Woof, woof, “aumigos”! Depois de tanto tempo falando de mascotes americanos, estou aprendendo até a latir em inglês! Pois é, apesar da decendência britânica, eu tinha essa deficiência, afinal nasci no Brasil e eu sei latir em português mesmo.
Enfim, quem está de volta pra bater um papo comigo essa semana é meu “tio” Henriquetta. Ele prometeu que um dia contará histórias dos mascotinhos do Canadá também, mas por enquanto ainda existem muitos mascotes universitários para falarmos. Hoje, nós vamos até Oklahoma!
Dessa vez, o mascote não é um cachorro, não é um animal, não é nem um ser vivo! A graça do mascote não é nenhuma maluquice que ele faz, e sim como ele surgiu. Esse aí promete fazer a árvore de Stanford parecer normal. Mas que mascote é esse? Calma, continue lendo que você vai descobrir.
Sooner Schooner, uma aula de história
Antes de mais nada, a gente precisa explicar o que são Sooners, afinal esse é o nome inclusive das equipes esportivas da Universidade de Oklahoma, os Oklahoma Sooners. A Guerra de Secessão americana se encerrou em 1865, quando o Norte derrotou o Sul e consolidou os Estados Unidos como conhecemos hoje.
Após o seu fim, com os estados do leste superpovoados, o interesse dos americanos por se espalhar e ocupar mais terras no interior do país aumentou de novo. A famosa “corrida do ouro” da Califórnia já tinha ocorrido décadas antes, mas ainda existiam muitas terras “desocupadas” nesse miolo dos EUA.
Bem, “desocupadas” porque muitas delas eram habitadas por povos indígenas, mas sabemos bem que isso nunca foi problema na América, né? Por muito tempo, o governo americano realocou diversas tribos indígenas para os chamados Territórios Indígenas, que ficavam nessa parte “não habitada” do meio do país.
A corrida pela terra
Com o interesse crescente da população, decidiram então abrir partes dos Territórios Indígenas para outras pessoas se assentarem. A terra seria delas desde que vivessem lá e cuidassem do local. E a primeira dessas novas áreas foi justamente no atual estado do Oklahoma!
Mas e aí, como dividir a terra entre tanta gente que queria? Problemão, né? A solução foi literalmente organizar uma corrida. Ao meio-dia de 22 de abril de 1889, aquele pedaço gigante de terra seria aberto para a corrida. Com cerca de 50 mil pessoas alinhadas em volta dos 8.000 quilômetros quadrados, foi dada a partida e a corrida começou! Quem chegasse e tomasse posse de um terreno primeiro, seria o dono.
Os Sooners
Só que tinha gente por lá que já estava familiarizada com o nosso “jeitinho brasileiro”. Entre funcionários do governo que prepararam a terra antes, trabalhadores de ferrovias e alguns malandros bastante espertos, uma boa quantidade de gente entrou escondida nas terras antes da hora permitida. Ficaram lá escondidos por horas… dias… semanas… Who knows? Tudo para garantir seu pedaço de terra.
E aí, lógico, quando começou a corrida oficial, esses foram os primeiros a chegar! Como apesar de regulamentada, essa corrida tinha um quê de vale tudo, os malandrinhos ficaram por lá. E passaram a ser chamados de “Sooners”, que vem da palavra Soon, “cedo” em inglês.
Mas e a Schooner?
Essa corrida pela terra não podia ser a pé! Afinal todos queriam chegar lá o mais rápido possível e também levar suas coisas para a nova terra. Com isso, eles iam em cavalos, charretes e também grandes carroças que serviam quase como casas ambulantes. Essas carroças eram apelidadas de… Prairie Schooners (escunas das pradarias).
Mas aí você me pergunta de novo: Jessie, e o mascote? O que fizeram para homenagear os malandros e suas carroças? Sim, é isso mesmo que você está pensando. Com toda sua criatividade, a Universidade de Oklahoma decidiu que seu mascote seria…
Em 1964, a carroça fez sua primeira aparição num jogo de futebol americano. Apenas em 1980, a Sooner Schooner se tornou o mascote oficial de Oklahoma, mas a tradição já estava estabelecida
Tradições e incidentes
Não há muito o que se contar sobre a vida de uma carroça, mas tem participação marcante em todos os jogos. Após cada touchdown, a Schooner entra em campo para celebrar, puxada por Boomer e Sooner, os dois cavalos que você viu na foto ali em cima.
Mas é lógico que mais de 50 anos de carroça em campo tinham que causar alguns fatos inusitados! O primeiro e mais famoso se deu no Orange Bowl de 1985, quando a Schooner entrou em campo para comemorar um field goal. O problema é que teve uma falta na jogada, logo o chute não valeu, e para piorar, ela quase atolou no campo enlameado de chuva e demorou a fazer a volta e sair de campo. Além do vexame, foram mais 15 jardas de falta por conduta antidesportiva… DA CARROÇA!!!
Tivemos também alguns ligeiros tropeços; e quando uma carroça tropeça, é chão! Foram duas, DUAS, vezes; durante a comemoração, o condutor deve ter se empolgado, fez a curva rápido demais e o resto você pode ver na imagem abaixo. Acho que precisam criar uma nova carteira de motorista para piloto de carroça.
Por fim, precisamos ser justos. Por mais maluca que seja a idéia de uma carroça como mascote, por mais engraçados que sejam essas confusões, deve ser muito legal comemorar um touchdown do seu time vendo uma carroça cruzar o campo! Não é, “tio” Rafic?
Au! Woof!