga. 

Au! Woof!

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